Antes de ser uma fabricante de carros, a BYD se identifica como uma empresa de tecnologia. Afinal, ela nasceu fabricando baterias. Então o foco em outras áreas além da automotiva é muito grande e isso é visto como uma oportunidade de criar disrupções na indústria. Um exemplo é a sua nova arquitetura, batizada como Xuanji, trazendo avanços significativos e até impensáveis para um veículo.
Imagine um carro que tem um sistema eletrônico tão avançado que permite substituir algumas partes mecânicas do veículo. Isto é apenas um dos atributos da Xuanji (que significa “imediatamente” em chinês). A plataforma utiliza um superprocessador, de 4 ou 6 nm, criado internamente. Ele controla duas IA, um no próprio carro e outro na núvem. Por sua vez as IA funcionam em três redes de comunicação com outros veículos (IoV), com satélites e com 5G.
Tudo isso foi feito para chegar em quatro pontos em que a tecnologia pode atuar. Uma delas é a mecânica, com o sistema eletrônico atuando em alguns pontos como freios, direção e potência. A BYD trata como uma redundância, atuando em uma emergência.
Para demonstrar o que quer dizer, a fabricante fez uma apresentação na China para clientes, concessionários e imprensa, com um Yangwang U8 depenado de boa parte da carroceria e também da coluna de direção, discos e pinças de freios. Ainda assim, pudemos dirigir o carro em um slalom e realizando uma frenagem. É possível fazer manobras a até 60 km/h e com um desvio de até 3% em relação ao volante. Tudo feito por comandos eletrônicos.
Para a frenagem, a ordem vinda dos pedais faz com que os motores elétricos forcem a parada, gerando até 1G negativo.
Outro ponto-chave da tecnologia está nos seus "sentidos". Com até três radares laser LiDAR, câmeras de 360º e a velocidade de processamento, o carro tem uma percepção ao seu redor de 99,9%, reduzindo a distância mínima de detecção para 5 centímetros. É tão preciso que, usando o modo autônomo, o U8 de demonstração consegue passar entre duas barreiras com apenas 10 cm de distância de cada lado.
Esta tecnologia ajudou no assistente de voz, algo cada vez mais comum e desejado na China. Hoje, muitos dos veículos no país já contam com comandos por voz com uma boa precisão e a BYD promete ser a referência, com respostas em 300 ms. Consegue até reconhecer uma voz em quatro áreas dentro do veículo, identificar dialetos diferentes e realizar até 12 comandos em ordem de uma vez só.
A Xuanji adota um sistema de tração chamado e4, com um motor elétrico em cada roda, que podem ser acionados de forma independente. Uma das demonstracões foi com o U8, capaz de girar no próprio eixo para entrar em uma vaga paralela ou mudar a direção completamente.
A BYD trabalha até em novas formas de entrar em um carro, como usando o celular como chave via NFC sem internet (resolvendo uma dor de cabeça dos donos de Tesla) e até por biometria, aproximando a mão da porta. Ainda está em desenvolvimento, só que a empresa diz que atingiu uma taxa de falhas aceitável de 1 em 1 milhão.
Hoje, esta tecnologia está restrita aos carros da linha Yangwang, formada pelo SUV U8 e o superesportivo elétrico U9. Só que a BYD deixa claro que vai levá-la para mais modelos no futuro.
Por isso, vai demorar um pouco para ver esta tecnologia de fato no Brasil. Fontes ligadas à BYD revelam que o Yangwang U8 desembarcará no país ainda em 2024, porém com só algumas unidades para clínicas e demonstrações. Mas a empresa quer vendê-lo, pois os concessionários estão encantados com o SUV.
A BYD confirmou o lançamento do novíssimo BYD Yangwang U8 no Brasil. O SUV de luxo da submarca de luxo foi apresentado recentemente ostentando um trem de força com motores elétricos nas quatro rodas, suspensão ativa e várias tecnologias de vanguarda.
O anúncio foi uma surpresa, afinal, o SUV da nova marca premium Yangwang ainda está em fase de pré-venda na China e teve início de produção recentemente.
Revelado ao público no Salão de Xangai, o BYD Yangwang U8, surpreendentemente, não é um EV puro, mas um EREV (Extended Range Electric Vehicle) com um motor a combustão 2.0 litros que serve como gerador de energia e não impulsiona as rodas e uma bateria de 49,05 kWh suficiente para uma autonomia CLTC de 180 km. Com um tanque de 75 litros cheio e bateria carregada, a autonomia total é de 1.000 km.
Por Nicolas Tavares, de Shenzhen (China)
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