A indústria britânica parece ter sido sempre uma das mais indiferentes em relação ao carro elétrico. Ainda hoje, se formos honestos, os carros e vans movidos a bateria que pelo menos formalmente vêm do Reino Unido são construídos por estrangeiros, pense nas marcas LEVC e MG controladas pela China e Vauxhall, que faz parte do Stellantis, enquanto a Jaguar está apegada ao primeiro modelo montado na Áustria.
Isto não diminui, entretanto, o fato de que houve algumas tentativas de abordar a propulsão elétrica no passado, embora sem uma resposta entusiasmada. Um exemplo são os pequenos táxis elétricos feitos pela Lucas, que não ultrapassaram a fase de protótipo.
Lucas era, na época, um dos mais importantes fornecedores de componentes, especialmente compressores e lâmpadas, para a indústria britânica, e tinha uma visão que na prática ainda hoje se mostra correta. De fato, a empresa considerou que a propulsão elétrica poderia oferecer os maiores benefícios na redução dos custos de operação para aqueles tipos de veículos destinados a rodar longas distâncias, como os táxis, em vez de carros particulares.
Hoje, a rápida expansão das vans elétricas para serviços de entregas na cidades confirma que o princípio estava correto, mas na época a ideia teve dificuldades para encontrar apoiadores por causa dos custos, que uma indústria quase inexistente deixava proibitivos.
Lucas projetou o veículo com ajuda da empresa de engenharia Ogle, já criadora de alguns dos mais famosos microcarros britânicos do pós-guerra, como o Bug Bond e a Cimitarra Reliant.
O resultado foi um pequeno carro quadrado projetado em torno de um amplo compartimento de passageiros, com pouco menos de 3,6 metros de comprimento (tão longo quanto um Renault Kwid) e com uma distância entre eixos de pouco menos de 2,4 metros, mas quase 1,8 metro de largura e mais ou menos a mesma altura, bem confortável para quatro ocupantes. O propulsor era de tração dianteira e toda a unidade de energia estava acoplada a uma estrutura auxiliar de fácil remoção, assim como as 18 baterias de chumbo-ácido.
Estas foram projetadas diretamente pela Lucas que conseguiu alcançar uma densidade de potência de 13,6 Wh por libra de peso, ou 6,1 Wh/kg, superior à média do período que era de 10-12 Wh por libra (4,5 a 5,5 Wh/kg). Eles alimentaram um motor de 216 V com 50 kW de potência de pico para uma velocidade máxima de pouco menos de 100 km/h e um alcance médio de 160 km.
O primeiro protótipo do Lucas Electric Taxi estreou no London Motor Show de 1975 sem atrair muito interesse. A própria Lucas não tinha ambição de se tornar um fabricante de carros elétricos, mas considerava a iniciativa como uma boa publicidade e um banco de testes para seus componentes e tecnologias. Portanto, não se esforçou muito, embora tenha tentado iniciar os testes rodoviários nos anos seguintes.
O carro, apesar de sua carroceria de fibra de vidro, pesava cerca de duas toneladas devido às baterias e, mais importante, teria sido mais de 60% mais caro do que a média dos táxis tradicionais, o que teria sido incomportável para os motoristas de táxi, um obstáculo ao qual deve ser acrescentada a total ausência de subsídios ou financiamento estatal para este tipo de projeto.
Assim, a Lucas limitou-se a construir os três primeiros protótipos, dois dos quais provavelmente foram perdidos ou destruídos, enquanto o último, talvez o único ainda intacto, pertence a uma coleção privada.
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