Os acionistas da Toyota estão preocupados que Akio Toyoda possa prejudicar o futuro da empresa ao criticar as proibições de carros com motores de combustão no Japão. O CEO da empresa - que também é chefe da JAMA (Associação dos Fabricantes de Automóveis Japoneses) - alertou que o país pode "perder seus pontos fortes" se continuar planejando interromper as vendas desses veículos.
Toyoda disse isso durante uma reunião do JAMA e como chefe da associação. No entanto, isso não significa que a fala seja em nome de sua empresa, mas sim em nome de todos os fabricantes da associação, o que é um diferencial importante. Ele pode estar defendendo as empresas que ainda não podem fazer a transição energética, ainda que a Toyota esteja se preparando para isso.
De acordo com o executivo, o Japão deve "expandir suas opções de tecnologia" e "regulamentações e legislação devem vir depois". Como um país que exporta a maior parte do que sua indústria automotiva produz, essa é uma posição interessante, com repercussões que devemos acompanhar de perto. O Japão poderia interromper as vendas internas de carros a combustão e permitir que os fabricantes continuassem a exportá-los, por exemplo.
Os cinco acionistas com os quais a Reuters conversou podem não ter percebido que Toyoda estava falando como chefe do JAMA e não estão felizes com seus comentários. A AkademikerPension, Storebrand Asset Management, Nordea Asset Management, KLP e o Conselho de Pensões da Igreja da Inglaterra temem que Toyoda "não pareça perceber o que está em jogo aqui".
Além do Conselho de Pensões da Igreja da Inglaterra, todos os outros investidores vêm de países nórdicos - dois da Dinamarca e dois da Noruega, que é notória pela adoção de veículos elétricos. Eles podem pensar que outros países vão adotar carros elétricos no mesmo ritmo, o que pode matar veículos com motor de combustão mais cedo do que o esperado, matando empresas que não podem mais vendê-los.
A verdade é que isso só pode acontecer se os preços das baterias caírem a ponto de tornar os carros elétricos mais acessíveis do que os veículos a combustão. Como exportadora, a Toyota pode adotar veículos elétricos em países que proíbem motores de combustão e continuar produzindo-os para países que não têm tais restrições - a maioria dos países em desenvolvimento ou pobres.
Akio Toyoda não é um entusiasta de veículos elétricos e ele deixou isso claro mais de uma vez. Ironicamente, seus comentários sobre o assunto não eram apenas uma questão de preferências pessoais, mas também uma preocupação com a sobrevivência de sua empresa.
Se a Toyota não for capaz de ganhar dinheiro com veículos com motor de combustão, terá de fazê-lo com carros elétricos. As empresas ainda estão lutando para fazer isso, como até mesmo os resultados do trimestre da Tesla no preto revelam: sem créditos regulatórios, eles não aconteceriam. O caso da Volkswagen com o ID.4 nos EUA também acende uma luz amarela sobre isso.
Nesse sentido, cabe perguntar quem está mais preocupado com o futuro da empresa: Akio Toyoda ou os acionistas. O que também precisamos perguntar é se o futuro da Toyota pode incluir mobilidade limpa de forma sustentável. Quem responder sim a essa pergunta agradará aos acionistas e também às pessoas que se preocupam com o meio ambiente.
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