BYD mantém cronograma para iniciar produção em Camaçari em 2025
Montadora ajusta práticas após denúncias de abusos trabalhistas e reforça compromisso
A BYD, que está construindo uma fábrica em Camaçari, Bahia, afirmou estar comprometida com o cronograma de produção, mesmo após denúncias de trabalho em condições análogas à escravidão durante as obras. Em resposta às acusações, a empresa anunciou medidas corretivas e mantém a previsão de iniciar operações em 2025, apesar de ajustes no planejamento.
No final de 2024, uma força-tarefa do Ministério Público do Trabalho resgatou 163 trabalhadores que viviam e trabalhavam em condições inadequadas no canteiro de obras da fábrica. Esses trabalhadores, trazidos por uma empreiteira chinesa, a Jinjiang Construction Brazil, foram enviados de volta à China após a rescisão do contrato com a empresa.
Tyler Li, presidente da BYD Brasil, afirmou que a empresa está alinhada com as autoridades brasileiras para corrigir irregularidades e garantir o cumprimento da legislação trabalhista. Em entrevista, ele destacou que a fase inicial da fábrica, responsável pela montagem de componentes, deve ser concluída até março de 2025.
As denúncias começaram no início de 2024, com relatos de condições precárias nos alojamentos e refeitórios dos trabalhadores. Inspeções realizadas no local revelaram problemas estruturais e situações de risco à saúde e segurança. Em dezembro, o Ministério Público embargou parte das obras, enquanto a BYD iniciou a contratação de uma empresa brasileira para assumir os trabalhos interrompidos.
Como parte das medidas corretivas, a BYD divulgou nesta semana imagens de novas instalações, incluindo refeitórios e alojamentos com melhores condições de higiene e conforto. Até que as mudanças sejam concluídas, os trabalhadores foram temporariamente alocados em hotéis da região.
Além disso, a montadora criou um comitê de compliance, composto por especialistas independentes e representantes internos, para monitorar e implementar boas práticas trabalhistas durante a retomada das obras.
A questão foi amplamente discutida em uma entrevista com Augusto Vasconcelos, secretário do Trabalho, Emprego e Renda da Bahia, na rádio Antena 1. Ele ressaltou a importância de garantir que as vagas na fábrica sejam majoritariamente ocupadas por trabalhadores baianos. O governo estadual está implementando programas de qualificação profissional para preparar mão de obra local para atuar na indústria automotiva.
Segundo Vasconcelos, a preservação dos direitos trabalhistas é uma preocupação compartilhada entre o Brasil e a China. Ele destacou que as investigações em curso não devem comprometer a relação diplomática entre os dois países, que compartilham uma parceria comercial robusta há mais de 50 anos.
Cronograma
Apesar das adversidades, a BYD mantém a previsão de iniciar a produção em 2025, com capacidade inicial de 150 mil veículos por ano, podendo dobrar até 2027. A fábrica será a primeira unidade da montadora fora da Ásia e representará um marco para a expansão global da marca.
No entanto, especialistas indicam que o episódio pode impactar a reputação da empresa no Brasil, considerando a gravidade das denúncias. A BYD reafirmou seu compromisso de resolver as pendências e respeitar a legislação local, visando minimizar os atrasos na entrega do projeto.
Acompanharemos os desdobramentos das investigações e o progresso das obras, que têm potencial para transformar o setor automotivo na região nordeste do Brasil.
Fontes: Bahia Notícias, Bloomberg, Agência Pública
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