A Voltz Motors, uma startup de veículos elétricos, surgiu como um novo e promissor concorrente no mercado. A empresa começou a ganhar destaque durante a pandemia com suas scooters e motos elétricas adotando um modelo de vendas 100% online, crescendo rapidamente e chegando ao top 10 do segmento duas rodas.
Uma reportagem recente da NeoFeed resgatou a trajetória meteórica da Voltz e os desafios que foram surgindo ao longo do caminho, a ponto de colocar o futuro da empresa pernambucana em xeque.
Apelidada de "Tesla brasileira" e atraindo um investimento significativo de R$ 100 milhões da Creditas e do UVC, um fundo de corporate venture capital do grupo Ultra, a Voltz chegou a um momento crítico: em maio deste ano, uma ação de despejo de R$ 2,8 milhões na fábrica de Manaus (AM) se tornou um ponto de partida para uma série de problemas, incluindo atrasos crescentes nas entregas. Atualmente, a Voltz está envolvida em vários processos judiciais.
O NeoFeed conversou com ex-parceiros da Voltz, que mantinham showrooms da marca, para entender como a empresa chegou a esse ponto delicado. Também conversaram com Renato Villar, fundador e CEO da startup, para discutir os caminhos que estão sendo explorados para reverter essa situação.
Villar reconhece que o rápido crescimento da empresa foi, em parte, um de seus maiores erros. Ele afirmou:
"Fizemos um grande trabalho em lançar a marca e expandir um negócio que não é simples. Mas nosso maior erro talvez tenha sido crescer tão rapidamente. Em três anos, passamos de 100 para 2,4 mil motos, e de uma equipe de 40 para 400 pessoas."
Um dos ex-parceiros, localizado no interior de São Paulo, afirmou: "A Voltz vendeu muito bem a ideia para clientes e parceiros, mas o amadorismo falou mais alto. Eles quiseram abraçar o mundo, escalar muito rápido e deram um passo maior do que a perna. Acabaram perdendo o controle e arruinaram a empresa."
Além de afetar os consumidores, com atrasos constantes e entregas não concluídas, os problemas da Voltz incluem o não cumprimento de acordo de pagamento com muitos parceiros, incluindo comissões não pagas pelas vendas efetuadas. Um dos ex-parceiros comentou: "Eu não sei com quem falar. Todos os meus contatos saíram da empresa."
Os problemas são complexos e há algumas alternativas para reverter o quadro. Segundo Villar, uma das possibilidades seria "uma parceria com um player global de carros elétricos, que envolveria, inicialmente, transferência de tecnologias entre as duas empresas. E que pode prever, em uma etapa posterior, que a operação da fábrica seja assumida por essa companhia."
A Voltz trabalha com um sistema onde os showrooms dão visibilidade à marca e permitem que os clientes conheçam as motos e scooters elétricas, a linha com os modelos EV1 Sport, EVS e EVS Work com preços que variam entre R$ 15,9 mil e R$ 24,9 mil. No auge, a Voltz chegou a ter pouco mais de 70 lojas, entre próprias e de terceiros, mas atualmente opera com 51 unidades. Além disso, o número de parceiros diminuiu de 50 para aproximadamente 30.
Os problemas na alfândega e para escalar a produção em Manaus, atingiram severamente o negócio, derrubando o número de emplacamentos da Voltz. De janeiro a setembro desse ano, foram vendidas 1.629 motos, uma queda de 55,6% sobre o mesmo período de 2022, segundo a Fenabrave. Se no auge a empresa havia chegado ao top 5, agora ocupa apenas o 13º lugar nas vendas, com uma participação ínfima de 0,14% do mercado.
Fonte: NeoFeed
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