No mundo inteiro, a mobilidade com baixas emissões e, principalmente, com zero emissão, tem recebido a atenção de governos e empresas com diferentes soluções para se chegar a um mesmo objetivo: reduzir gradativamente as emissões de CO2 na atmosfera até o almejado estágio do carbono neutro.
Nesse universo, os carros elétricos a bateria têm ocupado cada vez mais espaço, mas também exercem o seu papel os veículos híbridos e híbridos plug-in. E não podemos deixar de mencionar os modelos movidos a células de combustível a hidrogênio, que empresas como a Hyundai e a Toyota empenham um grande esforço para seu desenvolvimento.
E como fica o Brasil nesse cenário? Em um mercado de carros eletrificados que ainda é bastante reduzido, embora esteja crescendo rapidamente, o país se prepara para apontar novas soluções para o mundo da mobilidade elétrica. Recentemente, foi noticiado que mineradoras estão apostando no níquel para a produção de baterias de carros elétricos, podendo colocar o país em posição de destaque nessa indústria.
Mas um segmento bem tradicional por aqui também tem planos para a inserção do país no processo de eletrificação da frota mundial. Trata-se do setor de cana-de-açúcar, que vê na pioneira célula de combustível a etanol uma solução para a propulsão elétrica com baixas emissões.
No momento em que celebra os 45 anos do Proálcool, o programa pioneiro no mundo para veículos movidos 100% a etanol, a indústria brasileira comemora os resultados alcançados nesse tempo com o combustível vegetal e aposta que a mobilidade do futuro será composta por várias opções energéticas:
"A mobilidade desse século vai ser plural, com uma pluralidade de rotas tecnológicas", diz o presidente da Unica (União da Indústria de Cana de Açúcar), Evandro Gussi. "E nesse aspecto, consideramos o etanol um combustível não só do presente, mas do futuro."
Além de praticamente banir o carro a gasolina no Brasil, o etanol tem como desafio se impor frente a diferentes tecnologias na busca pela eletrificação da frota. O setor defende que a célula combustível que produz hidrogênio a partir do etanol é mais eficiente: a tecnologia, que ainda está em desenvolvimento, consiste em separar o hidrogênio do etanol e produzir eletricidade por meio de um processo químico no próprio veículo.
Como vantagens, alega o setor, está a redução da necessidade de baterias grandes e caras e também o uso de energia de fontes fósseis para recarregar os veículos. Também apresenta o benefício de se utilizar de uma rede de postos já estabelecida, eliminando os investimentos em caras redes de carregamento e distribuição de energia.
De acordo com Luiz Augusto Horta Nogueira, pesquisador da Unicamp, as células de combustível devem ganhar espaço em países de grande extensão territorial, como é o caso do Brasil. Uma das empresas a apostar nessa tecnologia é a Nissan, que trabalha no desenvolvimento de um promissor veículo movido a células de combustível de bioetanol.
Fonte: Folha de SP
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