Quando os carros elétricos começaram a chegar ao Brasil, ainda eram muito associados à economia de energia e uma condução mais branda, para aproveitar ao máximo a autonomia. Até que veio o Porsche Taycan, mostrando que é possível muito bem unir um elétrico a um esportivo. O sedã foi evoluindo devagar, complementando a linha com mais opções e a última a chegar ao mercado nacional foi o GTS, por R$ 860.000.
Apesar de usar a sigla para Gran Turismo Sport, que dá a entender que trata-se de uma versão ainda mais esportiva e cara, o Porsche Taycan GTS é, na verdade, a opção intermediária na linha. Está acima das variantes normal e 4S, e abaixo das Turbo e Turbo S. E este posicionamento não é somente de preço e equipamentos, como também no desempenho.
A receita é bem simples, mas muito eficiente. O motor teve a potência elevada para 517 cv, chegando a 598 cv em overboost combinado ao controle de largada, enquanto o torque é de 86,7 kgfm, um aumento considerável sobre os 489 cv do 4S. É o suficiente para que acelere de 0 a 100 km/h em apenas 3,7 segundos e, convenhamos, precisa ser mais rápido do que isso? Para acompanhar essas mudanças, a Porsche fez um ajuste específico para a suspensão pneumática, 20% mais rígida, e para o sistema de vetorização de torque.
O resultado é que o Taycan GTS é um canhão e é tudo o que um Porsche deve ser: rápido e muito comunicativo. O volante, mesmo com a assistência elétrica, é afiado nas respostas e transmite muito bem as sensações durante uma condução mais agressiva. A largura maior do que o convencional, algo comum nos carros da marca, ajuda a deixar o carro mais plantado no asfalto e passa mais confiança nas curvas. Some isso à tração integral e terá um belo esportivo para encarar um track day.
Ainda é possível mexer no comportamento com o seletor de modo de condução, que tem as opções Sport e Sport Plus, definindo o quanto o controle de estabilidade irá atuar, a resposta do acelerador e outros parâmetros. Se achar a configuração favorita, é possível ajustá-la no modo Individual e deixá-la salvo. Para momentos que não precisa acelerar, ainda há o modo normal e o Range, este último com foco na recuperação de energia.
Sendo mais civilizado ou lidando com o trânsito, o Porsche é bem mais comportado, mas seu ajuste específico traz alguns pontos ruins. Por ser mais duro, sentimos mais as vibrações em um asfalto ruim, embora não chegue ao ponto de alguns modelos mais extremos da marca, por não usar um pneu com perfil fino e a suspensão fazer ajustes automáticos. Normalmente, seria um carro bem baixo também para lidar no dia-a-dia, mas é equipado com o sistema que eleva a suspensão em alguns centímetros, aumentando o vão livre e evitando raspar o assoalho.
As baterias são de 93,4 kWh, que equipa toda a linha a partir da versão 4S. Na Europa, entrega 504 km de autonomia, medidos pelo ciclo WLTP, enquanto o Inmetro aponta para um alcance de 318 km, o que não o coloca entre os melhores carros neste quesito. Na prática, encontrou algo acima de 400 km, levando em conta que estava fazendo 4,15 km/kWh, um bom valor e abaixo dos 4,29 km/kWh declarados pela Porsche. Na hora de recarregar, é possivel usar carregadores rápidos de 150 kW para fazer a carga até 100% em 40 minutos.
Como se espera de um carro da fabricante alemã, o Taycan GTS mantém um alto padrão de acabamento, usando camurça nos bancos e em parte do acabamento, como no console central e no volante. Tem cinco telas, uma para a multimídia, uma para os instrumentos, a terceira para o controle do ar-condicionado e uma quarta para o passageiro no assento dianteiro. A quinta tela está abaixo das saídas de ar traseira, para controle do ar-condicionado.
Apesar da quantidade de displays, tem até que um visual minimalista, por usar poucos botões físicos. Até mesmo alguns como o comando para elevar a suspensão é um botão por toque na lateral do painel de instrumentos. Mesmo assim, não parece tanto ser um carro muito futurista, como alguns rivais, mantendo os pés no chão.
Tem uma boa lista de equipamentos, com controle de cruzeiro adaptativo, sensor de ponto cego, frenagem automática de emergência, central multimídia com tela de 10,9 polegadas, sistema de som Bose com 14 alto-falantes, sete airbags e mais. A única mancada aqui é que tem suporte apenas para Apple CarPlay sem fio, sem conseguir conectar com Android Auto.
Não é livrre de defeitos. Por conta da altura baixa e da posição do controle, entrar e sair do carro pode ser um pouco mais incômodo do que o normal. O porta-malas tem capacidade para 407 litros, o que seria um bom número se não fosse o fato de carregar o enorme estepe com rodas de 20 polegadas, acabando com a maior parte do espaço. Pneus de uso temporário ou kits de reparo não são ideais, mas carregar o estepe dentro do porta-malas também não é uma boa solução. O pequeno compartimento na parte dianteira carrega só 84 litros.
O Porsche Taycan GTS acerta no ponto certo ao entregar um pouco mais de potência para quem quer um carro elétrico bem competente e com pegada esportiva, sem deixar de lado tudo o que traz de bom da versão 4S. Não é o mais potente ou o mais barato, mas é o que realmente entrega uma experiência de dirigir que esperamos de um Porsche, e em um carro elétrico.
Porsche Taycan
RECOMENDADO PARA VOCÊ
Novo Porsche Taycan GTS é muito mais potente e vai a 690 cv
EUA: boom secreto de produção de baterias para carros elétricos
Porsche Macan elétrico "sobrecarrega" marca alemã: excesso de pedidos
Novo GAC Aion UT: hatch elétrico faz estreia oficial e pode vir ao Brasil
Porsche Taycan Turbo GT 2025: o carro mais potente já feito pela marca
BYD vai desafiar Hyundai e Kia com elétricos acessíveis na Coreia do Sul
Porsche Taycan 2024 chega aos 952 cv e autonomia de 657 km; no Brasil em 2025