Enquanto acelera a transformação para se tornar uma marca de carros elétricos até 2035, a GM enxerga boas possibilidades para a mobilidade elétrica no Brasil, mas pondera que isso depende do tamanho do interesse da sociedade como um todo nessa transição.
Segundo Marina Willisch, vice-presidente de Relações Governamentais e de Comunicação da GM para a América do Sul, em entrevista à Exame Invest, a GM é uma das montadoras mais comprometidas com a transformação da indústria automotiva global rumo à energia limpa.
Nesse cenário, a VP da GM enxerga que o Brasil tem recursos, capital humano e capacidade técnica para ocupar papel de destaque nessa transição, mas pondera que isso depende de investimentos e ambição da sociedade para fazer essa mudança.
"Temos todos os minerais necessários ou no Brasil ou no nosso entorno. Temos mão-de-obra extremamente qualificada, exportamos engenheiros. A academia é muito forte. Temos uma capacidade de produção enorme. Precisa de investimentos, como em qualquer lugar do mundo. Os fornecedores no país são globais. E temos consumidores exigentes a partir do momento em que puderem experimentar carros elétricos", disse Willisch.
Ela também cita que as plantas de Gravataí, São Caetano do Sul e Joinville têm certificações ecológicas importantes e geração de energia fotovoltaica. Mas isso não é tudo: o produto final (os automóveis) também precisam ser limpos ecologicamente.
Nesse ponto foi definida a política 'zero, zero, zero', que coloca todas as decisões globais da GM no rumo para um futuro 100% de carros elétricos. A GM já anunciou que pretende atingir a neutralidade de carbono globalmente até 2040, não lançar mais veículos movidos a combustão até 2035 e investir US$ 35 bilhões para lançar 30 modelos elétricos em segmentos variados até 2025.
Mas essa não é só uma questão da montadora, toda a sociedade precisa estar envolvida nessa transformação, como foi dito no início. E isso passa pela conscientização e conhecimento sobre os carros elétricos:
"um carro que você carrega em casa, que não faz barulho, que tem autonomia de até 500 a 600 quilômetros..."
Quando questionada pela Exame sobre a necessidade de redução do preço do carro elétrico, Marina afirma que a GM tem trabalhado para reduzir o custo da bateria e firmado parcerias para melhorar a infraestrutura.
A executiva acrescenta que isso não depende exclusivamente das montadoras e são necessárias políticas públicas de apoio envolvendo União, Estados e munícipios. Ainda não dá pra saber quando esse envolvimento irá ocorrer, mas o mundo dá sinais que é preciso mudar.
A visão da GM é de que o país tem os minerais necessários, mão-de-obra qualificada e consumidores exigentes quando tiveram a oportunidade de conhecer e testar os carros elétricos.
Considerando esses atributos, afirma que o Brasil tem condições de se tornar um polo de desenvolvimento, produção e exportação de veículos elétricos e tecnologias relacionadas, indo muito além da simples montagem de carros elétricos. Mas pondera que tudo isso depende da já citada transformação que envolve toda a sociedade e muitos investimentos.
Todas as montadoras irão migrar para os carros elétricos, cada uma dentro do seu prazo, mas a transição é inevitável. Há um consenso na indústria de que a eletrificação é o único caminho, mas a grande questão é em quanto tempo essa mudança vai acontecer.
Por último, Marina afirma que a demanda é maior que a oferta, até mesmo porque os carros elétricos são importados. Mas é necessário haver um nível de conhecimento maior por parte dos consumidores. Ela cita, por exemplo, que muitas pessoas ainda fazem confusão entre carros híbridos e elétricos. Nesse ponto, as empresas terão um papel importante como pioneiras na adoção de veículos elétricos.
O plano estratégico da GM prevê o lançamento 30 veículos elétricos no mundo até 2025, sendo que parte deles já estará no mercado brasileiro. Atualmente, o único carro elétrico da montadora no país é o Chevrolet Bolt, que em breve pode receber a companhia do Bolt EUV, um SUV elétrico compacto e mais adiante de novidades como o futuro Equinox e Blazer elétricos. A conferir.
Fonte: Exame
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