O mercado global de veículos elétricos (VE) está esquentando e as tensões estão aumentando entre os Estados Unidos e a China, as duas maiores economias do mundo. E no meio do fogo cruzado está o México, um grande produtor de automóveis com laços estreitos com ambos os países.
Segundo informado pela Reuters, em janeiro de 2024 autoridades mexicanas se reuniram com executivos da BYD, uma das maiores montadoras de veículos elétricos do mundo. Na ocasião, o governo mexicano deixou claro que não concederia incentivos à BYD, como terrenos públicas de baixo custo ou cortes de impostos para investimentos em produção de EVs. Além disso, as autoridades mexicanas suspenderam futuras reuniões com montadoras chinesas.
A Casa Branca, por sua vez, expressou preocupação com a possibilidade de montadoras chinesas inundarem o mercado americano com veículos que representem uma ameaça à segurança nacional. O presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que não permitirá tal situação.
As montadoras, sindicatos e políticos estadunidenses estão cada vez mais preocupados com o fato de as empresas chinesas de veículos elétricos, como BYD, SAIC, Geely, Chery e JAC, planejarem usar o México como porta dos fundos para contornar as pesadas tarifas dos EUA (atualmente de 27,5%) e inundar o mercado norte-americano com carros elétricos baratos. A representante comercial dos EUA, Katherine Tai, enfatizou a necessidade de uma "ação decisiva" para proteger os veículos elétricos americanos da concorrência chinesa subsidiada.
Para evitar esse cenário, o governo dos EUA, especificamente o Escritório do Representante Comercial dos Estados Unidos (USTR), está pressionando o México a suspender os incentivos aos fabricantes chineses de veículos elétricos. O USTR argumenta que o USMCA (Acordo Estados Unidos-México-Canadá) não deve ser uma "porta dos fundos" para a China acessar o mercado dos EUA sem as tarifas adequadas. Essa pressão teria começado em setembro de 2023, durante as negociações de alto nível entre os EUA e o México, e continuou em janeiro de 2024, em Toronto.
O México enfrenta uma situação difícil. Embora o investimento chinês possa beneficiar sua economia, o país também tem receio de "perturbar" os EUA, especialmente com a revisão do USMCA em 2026. As autoridades mexicanas temem que os EUA possam usar a "cláusula de caducidade" para alterar significativamente o acordo comercial de uma forma que coloque o México em desvantagem.
Apesar da falta de incentivos federais e da pressão dos EUA, as montadoras chinesas, como a BYD, continuam interessadas em estabelecer raízes no México. A BYD afirma que qualquer fábrica mexicana atenderia ao mercado local, mas o ceticismo do setor é abundante. Na ausência de apoio federal, a BYD está supostamente buscando incentivos dos estados mexicanos, que oferecem pacotes menos atraentes em comparação com as ofertas federais.
O resultado dessa situação terá um impacto significativo no mercado norte-americano de veículos elétricos. Aqui estão alguns cenários possíveis:
A rivalidade entre os EUA e a China no segmento de veículos elétricos está exercendo uma enorme pressão sobre o México. A decisão do país com relação aos incentivos chineses para veículos elétricos terá ramificações significativas para o avanço da mobilidade elétrica na América do Norte. Resta saber se o México conseguirá superar esse imenso desafio e traçar um caminho que beneficie seus próprios interesses econômicos, mantendo um relacionamento saudável com os EUA e a China.
Fonte: Reuters
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