A Volkswagen está prestes a fechar uma de suas fábricas na Europa pela primeira vez. A planta de Bruxelas, que produz o Audi Q8 E-Tron, está à venda após um desempenho insatisfatório nas vendas e problemas estruturais. Em 2023, foram entregues 23.900 veículos, muito abaixo da capacidade de 120 mil unidades anuais.

A Audi, subsidiária da Volkswagen, anunciou em setembro que busca encerrar a produção do SUV elétrico, cujo preço de 80 mil euros (R$ 490 mil) é inacessível para a maioria dos consumidores europeus. Apesar das tentativas da Volkswagen de encontrar investidores, nenhuma das 26 partes interessadas ofereceu soluções viáveis para o futuro da planta belga.

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Localizada em uma área que impossibilita a expansão, a fábrica também enfrenta desafios operacionais, como a falta de uma oficina de carrocerias no local, exigindo o fornecimento de componentes de outras unidades. A produção do sucessor do Q8 será transferida para o México, sem novos modelos previstos para Bruxelas.

O fechamento da fábrica afetará diretamente os 3.000 trabalhadores, levando a protestos organizados por sindicatos locais, que argumentam que a empresa alemã está focada em fechar a planta o mais rápido possível, sem considerar alternativas de menor impacto social.

Em meio a protestos, sindicatos destacam que o problema não é a falta de interesse do público pelos veículos elétricos, mas sim o foco dos fabricantes alemães em SUVs grandes e caros, inacessíveis para o público em geral. Visão que mostra a diferença de estratégia entre os fabricantes europeus e chineses de carros elétricos, com os últimos oferecendo cada vez mais opções acessíveis. 

Nesse cenário de desafios, o grupo automotivo alemão trabalha para mudar essa realidade, desenvolvendo novos projetos de carros elétricos em segmentos mais acessíveis, como o Volkswagen ID.2 e o ainda distante ID.1. No entanto, as marcas asiáticas estão mais adiantadas em termos de variedade do portfólio.

Com problemas também nos EUA, a Volkswagen suspendeu no mês passado a produção do SUV elétrico ID.4 em sua fábrica em Chattanooga, Tennessee. O motivo era encontrar uma solução para um mecanismo eletrônico defeituoso de abertura de portas, que pode fazer com que as portas se abram inesperadamente.