Carros elétricos e energia solar: a independência energética do Brasil
CEO da NeoCharge fala dos benefícios ambientais do uso de energia fotovoltaica e do aumento da frota de veículos elétricos
De acordo com dados da Agência Internacional de Energia (IEA), o Brasil já se encontra entre os 20 países com maior capacidade instalada de energia solar do mundo. A procura por sistemas fotovoltaicos tem sido crescente, assim como em relação aos carros elétricos e híbridos, que em abril de 2022 já eram mais de 90.000 em circulação no país.
Os benefícios ambientais do uso de energias renováveis como a fotovoltaica e do aumento da frota de veículos elétricos que emitem menos gases poluentes, já são conhecidos dos brasileiros. Diogo Seixas, CEO da NeoCharge, acrescenta que é possível unir a energia solar à recarga de carros elétricos e, assim, chegar a outro aspecto relevante: a independência energética.
No caso dos VEs, um dos principais ganhos está relacionado ao custo de abastecimento, muito menor do que no caso dos veículos a gasolina, especialmente em meio à alta do preço do petróleo em todo o mundo, conforme explica o executivo.
“Com um cálculo simples, é possível comprovar que o quilômetro rodado com energia elétrica é mais barato para um automóvel: o gasto médio anual para abastecer com gasolina (rodando 15.000 km por ano, com um consumo hipotético de 10 km/L e preço de R$ 7,50/L) é de R$ 11.250. Já o gasto médio para abastecer com eletricidade (considerando a mesma quilometragem rodada, em um consumo hipotético de 8 km/kWh e preço de R$ 0,80/kWh) é de R$ 1.500 por ano. Uma economia de 87%, ou R$ 9.750”, calcula Seixas.
A economia é expressiva para quem não tem energia solar em casa, mas pode ser ainda maior para quem gera energia elétrica com um gerador solar fotovoltaico. “Esse mesmo carro elétrico, rodando 15.000 km por ano e recarregado com energia solar a um custo aproximado de R$ 0,10/kWh, teria um gasto médio de R$ 190 por ano. Uma economia de 98%, ou R$ 11.060”, exemplifica.
Carro elétrico + casa solar
Os benefícios também se estendem a quem gera a própria energia solar para uso doméstico, prática conhecida como geração distribuída (GD). Esse tipo de geração representa economia na conta de luz e pode proporcionar também o armazenamento de energia em baterias como backup, possibilitando que uma casa tenha eletricidade mesmo se houver queda de luz em sua região.
É possível fazer ainda mais pela autossuficiência, produzindo energia solar para alimentar a casa e até para abastecer um carro elétrico. “Com os painéis solares, pode-se evitar parcialmente, ou até totalmente, a dependência da energia elétrica distribuída pela rede tradicional. O sistema também é capaz de carregar VEs, dispensando o uso de combustíveis fósseis. Faço isso na minha casa e sou prova viva de que é possível ter independência energética total”, pontua.
Seixas cita como exemplo uma família que consome 250 kWh/mês com energia elétrica em casa e 150 kWh/mês para recarregar o carro elétrico. “A aquisição do gerador solar fotovoltaico custaria, em média, R$ 15.000, enquanto a compra de um carro elétrico novo seria cerca de R$ 65.000 mais cara que a de um carro similar a combustão (R$ 143.000 versus R$ 78.000, em uma comparação de veículos urbanos compactos). Ou seja, essa família teria de fazer um investimento total de R$ 80.000 para iniciar o projeto”, comenta.
De acordo com ele, somente com o gerador solar, a economia para essa família seria de R$ 3.750 no primeiro ano, na comparação com as despesas energéticas tradicionais. Isso, somado à economia de R$ 9.750 no primeiro ano com combustível no uso do veículo elétrico, garantiria uma redução de R$ 13.500 no orçamento no fim do primeiro ano.
“Em um cenário realista de inflação para o preço dos combustíveis e da energia, o investimento de R$ 80.000 na instalação de painéis fotovoltaicos e na aquisição de um carro elétrico já seria recuperado em cerca de 4 anos. A partir daí, a família alcançaria economias cada vez maiores e a tão sonhada independência energética”, finaliza o executivo.
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