Teste rápido Voltz EV1 Sport: agora vale a pena ter uma moto elétrica?
Pegamos a scooter nacional para ver se as motos elétricas já valem mais a pena do que as motos a combustão
A primeira moto elétrica que testei na vida foi uma finada Kasinski Win Elektra, ainda nos idos de 2012. Na época, ainda era uma moto desengonçada, carregando três grandes baterias de chumbo ácido que mal conseguiam dar 30 km de autonomia para o veículo. Mas será que agora, passados 10 anos, a situação das motos elétricas virou?
Conseguimos avaliar uma unidade da Voltz EV1 Sport, moto que já podemos afirmar ser a scooter elétrica mais emplacada do Brasil em 2022. A unidade avaliada já estava com mais de um ano de uso e passando a barreira dos 10.000 km rodados, mas, para você comprar uma nova na loja, precisa desembolsar R$ 15.390 pela versão com 1 bateria, ou R$ 19.290 por uma unidade com duas baterias, como a moto avaliada.
O que a Voltz EV1 Sport oferece de série?
Galeria: Avaliação Voltz EV1 Sport
O motor que empurra a Voltz EV1 Sport tem 3 kW de potência nominal (4,07 cv), mas com pico de 4,5 kW (6,1 cv). É uma unidade da Bosch que fica montado diretamente na roda traseira. Não há câmbio de nenhum tipo, mas a configuração oferece uma interessante solução: um botão ao lado buzina inverte a corrente no motor e funciona como ré.
É uma boa ideia, até porque a EV1 Sport não é exatamente leve. A moto da Voltz pesa 120 kg com uma bateria, ou 132 kg com duas como na scooter avaliada. São 1.880 mm de comprimento, 800 mm de largura e 1.300 mm de altura. A marca não divulga a altura do assento.
Sobre autonomia, cada bateria possui 2,1 kWh de capacidade. Com duas, são 4,2 kWh totais. Cada uma pesa 13 kg e tem garantia de 3 anos ou 1.500 ciclos de carregamento, o que ocorrer primeiro. No caso da EV1 Sport de duas baterias, elas ficam acomodadas uma entre as pernas do condutor e outra sob o assento. A Voltz promete garantia de 3 anos também para o propulsor e um sistema de manutenção sem revisões programadas, já que o motor elétrico não exige manutenção.
Entre os principais itens de série, a Voltz EV1 Sport ainda entrega painel de instrumentos digital com tela LCD, iluminação completa por lâmpadas de LED, conectividade via Bluetooth, chave presencial, freios a disco nas duas rodas com acionamento combinado, freio regenerativo e sistema de som bluetooth com duas caixas de som no escudo frontal.
Bacana, mas a conta não fecha
A Voltz EV1 Sport traz um visual moderno para o segmento de scooters. Com um entre-eixos alongado, ela também parece maior que as rivais à combustão. Com a ideia de ser diferente, trouxe algumas soluções criativas. Marcha ré, por exemplo, é algo que eu não sabia que precisava, muito menos que sentiria falta em outras motos. É uma grande ajuda na hora de manobrar a moto.
O sistema de som Bluetooth é outra das ideias que a Voltz oferece que não parecem necessárias até você usar. O sistema é bom, ainda que o pareamento use uma voz genérica e com volume extremamente altas como aquelas caixinhas de som chinesas. Não ter barulho do motor ajuda o sistema, que não é muito potente.
Andar com uma scooter elétrica é um grande barato. Além da praticidade de não trocar marchas, há um silêncio absoluto de motor e nenhuma vibração. Quase como uma sensação de estar flutuando no ar. Outro item surpreendente da Voltz EV1 Sport foi o acerto de suspensão, confortável na comparação com scooters de combustão interna equivalentes.
Porém, os pontos positivos da Voltz EV1 Sport acabam por aí. Na ordem mais prática, a scooter perde pontos pelo espaço sob o assento apertado. Outro incômodo foi o ruído dos acabamentos. Basta qualquer buraco ou ondulação na pista para que as peças plásticas começassem a bater. O pior foi o suporte de placa, sem reforço e totalmente de plástico. Era possível ouvir a placa batendo na roda traseira.
Em termos de desempenho, a EV1 Sport performa como uma scooter 125 à combustão. Nada extremamente empolgante. E isso leva aos modos de condução: o 1 limita a velocidade a 35 km/h. Se você pretende usar a scooter no trânsito, a moto te colocará em risco dessa forma. O 2, limitado a 50 km/h, até é possível de ser usado. Mas se você precisar de um pouquinho a mais de fôlego, o motor não responde.
Mesmo usando apenas na cidade, achei melhor manter a moto no modo 3, limitado a 75 km/h. Aí seu desempenho fica aceitável e equiparável a uma moto de entrada. Só que vem outro problema: a Voltz promete até 180 km com uma carga para a EV1 Sport de 2 baterias. Só não escreve em letras grandes que o número só é possível com a scooter no modo 1. Usando como uma moto normal, tomei um susto com a EV1 Sport apitando reserva (20% de bateria restantes) aos 67 km rodados.
Eu não possuo tomada na garagem de casa. Então recorri às baterias removíveis. Mas 26 kg subindo escada não é pra qualquer um. Com o carregador original fornecido pela Voltz, cada bateria precisou de 5 horas para recarga completa a partir dos 20%, então foram 10 horas de espera.
Então temos uma moto elétrica com boas ideias, acabamento a desejar e para ter o mínimo de desempenho esperado de uma scooter das mais básicas é preciso sacrificar a pouca autonomia, o que ainda leva a uma longa espera para recarga. Se a Voltz quer que o consumidor troque uma moto convencional por uma elétrica, antes mesmo de justificar o retorno do investimento, terá que melhorar alguns pontos. Um deles é o desempenho, aquém do que se espera para um modelo elétrico. O outro é se esforçar para oferecer um acabamento um pouco mais esmerado.
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