Oslo, a capital da Noruega, tornou-se a primeira cidade europeia a adotar uma frota de táxis exclusivamente elétrica, proibindo veículos movidos a combustão desde 1º de novembro. A medida, que integra a meta nacional de emissão zero, permite que apenas táxis BEV ou com células de combustível circulem, deixando de fora até mesmo os híbridos plug-in.
Em 2023, os veículos elétricos representaram impressionantes 88% das vendas na Noruega, consolidando o país (de apenas 5,5 milhões de habitantes, sendo 710 mil na capital) como líder mundial na transição para energia limpa. Há quatro anos, o governo norueguês vinha preparando o terreno para a mudança, e a implementação em Oslo marca um avanço importante. A exigência foi votada pela Câmara Municipal em setembro de 2020.
Táxis Nio em Hamburgo, Alemanha
Apesar do pedido dos taxistas para adiar a regulamentação até 2027, o conselho municipal manteve o cronograma, alegando o compromisso da Noruega com a sustentabilidade. Os profissionais do volante, por sua vez, preveem uma crise de táxis neste inverno (europeu) pois, segundo eles, não há estações de carregamento suficientes para toda a frota.
Os únicos táxis com motores a combustão autorizados a circular em Oslo são os que trazem passageiros de fora dos limites do município (na viagem de volta, eles têm permissão para levar clientes). A eletrificação da frota não é apenas um fenômeno da capital: de acordo com a Administração Norueguesa de Estradas, em 2023, todos os novos táxis em Bergen e Stavanger (segunda e terceira maiores cidades do país) já eram elétricos, enquanto em Trondheim o número chegava a 97%.
Táxi Nio EL6 numa estação de troca de baterias, na Noruega
Seguindo o exemplo norueguês, outras cidades estão planejando mudanças semelhantes. Em Xangai, por exemplo, autoridades já anunciaram que pretendem banir ônibus e táxis a combustão a partir de 2027.
A tendência se espalha na Europa: países como o Reino Unido oferecem subsídios para impulsionar a adoção de veículos elétricos. Em Londres, motoristas de aplicativos podem receber até 25.800 euros como incentivo, e a Uber já declarou a meta de operar uma frota 100% elétrica na capital britânica até 2025.
De olho na praça, a chinesa Nio firmou parceria com a Oslo Taxi, uma das maiores operadoras da Noruega, com uma frota de mais de 1.300 veículos (e o grupo tem outras empresas por toda a Escandinávia, com um total aproximado de 13 mil carros). Graças a um acordo fechado em agosto do ano passado, a Nio se tornou a principal fornecedora da companhia.
Para motoristas de táxi, o carregamento rápido de baterias tem implicações financeiras a curto e longo prazo. Além de demandar mais paradas durante a jornada de trabalho, o carregamento frequente pode reduzir a vida útil das baterias — e substituir um pacote de baterias de um Tesla, por exemplo, custa em torno de US$ 20 mil.
Oslo Taxi - Mercedes EQC
Em vez de ficarem parados na estação de recarga, os taxistas com carros da Nio poderão fazer trocas rápidas de baterias. Em cerca de seis minutos, será possível substituir uma bateria descarregada por outra “cheia”. Isso aumentará a produtividade dos motoristas, desde que a Nio consiga distribuir estações de troca de bateria por toda capital norueguesa.
Além de terem sempre uma bateria carregada à disposição, os carros da Nio poderão ser adquiridos sem o pacote de baterias: clientes que optarem por isso podem assinar o serviço “Bateria como Serviço”, permitindo trocas mediante uma taxa mensal. Clientes que comprarem carro e bateria juntos, por outro lado, não poderão utilizar as estações de troca de bateria.
Outro ponto positivo para a Oslo Taxi é que as baterias estarão sempre em boas condições de uso. Em caso de avaria, o motorista é instruído pelo aplicativo da Nio a se dirigir a uma estação de troca para substituir o componente.
Por enquanto, ainda não se sabe se a Nio oferecerá essas estações de troca de baterias exclusivamente para os motoristas profissionais ou se ampliará o benefício a todos os seus clientes. Em agosto de 2023, quando fez o acordo com a Oslo Taxi, a Nio já havia instalado cinco estações de troca na Noruega (na Europa inteira eram 25).
Os motoristas de táxi são uma excelente vitrine para novas marcas, já que identificam rapidamente custos de manutenção, eficiência energética e robustez dos modelos. Caso migrem em massa para a Nio, os taxistas noruegueses serão um bom indicativo de qualidade da marca chinesa (e sem custos de marketing…). Parcerias semelhantes podem ajudar a marca a expandir sua presença em todo o continente.
No entanto, parcerias assim também representam riscos à reputação, como ocorreu com a Tesla: no fim de 2020, a BIOS-Groep, empresa de táxi de Amsterdã, processou a companhia de Elon Musk depois que 20 Tesla da frota saíram de serviço por defeitos variados.
Fundada pelo sociólogo “William” Li Bin há apenas dez anos, a Nio (antiga NextEV) é hoje uma das marcas mais badaladas na China, ao lado das também recentes Li Auto e Xpeng. Seu começo foi marcado por dificuldades financeiras: a companhia esteve às portas da falência, mas foi salva por um grande aporte governamental. Pegou carona na ascensão da Tesla e da Wuling nas bolsas de valores e ganhou fama no Ocidente ao manter uma equipe na Fórmula E.
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