Mais potente que um sedã premium de acesso e ao mesmo tempo mais barato: essa era a promessa do JAC e-J7, o primeiro sedã elétrico da marca a ser vendido no Brasil. Ele representa uma nova fase da JAC, que no final do ano passado se tornou uma marca exclusiva de carros elétricos no país.
Mas quais serão os atributos do e-J7 frente aos modelos premium já tradicionais por aqui, como BMW Série 3 e os demais alemães? Confira tudo isso, entre outros detalhes, na avaliação do InsideEVs Brasil.
Quando a JAC lançou e -J7 por aqui, enfatizou o porte do modelo, oferta de equipamentos e nível de potência superior em comparação com os modelos premium à venda em nosso mercado. Em outras palavras, um carro elétrico pelo mesmo preço de um modelo a combustão do mesmo porte.
Lançado por aqui em novembro de 2021, o JAC e-J7 era um modelo conhecido dos chineses. Inicialmente na versão combustão, e depois com a variante elétrica, desenvolvida já na fase Volkswagen-JAC, a exemplo dos modelos e-JS4 e e-JS1, e por lá chamado de JAC eC5.
Importado da China, o JAC e-J7 pesa 1.650 kg e se destaca pelo porte, que fica entre sedãs médios e grandes: 4,76 metros de comprimento, 1,82 metros de largura, 1,49 de altura e entre-eixos de 2,76 metros, com capacidade do porta-malas de 520 litros.
No país asiático ele também é vendido com o nome Si Hao E50A, na verdade um modelo da recém-criada submarca de carros elétricos Si Hao, fruto da parceria JAC-Volkswagen. Por lá, ele é comercializado ainda como JAC iC5, modelo baseado no JAC J7 a combustão.
O visual agradou. Tem elementos de um sedã moderno, com linhas fluidas e caída bem suave do teto na parte traseira, quase um cupê. Os faróis (de LEDs com regulagem de altura e acendimento automático) que avançam pelas laterais casam bem o para-choque dianteiro de recortes angulares, mas a traseira se beneficia de um interessante conjunto de lanternas (em LEDs) interligadas por uma barra de luz e a tampa que se abre até o teto, o que facilita o acesso ao amplo porta-malas.
Por dentro, o e-J7 também não decepciona. O nível de acabamento é bom, com destaque para o painel e os revestimentos de qualidade, bem como os bancos em couro, que também acomodam muito bem. Ponto negativo para o volante, que só possui ajuste de altura e não de profundidade.
De resto, o espaço interno é bom, tanto para quem vai à frente, como para os ocupantes do banco traseiro. Há uma boa distância para pernas e não há o incômodo túnel para atrapalhar quem vai no assento do meio.
Enquanto o quadro de instrumentos tem um layout simples, mas de boa leitura, as informações imprescindíveis estão lá: você pode mudar a cor do tema (vermelho, azul, laranja), e o padrão de exibição dos dados referentes ao uso do carro elétrico.
Os comandos do ar-condicionado automático ficam integrados na grande tela da central multimídia de 10 polegadas no console central. É uma opção que divide opiniões, mas no caso do e-J7 nem seria ruim, a não ser pelo tipo de tela usado, que não é tão sensível ao toque e tem resolução abaixo da média.
Já a conectividade com smartphone, ao menos com o Android Auto, foi extremamente fácil, na verdade uma das mais rápidas e simples que já testamos - no entanto, a conexão com a central via espelhamento ainda é por cabo.
Eu já havia dirigido outros carros elétricos da JAC, cada um com seus pontos fracos e fortes. Mas o e-JS7 tem suas peculiaridades: com 192 cv de potência ele é mais forte que o SUV e-JS4 (150 cv), mas no caso do sedã isso se tornou um problema de certa forma.
O principal ponto negativo do e-J7 é que ele destraciona com muita facilidade: não precisa nem pisar muito fundo e os pneus (215/55 R17) já cantam e a frente 'levanta'. Com o tempo você se acostuma um pouco a aliviar bem o pé, mas não é o ideal.
Já dirigi carros com mais que o dobro de potência e esse comportamento não se manifestou nas mesmas condições - em dias de chuva então, tudo fica pior, com o carro chegando a pregar peças, como ao entrar em uma avenida movimentada ao sair de uma via secundária com subida mais íngreme. O curioso é que mesmo em outro carro elétrico da marca, o SUV e-JS4, esse problema não foi verificado.
De resto, em condições 'normais', o JAC e-J7 é até agradável de tocar, com comportamento satisfatório da suspensão e boa filtragem das irregularidades em pisos ruins. De um modo geral, o sedã elétrico tem uma cabine silenciosa e bem revestida.
O desempenho é muito bom e condizente com os 192 cv e 34,6 kgfm. Fiz uma viagem de 180 km ao interior de São Paulo, onde o e-J7 não deixou a desejar, com potência de sobra e tocada agradável, mas não esquecendo de dosar o pé nas arrancadas mais fortes e retomadas pra evitar o efeito da 'frente que levanta', embora esse problema seja muito mais perceptível na cidade.
São três modos de condução disponíveis (Eco, Comfort, Sport), mas o modo Eco atende perfeitamente, ainda entregando um bom nível de potência, na cidade ou na estrada, sendo desnecessário usar o modo Sport, que perde um pouco do brilho devido ao incômodo já mencionado nas saídas.
Um ponto positivo é regeneração de energia, que pode ser ajustada em quatro níveis. No entanto, a mudança é feito pelo menu da central multimídia - seria melhor por meio de um botão mais acessível ou mesmo em paddle shifts no volante, como algumas marcas já vêm adotando.
A bateria de 50 kWh tem autonomia declarada de 400 km pelo ciclo WLTP, um número que parece bastante razoável considerando o uso na vida real. Durante o teste, foi possível chegar próximo do valor declarado usando o modo ECO.
Na cidade, por exemplo, foi possível atingir médias na faixa de 14 kWh/100 km, o que daria um alcance teórico próximo dos 360 km com uma carga. Na estrada, o consumo varia conforme o tipo de trajeto, mas a média ficou na casa dos 16 kWh/100 km, algo em de 315 km.
Em ambas as condições, conforme o tipo de trajeto, topografia e velocidade média mais próxima dos 100 km/h, no caso de rodovia, permite médias ainda melhores que os números indicados acima.
A unidade cedida para avaliação contava com um adaptador para o plugue tipo 2 (os modelos da JAC utilizam o plugue tipo GB/T), e também um carregador portátil, que funcionou perfeitamente em uma tomada doméstica 220V que utilizei algumas vezes.
Com o uso do adaptador, foi possível recarregar em estações públicas (AC) sem perda de velocidade de carregamento e nenhum imprevisto pela porta de carregamento que fica na false grade dianteira. Em resumo, a experiência de carregamento é bem tranquila com o e-J7.
Voltando ao ponto apresentado no início do texto, o JAC e-J7 foi lançado por aqui se apresentado como uma opção elétrica aos sedãs 'de entrada' de marcas premium com motores a combustão. Na vida real, não é.
Mas nem tudo está perdido, o sedã elétrico tem um bom nível de equipamentos, acabamento razoável considerando a sua proposta, autonomia decente para o porte do carro e tamanho da bateria, além do bom desempenho, ainda que falhe pelo ajuste da suspensão dianteira.
O valor cobrado de R$ 252.900 pelo e-J7 não chega a ser absurdo para o nossa realidade (cara) de carros elétricos. No entanto, há cada vez mais opções nessa faixa de preço, ou pouco acima disso, de projetos mais modernos e com mais tecnologia e refinamento ao volante.
JAC E-J7
RECOMENDADO PARA VOCÊ
Leapmotor T03: como é carro elétrico barato da Stellantis que chega em 2025
O que a Fórmula E pode trazer de benefício para os carros elétricos?
Leapmotor C10: breve no Brasil, já andamos no SUV elétrico da Stellantis
Abarth irá focar em carros elétricos na Europa; Brasil é dúvida
Teste BMW iX2 xDrive30: SUV cupê elétrico ousa no visual e cativa ao volante
China e União Europeia podem chegar a acordo sobre carros elétricos
Avaliação: BYD Yuan Pro tem proposta urbana e mira nos SUVs compactos flex