Brasil tem a chance de se tornar potência exportadora de lítio
O lítio verde do Brasil pode impulsionar a transição energética de eletrificação dos veículos nos EUA e Europa
Enquanto não define de forma clara seu papel na transição energética global para carbono zero, o Brasil se depara com muitas possibilidades que podem ser exploradas. Uma delas é a oportunidade de se tornar um grande exportador global de insumos de lítio para abastecer a indústria de baterias para veículos elétricos.
Essa opção se apresenta como uma alternativa ambientalmente sustentável, e tecnologicamente avançada, o que pode, eventualmente, permitir ao país exercer um papel de protagonista na transição energética global para carbono zero.
"O país já é polo de investimentos globais, que estão redesenhando a base socioeconômica do Vale do Jequitinhonha, numa transformação de uma das regiões mais pobres do mundo no semiárido norte do estado de Minas Gerais para o "Vale do Lítio", diz Sigma Lithium Co - CEO, Ana Cabral-Gardner, que também irá palestrar na COP26 em Glasgow, na Escócia.
Seus comentários foram realizados numa apresentação para a Comissão de Minas e Energia do Congresso Nacional, durante um seminário sobre o papel da Mineração na descarbonização global organizado pelo IBRAM (Instituto Brasileiro de Mineração) e pela Comissão de Minas e Energia na Câmara dos Deputados do Congresso Brasileiro, liderada pelo deputado Édio Lopes.
Cabral-Gardner, que recentemente participou do Diálogo de Alto Nível das Nações Unidas sobre Energia acrescentou: "Os países que produzem lítio ganharão relevância e importância no cenário global durante a próxima década na corrida para a descarbonização".
Nesse sentido, vários países na Europa, EUA e Ásia já investiram cerca de US$ 20 bilhões nos últimos anos na produção de baterias de lítio e seus respectivos insumos como prioridade máxima para atender a necessidade de eletrificação de suas frotas de veículos, cuja maioria ainda é altamente poluente.
A executiva entende que o Brasil já figura entre os líderes globais em descarbonização, considerando que 88% da frota nacional é "flex" e pode ser abastecida com etanol, um combustível mais limpo. Nesse cenário, o país poderia assumir um papel ainda mais importante ao explorar a exportação do lítio para atender à mobilidade elétrica.
"O crescimento nas vendas de veículos elétricos na Europa, Ásia e Estados Unidos representa uma oportunidade fantástica para o Brasil se posicionar como uma potência de lítio verde, fornecendo insumos de lítio para a fabricação de baterias que irão possibilitar a conversão do transporte global para carbono zero", acrescentou Cabral-Gardner.
Trate-se de uma oportunidade de se juntar aos nossos vizinhos na América do Sul, Chile e Argentina, como grande exportador de lítio. No entanto, pondera que o país tem que se posicionar logo:
"O Brasil tem muito lítio para exportar. Porém, essa janela de mercado não permanecera aberta por muito tempo: O lítio é um mineral abundante e barato e pode ser encontrado em diversos lugares do mundo. Outros países como a Argentina e Chile já são produtores estabelecidos e possuem um marco regulatório amadurecido e compatível com a aceleração da transição energética, consequentemente atraindo investimentos significativos"
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