O retorno de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos em 2025 levanta incertezas sobre o futuro dos incentivos fiscais para o setor de hidrogênio, especialmente o hidrogênio verde, que depende de energia renovável para sua produção. Em sua campanha, Trump criticou duramente os veículos movidos a hidrogênio, defendendo modelos movidos a gasolina e híbridos, além de se alinhar a interesses de grandes petroleiras e de figuras como Elon Musk, CEO da Tesla.
Nos últimos anos, os Estados Unidos, sob a administração de Joe Biden, se tornaram um dos principais mercados para o hidrogênio verde, graças à Lei de Redução da Inflação (IRA), aprovada em 2022. A lei incluiu o crédito fiscal 45V, que oferece incentivos para a produção de hidrogênio com baixas emissões de carbono. Isso atraiu investimentos de fabricantes de veículos e fornecedores de infraestrutura de recarga, que enxergam no hidrogênio uma alternativa promissora para o setor de transportes, principalmente para veículos pesados, como caminhões e ônibus.
GWM - sistema de hidrogênio
No entanto, Trump questionou a segurança do hidrogênio, afirmando que os veículos movidos por essa tecnologia representam um risco devido à possibilidade de explosão. Durante a campanha, ele chegou a descrever cenários apocalípticos em caso de acidentes, dizendo que os motoristas poderiam ficar “irreconhecíveis”. Essas declarações foram vistas como uma tentativa de direcionar o apoio para os veículos elétricos a bateria, setor dominado por empresas como a Tesla.
Toyota Hilux Prototype movida a hidrogênio
Com a possível mudança nas políticas dos EUA, o foco dos incentivos pode migrar do hidrogênio verde para o hidrogênio azul, que utiliza gás natural com captura de carbono. Trump demonstrou apoio a esse modelo, em linha com sua preferência por combustíveis fósseis e pela indústria de gás natural.
Caso os subsídios para o hidrogênio verde sejam cortados nos EUA, empresas europeias e investidores internacionais podem redirecionar seus recursos para outras regiões, como o Brasil. O país possui vantagens competitivas para a produção de hidrogênio verde, devido à sua ampla capacidade de geração de energia renovável, como eólica, solar e hidrelétrica.
Toyota desenvolve projeto de estacao hidrogênio a etanol na USP
Aqui do nosso lado, o mercado brasileiro de hidrogênio está em fase de regulamentação e conta com planos de incentivo fiscal que devem ser anunciados em breve. Com um potencial de investimentos estimado em até R$ 20 bilhões, o Brasil pode se tornar um polo de produção de hidrogênio verde, aproveitando sua infraestrutura renovável e a crescente demanda por veículos movidos a hidrogênio, principalmente no setor de transporte pesado.
Fabricantes como Hyundai e Toyota já demonstraram interesse no mercado brasileiro de hidrogênio, destacando modelos como o Hyundai Xcient Fuel Cell, um caminhão movido a hidrogênio com autonomia de cerca de 400 km. Além disso, a Toyota tem promovido o Mirai, seu sedã a hidrogênio, como uma alternativa sustentável para o transporte de passageiros.
Hidrogênio Verde - Pecém CE
A volta de Trump ao poder pode representar um impulso para os veículos elétricos a bateria, que têm sido o foco de investimentos de empresas como Tesla, Rivian e Lucid Motors. No entanto, o hidrogênio ainda se apresenta como opção para o transporte de longa distância e frotas de veículos comerciais, devido à sua rápida recarga e maior autonomia em comparação aos modelos puramente elétricos.
Especialistas do Atlantic Council acreditam que, mesmo com mudanças nas políticas norte-americanas, o hidrogênio continuará sendo uma peça importante na transição para uma economia de baixo carbono, especialmente para segmentos como transporte pesado e aviação. A chave para o Brasil será aproveitar esse momento de incerteza nos EUA para atrair investimentos e consolidar sua posição como um dos principais produtores de hidrogênio verde no mundo. A conferir.
Fonte: Eixos
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