A BYD está no centro das atenções devido à sua estratégia agressiva no segmento de carros eletrificados. No entanto, a empresa enfrenta escrutínio após denúncias de trabalho em condições degradantes envolvendo trabalhadores chineses na construção de sua fábrica em Camaçari, Bahia. A situação foi revelada em uma reportagem publicada pela Agência Pública e levou à abertura de investigações pelo Ministério Público.
O escândalo gira em torno de empresas terceirizadas — Jinjiang Group, Open Steel e AE Corp — que teriam submetido trabalhadores a condições irregulares dentro do complexo industrial da BYD. A montadora, que investe R$ 5,5 bilhões na construção da unidade no terreno que abrigava a antiga fábrica da Ford, anunciou medidas para evitar novas ocorrências dos abusos alegados.
BYD - Fábrica de Camçari
Em evento realizado nesta semana para apresentar o andamento das obras e anunciar a criação de 10 mil vagas de emprego até 2025, Alexandre Baldy, vice-presidente sênior da BYD no Brasil, enfatizou a posição da empresa:
“Não vamos tolerar qualquer desrespeito à dignidade humana. Respeitamos as leis brasileiras, sejam elas trabalhistas, de meio ambiente ou relações comerciais. Tudo passa por minuciosa auditoria”, afirmou Baldy.
Apesar do posicionamento, o executivo evitou responder diretamente sobre a continuidade dos contratos com as empresas terceirizadas envolvidas nas denúncias. Baldy confirmou que solicitou o cancelamento dos vistos e o retorno à China das pessoas acusadas, mas não esclareceu se haverá rescisão formal com os parceiros.
A fábrica de Camaçari deve iniciar operações em março de 2025, no modelo SKD (kits desmontados importados da China) com os modelos BYD Dolphin Mini e Song Pro, com produção nacional plena prevista para agosto do mesmo ano. Apesar da agenda positiva e do discurso alinhado às práticas ESG (Governança Ambiental, Social e Corporativa), o caso coloca em xeque a reputação da montadora no mercado brasileiro.
O caso ilustra os desafios enfrentados por grandes empresas ao tentar equilibrar uma expansão acelerada com a conformidade às normas trabalhistas e éticas, especialmente considerando que as relações de trabalho em alguns setores da economia chinesa diferem significativamente das práticas adotadas no Brasil.
Diante disso, e com a promessa de gerar milhares de empregos e impulsionar a economia local, a BYD precisará reforçar seus processos internos e revisar suas parcerias para preservar a confiança do mercado.
RECOMENDADO PARA VOCÊ
BYD Dolphin Mini supera Peugeot 208 e C3 com 20 mil vendas no Brasil
Elétricos e híbridos impulsionam recorde de vendas de Hyundai e Kia
BYD iniciará produção no Brasil com Song Pro e Dolphin Mini
Recarga de 600 km em 10 minutos: o salto das baterias chinesas
BYD vende mais de 500.000 carros eletrificados pelo 2º mês consecutivo
Ford lança SUV elétrico compacto com 376 km de alcance; veja fotos
BYD Dolphin Mini, King e Song Pro: assinatura com desconto na Black Friday