A abertura de uma investigação contra os subsídios para carros elétricos chineses vendidos na Europa gerou uma reação do governo chinês, que taxou a medida de "protecionismo puro" e alertou sobre desgaste nas relações econômicas e comerciais entre a União Europeia e a China.
Após Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia, ter anunciado que haverá uma investigação formal contra os subsídios da potência asiática, o Ministério do Comércio da China publicou um comunicado na quinta-feira (15) criticando a medida:
"é um ato protecionista puro e simples que perturbará e distorcerá seriamente a indústria automotiva global e a cadeia de suprimentos, incluindo a UE, e terá um impacto negativo nas relações econômicas e comerciais entre a China e a UE"
"A China prestará muita atenção às tendências protecionistas da UE e às ações de acompanhamento, e protegerá firmemente os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas"
Na quarta-feira (13), Ursula anunciou a investigação, acusando a China de inundar os mercados globais com carros elétricos que tinham preços artificialmente baixos devido aos enormes subsídios estatais.
"Seu preço é mantido artificialmente baixo por meio de enormes subsídios estatais. Isso está distorcendo nosso mercado", disse Ursula von der Leyen, em seu discurso anual ao Parlamento Europeu.
Essa investigação pode levar a uma revisão nas tarifas de importação para carros elétricos "Made in China", que podem subir para até 27,5%, mesma alíquota já praticada pelos Estados Unidos, disse uma pessoa familiarizada com o assunto à Bloomberg.
Os fabricantes europeus enfrentam cada vez mais dificuldades para competir com as montadoras chinesas em seus países de origem. Por outro lado, a China tem muitos fabricantes de veículos elétricos apoiados por incentivos governamentais para a indústria e consumidores.
Quando a UE anunciou a investigação, analistas de mercado alertaram que isso poderia desencadear ações de retaliação por parte de Pequim.
Os analistas do Eurasian Group alertaram que, caso Bruxelas acabe cobrando taxas contra os veículos elétricos chineses subsidiados, Pequim provavelmente imporá contramedidas para prejudicar as indústrias europeias. De outro lado, as empresas chinesas sustentam que seus preços baixos se devem ao menor custo de produção e escala.
Também existe a leitura de que a investigação poderia desacelerar a expansão da capacidade dos fornecedores de baterias da China, mas ainda assim eles poderiam se voltar para outros mercados do Sudeste Asiático, que passam por forte expansão no mercado de carros elétricos.
No Brasil, um movimento semelhante acontece, ainda que de caráter menos agressivo. A Anfavea, que represente os fabricantes automotivos locais, defende a cobrança de imposto de importação de 35% para os carros elétricos importados na China, sobretudo de marcas como GWM e BYD, que enxerga como ameaça às montadoras locais. No entanto, a participação de mercado dos totalmente elétricos por aqui é de apenas 0,5%.
Fonte: Automotive News China
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