Nos últimos três anos, o mercado automotivo brasileiro de veículos leves passou por uma transformação marcante, como aponta o estudo do ICCT (International Council on Clean Transportation). Entre o primeiro trimestre de 2021 e o primeiro trimestre de 2024, o market share de veículos elétricos a bateria (BEV) cresceu de 0,1% para 3%. Já os híbridos plug-in (PHEV) avançaram de 0,4% para 2%, enquanto os híbridos convencionais (HEV) saltaram de 0,4% para 1,3%.
Esse crescimento foi impulsionado pelo aumento da oferta de modelos no mercado, pela entrada de novas montadoras e pela redução significativa dos preços médios. A maior queda foi observada entre os BEV, com uma redução de 46% nos preços entre o primeiro trimestre de 2023 e o mesmo período de 2024, especialmente nos segmentos compactos e médios, onde modelos abaixo de R$ 150 mil ganharam espaço. Os PHEV também apresentaram queda significativa, com preços reduzidos em 32%, enquanto os HEV tiveram uma redução mais modesta de 11%.
ICCT - evolução de preços dos modelos eletrificados no Brasil
O primeiro trimestre de 2024 representou um marco: BEV e PHEV juntos alcançaram 5% das vendas totais de veículos leves no Brasil. Apesar do avanço dos carros que vão na tomada, a predominância dos veículos a combustão interna (ICEV) ainda é clara, representando 94% das vendas nesse período.
Fabricantes tradicionais, como Stellantis, Volkswagen e General Motors, dominam o mercado de ICEV, com participações de 32%, 18% e 13%, respectivamente. Essas empresas concentram grande parte de suas vendas em modelos a combustão interna, embora ainda tenham participação tímida nos segmentos BEV e PHEV, representando menos de 0,8% de suas vendas totais no primeiro quadrimestre de 2024.
Por outro lado, novos participantes como BYD e GWM estão liderando as vendas de veículos eletrificados. A BYD responde por 74% dos BEV vendidos no Brasil, seguida pela GWM, com 12%. Nos PHEV, a BYD também lidera, com 47% do mercado, seguida por GWM (22%), CAOA-Chery e Geely, cada uma com 9%. No segmento HEV, a Toyota domina com 66% das vendas, seguida pela GWM (21%) e Honda (8%).
O aumento da presença de elétricos e híbridos também impactou o comércio exterior. Nos últimos quatro trimestres, o Brasil registrou mais veículos importados do que exportados, quebrando uma tendência de anos. No segundo trimestre de 2024, foram importados 106 mil veículos, enquanto as exportações somaram 78 mil unidades.
Os elétricos e híbridos plug-in tiveram uma participação crescente nas importações, passando de 6% em 2021 para 28% em 2024. Apesar disso, veículos a gasolina e diesel continuam a liderar, representando mais de dois terços do total importado. No campo das exportações, houve queda de 26% no valor exportado no primeiro semestre de 2024 em comparação com o mesmo período de 2023, destacando retrações em mercados-chave como Argentina (-14%) e México (-36%).
O mercado brasileiro de veículos eletrificados está em franca expansão, e as perspectivas são ainda mais promissoras com o início da produção local planejado para 2025 por marcas como BYD e GWM. Com a tendência de redução de preços, especialmente entre os carros elétricos a bateria, o segmento tende a atrair um público maior, ampliando sua participação no mercado nacional.
Enquanto isso, as montadoras tradicionais precisarão intensificar seus esforços para competir com os novos entrantes e ajustar suas estratégias diante da transição energética dentro da indústria automotiva.
Fonte: ICCT
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