O futuro presidente Donald Trump ainda não reassumiu o cargo, mas sua equipe de transição já está focada em alterar uma peça fundamental da política americana para veículos elétricos. De acordo com um novo relatório, baseado em fontes ligadas à equipe de transição, Trump planeja eliminar o crédito fiscal de US$ 7.500 para a compra de carros elétricos.
Segundo informações da Reuters divulgadas nesta semana, a equipe de Trump pretende remover o incentivo como parte de um projeto de reforma tributária mais amplo. A proposta, no entanto, ainda precisa de aprovação do Congresso, que atualmente possui maioria republicana.
A Tesla, líder de vendas de veículos elétricos nos Estados Unidos, teria informado à equipe de transição que apoia o fim do crédito fiscal, segundo as fontes. O CEO da Tesla, Elon Musk, desenvolveu uma relação estreita com Trump nos últimos meses, incluindo apoio à sua campanha de reeleição e suposta participação em decisões estratégicas da futura administração.
Ainda de acordo com o relatório, a iniciativa de eliminar os créditos fiscais é liderada por um integrante da equipe de transição de política energética de Trump, que possui fortes vínculos com a indústria petrolífera (Big Oil).
Apesar disso, o restante da indústria automotiva pode não apoiar a Tesla. A Alliance for Automotive Innovation, grupo representativo do setor, solicitou recentemente ao Congresso que mantivesse intactos os principais pontos da Lei de Redução da Inflação de 2022, incluindo o crédito para veículos elétricos.
Subaru Solterra (EUA)
Trump não pode eliminar os créditos fiscais por meio de ação executiva. A aprovação dependerá do Congresso, e a motivação principal seria garantir recursos para estender os cortes de impostos implementados no primeiro mandato de Trump, que estão prestes a expirar.
Em resposta a perguntas do InsideEVs, Karoline Leavitt, porta-voz da equipe de transição Trump-Vance, afirmou que Trump cumprirá suas promessas de campanha, mas não confirmou a eliminação do crédito fiscal nem detalhou outras possíveis mudanças nas políticas voltadas para veículos elétricos.
A medida pode enfrentar resistência tanto no Congresso quanto entre os consumidores, que têm se beneficiado do crédito fiscal como incentivo para a adoção de tecnologias mais limpas.
O novo Chevrolet Equinox EV custa menos de US$ 30.000 e oferece 513 km de alcance, graças ao crédito de US$ 7.500.
"A manutenção dessas disposições complementares – incluindo o Crédito Fiscal para Manufatura Avançada, o crédito fiscal para o consumidor e o crédito para leasing comercial – é fundamental para consolidar os EUA como líder global no futuro da tecnologia e da fabricação automotiva", afirmou a Alliance for Automotive Innovation.
Enquanto a Tesla, com um negócio de veículos elétricos já consolidado e lucrativo, poderia se beneficiar da eliminação dos créditos fiscais, fabricantes tradicionais como Ford e General Motors ainda enfrentam prejuízos com EVs, mesmo com o aumento das vendas. Startups como Rivian e Lucid, que ainda não atingiram lucratividade e não possuem uma base de vendas de veículos a combustão para sustentar suas operações, seriam especialmente prejudicadas caso o crédito de US$ 7.500 fosse extinto.
As vendas de veículos elétricos têm crescido de forma constante, embora mais lentamente do que as montadoras esperavam, representando 9% das vendas de veículos novos no terceiro trimestre deste ano. A possível eliminação do crédito fiscal poderia desacelerar esse crescimento em um momento em que os EVs ainda são, em média, mais caros do que modelos equivalentes a gasolina.
Jessica Caldwell, chefe de insights da Edmunds, alertou que uma medida tão drástica poderia colocar em risco a competitividade global das montadoras americanas. "A possível eliminação do crédito fiscal federal para veículos elétricos pelo governo Trump – sem outra forma de incentivo para substituí-lo – poderia inviabilizar a trajetória das vendas de veículos elétricos nos Estados Unidos", afirmou Caldwell. "Para muitas montadoras, os créditos fiscais têm sido cruciais para impulsionar as vendas enquanto os consumidores se adaptam a essa tecnologia."
Ainda não está claro se Trump também planeja extinguir outros incentivos para veículos elétricos, como o crédito de US$ 4.000 para carros limpos usados ou o crédito de US$ 7.500 para veículos comerciais. Este último tem impulsionado o leasing de EVs, já que permite que mais modelos elétricos se qualifiquem para o benefício ao serem alugados, em vez de comprados diretamente. A eliminação desse crédito poderia ter um impacto imediato e significativo no mercado.
O corte no crédito de compra, em vigor desde o governo de George W. Bush, tornaria os EVs menos acessíveis e mais caros, além de possivelmente desacelerar os investimentos na fabricação de baterias e veículos elétricos nos EUA. Esses investimentos têm crescido rapidamente desde a aprovação da Lei de Redução da Inflação em 2022, que reformulou os créditos fiscais, exigindo que veículos elegíveis sejam fabricados na América do Norte e atendam a requisitos rigorosos de fornecimento de baterias, com o objetivo de reduzir a dependência da China.
Os investimentos incentivados pelos créditos fiscais têm sido direcionados em grande parte para estados conservadores ou indecisos, o que pode aumentar a resistência à sua eliminação. Essa dinâmica política pode conferir aos créditos fiscais para veículos elétricos um grau de permanência, mesmo sob um governo que planeja revisá-los.
Atualizado em 14/11 às 17h30 (ET) com comentários da equipe de transição de Trump e da Edmunds.
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