A ABVE criticou os planos do governo de retomar a cobrança do Imposto de Importação para carros elétricos e híbridos no Brasil. Entidade que representa as montadoras que vendem veículos elétricos no país entende que o fim da isenção pode ser uma atitude precipitada.
Ricardo Bastos, presidente da Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), diz que a volta da cobrança do imposto pode encarecer os carros eletrificados e ainda atrasar o desenvolvimento do setor, com o adiamento de investimentos - um efeito que seria contrário ao do que o governo justifica para acabar com a isenção.
"Quando se vê o mercado (de eletrificados) crescendo como está, todo mundo faz planos para aumentar modelos e para novos investimentos. Qualquer mudança de regra agora pode adiar decisão de investimentos ainda não declarados"
Nesse sentido, a ABVE não é contra a tributação, mas ela não deve ocorrer agora, quando as vendas de carros elétricos e híbridos plug-in responde por apenas 1,7% do mercado (0,5% quando consideramos só os elétricos a bateria). Em vez disso, a entidade fala em retomar a cobrança quando essa participação chegar aos 5%, algo previsto para 2025.
Vale destacar que nesse patamar de 5%, a curva de crescimento das vendas de carros elétricos e híbridos plug-in toma forte impulso, conforme nos mostra a experiência internacional, baseadas em diversos estudos sobre a adoção de novas tecnologias, com maior conhecimento do público e melhor oferta de infraestrutura.
Bastos também falou sobre o aumento das vendas pelas marcas chinesas (Caoa Chery, BYD e GWM), as três maiores em emplacamentos de carros híbridos, híbridos plug-in e elétricos no Brasil.
"As vendas de veículos eletrificados no Brasil hoje são 2% do mercado, 2% não é invasão", disse o presidente da ABVE.
"(A isenção do imposto de importação) está trazendo anúncios de investimentos. Voltar com o imposto agora seria jogar fora todo o esforço que o Brasil tem feito em eletrificação, não só das montadoras, mas de fornecedores", acrescentou se referindo às indústrias de baterias e carregadores.
A fala de Bastos é uma resposta ao comentário do secretário de Desenvolvimento Industrial do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Uallace Moreira, que durante uma entrevista à Reuters publicada na última sexta-feira (15), confirmou a volta do imposto de importação, justificando a necessidade de estimular a produção local de carros com tecnologia e energia limpa e que diversos países vêm adotando políticas protecionistas nesse campo.
A data exata de quando a nova medida entrará em vigor ainda está em debate e aguarda definição do vice-presidente e ministro da pasta, Geraldo Alckmin, de acordo com o secretário. No entanto, fontes do setor adiantam que o anúncio ocorrerá até o fim do mês.
A isenção da tarifa de importação para carros elétricos e híbridos foi anunciada há cinco anos e tinha como objetivo incentivar a vinda de novas tecnologias de propulsão, mais limpas, mas não tinha data definida para terminar.
Atualmente, as alíquotas do imposto de importação são de 0% para veículos elétricos e de até 4% para híbridos, enquanto os veículos equipados com motor de combustão interna pagam 35%.
De qualquer forma, empresas como GWM e BYD já haviam anunciado seus investimentos, com projetos para começar a produzir veículos elétricos e híbridos no Brasil. A primeira tem previsão de início em maio de 2024 em Iracemápolis, no interior de São Paulo, e a segunda em Camaçari (BA), no início de 2025.
Fonte: Forbes
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