O Brasil tem potencial para se tornar um dos grandes mercados globais de carros elétricos. A posição de destaque do país na transição para a mobilidade elétrica foi confirmada pelo estudo "Acelerando a mudança rumo à Mobilidade Sustentável no Brasil, da McKinsey & Company", que trouxe dados muito interessantes sobre o perfil do consumidor e um futuro promissor nesse campo, desde que as transformações necessárias ocorram.
Em primeiro lugar, a pesquisa realizada nos principais centros urbanos do país mostra o que já havia sido indicado em outras análises: o brasileiro é mais suscetível às questões ambientais e sustentáveis, sobretudo ao carro elétrico, na comparação com outros países. Mas há dois pontos de divergência aqui: o preço de aquisição e a previsibilidade de recarga em rodovias, durantes as viagens.
Nesse ponto, a análise da McKinsey traz muitos dados interessantes sobre o perfil dos brasileiros:
O interesse do público brasileiro pelos veículos elétricos é tão significativo que 30% comprariam um veículo elétrico mesmo sem uma opção de recarga em casa. Além disso, 55% estariam dispostos a pagar entre 5% e 20% mais caro por eles, na comparação com um modelo a combustão equivalente, ainda que 40% deles informe que o preço é uma das maiores preocupações.
De acordo com o estudo da McKinsey, o Brasil terá uma frota com 11 milhões de carros elétricos a bateria em circulação em 2040, um volume que representará 55% das vendas de veículos 0 Km no país - em 2022, a participação dos elétricos a bateria foi de apenas 0,4% no total de emplacamentos.
Confira abaixo a previsão de evolução da participação nas vendas:
O estudo também apurou que o Custo Total de Propriedade de carros elétricos está em queda na comparação com os modelos a combustão. No caso do segmento médio (com preço entre R$ 200 mil e R$ 400 mil), o custo do elétrico já é inferior para quem roda mais de 150 km/dia. Mas a tendência é que por volta de 2030, esse custo já seja mais vantajoso para os carros elétricos mais acessíveis, o que ajudará na disseminação desses veículos.
Em termos de emissões, a vantagem é clara para os carros elétricos a bateria, que têm um volume de emissões durante o ciclo de vida por veículo entre 10 e 14 toneladas de CO2, enquanto os veículos convencionais emitem de 17 a 44 toneladas de CO2 durante sua vida útil.
Tudo isso mostra que o Brasil tem grande potencial na transição para a mobilidade sustentável, seja pelo grande interesse do público, como pela matriz energética mais limpa. Mas a jornada depende ainda de um grande esforço que envolva governos, sociedade e transformação da indústria.
Nesse ponto, o estudo indica quatro pilares fundamentais para avançar na eletrificação:
Além de aprimorar os incentivos à produção e aquisição de carros elétricos, o Brasil também precisa desenvolver uma infraestrutura de energia para comportar o crescimento nas vendas desses veículos. No entanto, o estudo conclui que a geração e transmissão de energia provavelmente não serão muito afetadas pelo crescimento da mobilidade elétrica: o aumento no consumo energia corresponderá a cerca de 3% da energia gerada por ano, em valores atuais.
Mas a infraestrutura de carregamento se impõe como um desafio, que precisará de incentivos para a instalação de carregadores residenciais e comerciais, bem como constante ampliação da rede pública: o estudo estima que seria necessário um crescimento de 45% ao ano até 2040 para comportar o avanço da frota de carros elétricos no país.
Por fim, com base na experiência de grandes mercados como China, Europa e Estados Unidos, a análise conclui que a transição para a mobilidade elétrica irá gerar grandes oportunidades de negócio. Em 2022, esse mercado gerou receitas de US$ 1 bilhão aqui no Brasil, número que irá quadruplicar até 2025 e alcançar US$ 65 bilhões em 2040.
Fonte: McKinsey
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