Em time que está ganhando não se mexe, certo? Sim, é verdade, mas um reforço é sempre bem-vindo e esse foi o caso do BYD Dolphin, que rapidamente caiu no gosto do brasileiro e se transformou no carro elétrico mais vendido do Brasil. Para ampliar seu público, o compacto recebeu uma nova versão, mais potente e equipada, o BYD Dolphin Plus.
Lançado no final de junho por R$ 149.800, o BYD Dolphin provocou uma mudança no mercado brasileiro de carros elétricos, seja pela construção moderna, bom pacote de equipamentos, nível de tecnologia e valor que, na época, era a faixa dos subcompactos como Kwid E-Tech, JAC e-JS1 e Caoa Chery iCar.
E a resposta do público foi imediata, com o Dolphin rapidamente assumindo o patamar acima de 1.000 emplacamentos/mês. O carro elétrico compacto da BYD se tornaria em poucos meses o mais vendido do segmento no acumulado do ano, desbancando o Volvo XC40.
Poucos meses depois, a montadora chinesa anunciou o BYD Dolphin Plus, que foi lançado por R$ 179.800. Logo de cara, a principal novidade era o trem de força com 204 cv de potência, ganho expressivo sobre a versão de entrada, além de um esquema de cores próprio, melhor acabamento interno, mais equipamentos de série, teto panorâmico e, principalmente, uma bateria com maior capacidade, 60,5 kWh.
Começando pelo trem de força, o Dolphin Plus também adota o esquema de motor elétrico dianteiro e uma plataforma de 400 volts, mas aqui temos uma unidade com 204 cv de potência e 31,6 kgfm de torque, um forte acréscimo sobre os 95 cv e 18,3 kgfm do de entrada. Pelos dados informados pela BYD, são 7 segundos para o 0 a 100 km/h, bem menos que os 10,9 segundos do Dolphin básico, mas ambos param nos 160 km/h.
No dia a dia, o Dolphin Plus é bem esperto, como era de se esperar. Acelera com disposição e despeja energia de forma progressiva, dando uma boa sensação de controle do carro. Na prática, ele arranca muito bem e até "sobra" em meio ao trânsito. Há quatro modos de condução: Eco, Normal, Neve e Sport. Como a potência é generosa, mesmo no modo Eco, para poupar energia, ele entrega uma performance mais que satisfatória.
E apesar do desempenho elogiável, seu compromisso ainda é com o conforto. A suspensão, que adota o esquema multilink na traseira, tem uma configuração que permite rodar pelo asfalto ruim de nossas ruas e não compromete em rodovia ou velocidades mais altas. Mas ele não é tão firme, então não espere um acerto esportivo, inclusive da direção, que não é tão direta e rápida se comparado ao rival Ora 03 GT, apenas pra citar um exemplo.
A vida a bordo ficou melhor. Começando pelo pacote mais farto de equipamentos, o Dolphin Plus conta com retrovisores externos com rebatimento elétrico, teto panorâmico, bancos dianteiros com revestimento parcial em couro sintético com ajuste elétrico e aquecimento. Além disso, o volante também tem revestimento em couro, mais agradável ao toque.
No Dolphin Plus o layout interno é o mesmo do básico, mas com qualidade superior de materiais empregados. Na unidade avaliada, o esquema era um acabamento interior todo em cinza escuro/preto, que deixa o visual mais sóbrio e, ao meu ver, combina com a proposta mais "madura" dessa versão.
A tela do sistema de informação e entretenimento com 12,8" agora traz espelhamento por Android Auto e Apple Car Play sem fio, que funcionou muito bem, com conexão rápida e transição rápida entre as telas. O único ponto é quando se utiliza o espelhamento e precisa fazer algum ajuste, como no ar-condicionado, tem que entrar no menu do sistema para então habilitar as funções de climatização e fazer os ajustes de intensidade, direção e temperatura na própria tela multimídia. Um clássico incômodo dos chineses.
E assim como no irmão maior Yuan Plus, o Dolphin mais caro incorpora os cada vez mais desejados assistentes de condução, incluindo o controle de cruzeiro adaptativo, monitor de pontos cegos (que além da indicação nos retrovisores, também mostra os alertas no quadro de instrumentos) com alerta para abertura de portas, alerta de tráfego cruzado, frenagem de emergência, monitor de pressão dos pneus e monitor de sinais de trânsito. No caso do ADAS, é possível configurar individualmente cada item, desabilitando os alertas sonoros, vibrações ou mesmo desativação.
Por fora, o design é o mesmo, mas a versão Plus aposta num esquema de pintura bicolor, com o teto cinza escuro e o restante da carroceria em um tom mais claro de branco/cinza, no caso da unidade avaliada. Saem as rodas de 16" do Dolphin e entra um conjunto de 17" com desenho mais interessante e esportivo.
Outra mudança fundamental é o conjunto de baterias Blade. Ao invés dos 44,8 kWh de capacidade, o Dolphin Plus tem um pacote LFP de 126 células com 60,5 kWh de capacidade (62 kWh brutos), que segundo o Inmetro tem autonomia de 330 km com uma carga.
Durante a avaliação, rodando exclusivamente na cidade e na maior parte do tempo com ar-condicionado, o consumo ficou em 15 kWh/100 km (6,66 km/kWh), que dá um alcance projetado de 400 km. Na estrada, também por conta do powertrain mais potente e menos exigido, o consumo não subiu muito. Na verdade, ficou próximo dos números urbanos nas vias com velocidade entre 80 e 90 km/h. Na rodovia, entre 110/120 km, dá pra rodar ao menos 360 km, dependendo do pé e da topografia.
Aqui, o segredo é aproveitar da melhor forma os modos de condução, usando o Eco na cidade (que não compromete o desempenho) e regeneração mais intensa. Na estrada, por outro lado, é melhor deixar o carro mais "solto", usando o modo Normal e a regeneração no nível mais baixo. Apenas para comparação, a versão de entrada do Dolphin tem autonomia de 290 km pelo Inmetro, mas em nossa avaliação conseguimos uma média de 370 km na cidade e 290 km na estrada.
Já a potência máxima de carregamento é de 11 kW em corrente alternada (AC) e 88 kW em corrente contínua (DC). Utilizando um carregador rápido e condições ideais dá pra recuperar de 10% a 80% em 41 minutos.
Como os carros elétricos ainda estão no estágio inicial de popularização no Brasil, não há dados tão amplos sobre perfis de consumidores. No entanto, o Dolphin foi o primeiro modelo do segmento a ter um alcance de vendas mais consistente ao longo dos meses, e já dá pra notar algumas tendências.
Boa parte dos compradores do BYD compacto está saindo de modelos a combustão e muitos deles também estão adquirindo o Dolphin como um segundo veículo da casa, em sua grande maioria com carregadores na residência. Para estes últimos, pode até ser discutível pagar um pouco mais caro para levar a versão Plus mais potente e equipada.
Preferências à parte, em comparação com a versão de entrada o BYD Dolphin Plus oferece mais que o dobro de potência, torque abundante, autonomia de até 400 km, pacote de assistência ao condutor, teto panorâmico, visual externo interessante e interior mais refinado, tudo isso por R$ 179.800, ou seja, R$ 30 mil adicionais em relação o modelo padrão - a garantia é de 5 anos para o carro e 8 anos para a bateria.
Falando do segmento, o rival mais próximo é o GWM Ora 03 GT, outro carro elétrico bem acertado e com perfil de condução mais esportivo que o Dolphin, sem abrir mão do refinamento interno e do pacote de equipamentos bem recheado, custando um pouco mais: R$ 184 mil.
Dentro da marca, outro modelo utiliza o mesmo powertrain e tem um pacote de equipamentos similar, se valendo do formato SUV, no caso o Yuan Plus, mas este custa R$ 229.800. Por fim, tem o Mini Cooper SE, que há pouco tempo baixou para R$ 199.990, um preço bem interessante para o modelo premium, mas vale lembrar que o Mini tem autonomia de apenas 161 km pelo padrão Inmetro (cerca de 220 km no uso real), o que limita o uso como urbano, além do espaço interno e para bagagens bem reduzido.
Tudo considerado, é tranquilo afirmar que o Dolphin Plus se apresenta como uma escolha a se considerar e está bem posicionado. Considerando o sucesso do já honesto modelo de entrada, a versão Plus deve ajudar a alavancar ainda mais as vendas do novo queridinho entre os elétricos.
Fotos: Mario Villaescusa (para o InsideEVs e Motor1.com)
BYD Dolphin Plus
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