A BYD se manifestou a respeito do comentário da Anfavea sobre o retorno do imposto de importação para carros elétricos no Brasil. A montadora chinesa criticou o posicionamento da entidade que representa os fabricantes locais e disse que não acredita que haja um anúncio nestes termos pelo governo federal.
A informação é da Reuters, que entrevistou Alexandre Baldy, conselheiro especial e porta-voz da BYD no Brasil, onde o executivo foi muito claro em condenar a manifestação da Anfavea sobre um tema que ainda não está decidido. Além disso, criticou a posição contrária à vinda de veículos eletrificados que ajudarão o setor a cumprir as metas ambientais.
"É descabido imaginar que o presidente de uma entidade dessa envergadura (Anfavea) possa colocar palavras na agenda de um governo que lutou tanto para trazer a COP 30 para o Brasil e dizer que vai haver uma taxação de carros elétricos que visam justamente contribuir para a proteção ao meio ambiente", disse Baldy.
Baldy reforçou que o diálogo da empresa é com o governo e que ainda não há uma posição definitiva sobre a volta do imposto de importação para os veículos eletrificados.
O tema do imposto voltou aos holofotes na semana passada, após a Anfavea ter afirmado que o governo federal deve anunciar o fim da isenção ainda neste mês. Segundo a entidade, o principal motivo seria a "invasão chinesa" de veículos eletrificados.
A Anfavea, por sua vez, disse que junto com o anúncio da volta do imposto, que deve ser gradual ao longo dos próximos três anos, o governo também publicará as normas da segunda fase do Rota 2030, que torna as regras de emissões e eficiência de veículos novos mais restritivas.
Márcio Leite, presidente da Anfavea, mencionou uma “invasão de produtos asiáticos, principalmente da China” na América Latina. Entretanto, o executivo disse que “não tem nada contra chineses, asiáticos”, mas que o setor automotivo defende o retorno do imposto de importação de 35% para os veículos elétricos e híbridos, como já acontece para os modelos a combustão.
Na ocasião, Leite ressaltou sua preocupação com o volume de veículos eletrificados importados:
"investem para montar 100 mil veículos, mas vão trazer (importar) 500 mil"
Durante a entrevista para a Reuters, Baldy rebateu essa fala dizendo que atualmente nenhuma montadora no Brasil vende 500.000 veículos por ano. Por fim, disse que BYD tem como objetivo trazer altos investimentos para o país e produzir seus modelos aqui.
"O desejo da BYD não é importar carros indefinidamente, é trazer para o Brasil investimento muito relevante para produzirmos nossos modelos aqui"
Além disso, Baldy reafirmou que a vice-presidente da BYD Stella Li e o fundador e presidente da companhia, Wang Chuanfu, virão ao Brasil em outubro para celebrar a pedra fundamental da fábrica de veículos elétricos e baterias em Camaçari (BA).
Com um investimento programado de R$ 3 bilhões, o complexo que irá produzir carros elétricos, híbridos plug-in e baterias tem como meta inicial 150.000 unidades por ano para abastecer principalmente o mercado interno e também servir como hub para outros países da América Latina.
Com vendas recordes de carros elétricos em agosto, o destaque do mês foi a BYD, que liderou o segmento de BEVs e ainda emplacou os três modelos mais vendidos.
Foram 1.167 emplacamentos de veículos elétricos no Brasil em agosto, sendo 656 unidades da BYD, que ficou em primeiro lugar no ranking de vendas de veículos 100% elétricos no mês passado - número seis vezes maior que o da segunda colocada, segundo os dados divulgados pela ABVE – Associação Brasileira do Veículo Elétrico.
A montadora chinesa emplacou os três carros elétricos mais vendidos do Brasil em agosto: BYD Dolphin (371), BYD D1 (153) e BYD Yuan Plus (132).
Fonte: Reuters/Economia Uol
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