Teste Volvo XC60 Recharge Inscription 2021: O líder a ser batido
SUV premium mais vendido, sueco aposta em conjunto plug-in com mais de 400 cv de potência e bastante tecnologia
O Volvo XC60 é um dos modelos mais vendidos da marca em nosso mercado. A segunda e atual geração, datada de 2017, deixou isso ainda mais forte ajudado bastante pelo design marcante, mas também pela tecnologia e pelo conjunto híbrido plug-in com mais de 400 cv de potência. E esta é a versão Inscription, intermediária de R$ 384.950 que capricha nos itens de série e no visual, com uma boa atenção aos detalhes. É a mais requintada da linha.
Visualmente, o XC60 Inscription traz o mesmo visual desde seu lançamento há quatro anos, se destacando principalmente pelos faróis com a assinatura "Martelo de Thor”, a grade dianteira com filetes verticais (exclusiva desta versão), capô longo e as lanternas alocadas nas colunas na traseira com um desenho em "L" em LEDs, um dos pontos mais marcantes do XC60. A Inscription ainda recebe os frisos cromados nas janelas, a inscrição Recharge em uma régua cromada na base das portas e outros pontos. As rodas são de 20", que acompanham parachoques menos esportivos que os do R-Design e Polestar.
Como anda?
Construído sobre a plataforma SPA (a mesma usada pelo XC90), o XC60 segue a mesma estratégia do “irmão maior”, com uma base pensada desde o seu desenvolvimento para a eletrificação - hoje, todas as versões do SUV são híbridas. Combina um motor 2.0 turbo e supercharger (compressor mecânico) de 320 cv e 40,8 kgfm de torque a um outro motor elétrico, que rende sozinho 88 cv e 24,5 kgfm e está no eixo traseiro. Quando eles trabalham juntos, a potência combinada do XC60 salta para 407 cv e nada menos do que 65,3 kgfm.
Com essa ficha técnica de respeito, o SUV da Volvo se aproveita da eletrificação tem mais potência e torque que seus principais concorrentes, como o Audi Q5 com seus 249 cv e 37,7 kgfm, ou mesmo o BMW X3 na versão M40i que rende 388 cv e 51 kgfm. Em nossos testes, o XC60 fez bonito ao precisar de apenas 5,6 segundos para ir de 0 a 100 km/h, com destaque ainda para a retomada de 80 a 120 km/h, feita em 3,5 segundos. É um SUV familiar de respeito que pode "assustar" muito esportivo pelas ruas.
Apesar de toda essa força, vale relembrar que ainda falamos de um SUV de 2.174 kg (em ordem de marcha) que sente essa massa durante as frenagens mais bruscas e no contorno de curvas mais acentuadas, situação na qual você sente a carroceria inclinar um pouco - a versão Polestar Engineered tem amortecedores Öhlins para deixar o SUV “mais pregado” ao chão, enquanto a Inscription tem configuração mais macia para maximizar o conforto na rodagem.
As rodas de 20" com pneus 255/45 também cumprem seu papel ao ajuda a suspensão no nosso asfalto esburacado, embora a versão de entrada, a Inscription Express com rodas aro 19 e pneus de perfil mais alto (235/55), faça isso com mais competência. Existe ainda outros dois jogos de rodas de 22" opcionais, que podem ser arrematadas por R$ 42.145 cada – ou R$ 4,2 mil a menos que um Renalt Kwid Life.
Equipado com tração integral (o motor a combustão move as rodas dianteiras, enquanto o elétrico traciona as rodas traseiras) e câmbio automático de 8 marchas, o XC60 Inscription mal dá sinais nas trocas de marchas, tamanha a suavidade de sua operação. O único ponto incômodo é nas manobras de marcha à ré, situação na qual o SUV acaba sendo muito brusco quando se pisa no acelerador durante as manobras de baliza ou estacionamento, por exemplo, já que ele utiliza o motor elétrico nessas situações. Exige costume, mas algo que o dono logo fará com poucos dias.
No mais, as baterias de 11,6 kWh dão autonomia para o XC60 rodar em modo 100% elétrico por uma distância de cerca de 45 km quando estão totalmente carregadas. Elas podem ser recarregadas em 2 horas em tomadas de 220V ou em até 7 horas numa tomada 110V. Pode-se ainda colocar o câmbio no modo “B”, que acaba “amarrando” o utilitário ao aumentar a operação do freio-motor com o objetivo de recuperar mais energia e assim recarregar um pouco da bateria.
Para economizar energia, existe a tecla Hold no multimídia, onde a energia da bateria ficará guardada e não será usada, o que é útil ao dirigir em uma rodovia, por exemplo, onde a demanda pelo motor a gasolina é maior. Assim a energia poderá ser usada na cidade, onde o sistema híbrido se dá melhor. Já a tecla Charge aciona o carregamento da bateria utilizando o motor a combustão, que acaba fazendo a mesma função de um gerador de energia, porém gastando gasolina. A própria Volvo disponibiliza diversos carregadores em locais públicos, mas também aceita a recarga em outros pontos que tenham o conector Tipo 2, o mais comum.
Os modos de condução, cada vez mais comuns nos veículos atuais, estão presentes no XC60. Ao todo são 5 modos que podem ser selecionados pelo botão “Drive Mode” no console central: Constant AWD (ativa os dois motores para trabalharem em conjunto em tempo integral), Pure (prioriza o uso do motor elétrico), o já citado Hybrid (mais equilibrado), Power (força máxima nos dois motores para máximo desempenho) e o Off Road.
Bancos de garrafa PET
Ao abrir a porta do XC60 Inscription pela primeira vez, é difícil não reparar nos bancos na cor cinza claro (disponível também em cinza escuro) em tecido, uma grata surpresa em um mundo onde veículos deste tipo têm à disposição somente bancos de couro no catálogo. E não são de tecido comum, mas sim em uma composição que leva 30% de lã e 70% de poliéster reciclado, este feito principalmente de garrafas de plástico PET ou de lixo removido de oceanos ou vestimentas descartadas. Se você não abre mão do revestimento interno em couro, há opção nas cores preto, caramelo, marrom e bege.
Não dá para passar despercebida também a bela alavanca de câmbio feita de cristal da grife sueca Orrefors, que amplia a aura de sofisticação a bordo do XC60. A peça, exclusiva da versão Inscription, traz iluminação que proporciona um efeito visual ainda mais bonito a noite. Padrão dos Volvo atuais, o acabamento é bastante refinado e traz superfícies suaves ao toque, detalhes em alumínio escovado e revestimento em couro por toda a parte. Tem até acabamento com carpete na parte lateral inferior do console central, sendo que alguns SUVs alemães costumam usar plástico nessa região.
Destaque também para acabamento em madeira (não é imitação) que aparece numa faixa que atravessa todo o painel, sendo presente também no console central. Por dentro o utilitário ainda conta com algumas outras sacadas interessantes, como as saídas de ar para o banco traseiro nas colunas “B” e os práticos assentos infantis integrados no banco traseiro. O espaço traseiro é bom para três adultos tanto para as pernas como na largura, a exceção do túnel central mais alto, que rouba espaço por culpa do espaço destinado as baterias nesta versão híbrida.
O XC60 Inscription conta com painel de instrumentos 100% digital com tela de 12,3", que permite alterar o estilo da instrumentação. As informações estão bem claras (a não ser pelo padrão europeu de consumo medido em litros por 100 km em vez de km por litro), mas o desenho já pede por uma atualização em seu layout gráfico.
Já a central multimídia é bastante intuitiva e rápida em sua operação, mostrando o uso dos motores elétricos e concentrando todos as configurações do SUV, do ar-condicionado até os sistemas de assistência a condução. A ressalva aqui fica para o espelhamento via Android Auto, que no uso do GPS no Google Maps utiliza somente metade da tela de 9 polegadas. Mas isso será corrigido na linha 2022, com um sistema completo desenvolvido em parceria com a Volvo.
Conclusão
O Volvo XC60 soma um pacote completo e traz sete airbags (frontais, de cortinas, laterais e de joelho para o motorista), monitor de pressão dos pneus, faróis fullLED adaptativos, piloto automático adaptativo (sistema semi-autônomo que comanda aceleração, frenagem e vira o volante sozinho em curvas abertas de rodovias), sistema de frenagem de emergência com detector de pedestres e animais, assistente de manutenção em faixa, alerta de colisão frontal, retrovisores elétricos com escurecimento automático e memória e alerta de ponto cego que evita colisões laterais puxando o volante de volta para a faixa.
Traz ainda bancos dianteiros elétricos com memória e aquecimento (inclui ajuste lombar e extensão para as pernas), painel revestido em couro, chave com acabamento em couro, porta-malas com acionamento elétrico, som com 10 alto-falantes com subwoofer e 225 watts de potência, painel com tela de 12,3 polegadas e multimídia com tela vertical de 9” com suporte a Apple CarPlay e Android Auto.
Em resumo, o Volvo XC60 Inscription traz um pacote equilibrado como poucos no segmento ao combinar conforto, potência e baixo consumo de combustível – esses dois últimos méritos da motorização híbrida disponível em todas as versões do SUV. E se olharmos o que a concorrência oferece em termos de equipamentos e motorização, como Audi Q5 S Line Black (R$ 395.990), BMW X3 xDrive30e (R$ 390.950) e Mercedes-Benz GLC (R$ 439.900), nenhum deles entrega tanto na mesma faixa de preço como o XC60 Inscription.
E é por isso que ele deve continuar sendo o SUV premium mais vendido do país por alguns anos (em 2021 já são 1.857 unidades emplacadas). Para 2024 está prevista a chegada da terceira geração, que não terá versões a combustão e nem híbridas, apenas com propulsão 100% elétrica, mas em 2022 deveremos ter a versão levemente reestilizada apresentada na Europa. De qualquer forma, estamos prontos para o futuro.
Fotos: Diego Dias (para o InsideEVs Brasil)
Volvo XC60 T8 Recharge
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