Nova política de importação de carros elétricos favorece veículos a combustão
ABVE afirma que medida vai na contramão da tendência global de mobilidade sustentável
Retrocesso. Após a decisão que restabeleceu a cobrança do imposto de importação para carros elétricos, híbridos e híbridos plug-in no Brasil a partir de janeiro de 2024, entidades como a ABVE, que incentiva o uso e desenvolvimento de veículos de energia limpa no país, se manifestaram contra a medida, considerada prematura.
Segundo o comunicado publicado pela ABVE, a nova política de Imposto de Importação para veículos leves híbridos e elétricos, anunciada na última sexta-feira (10) pelo Gecex/Camex, frustrou todos aqueles que, como a ABVE, apostam no transporte limpo, renovável e sustentável no Brasil.
A conclusão é de que a medida favorece os veículos movidos a combustão no curto prazo, e no médio prazo projeta insegurança para as empresas que planejam investir na mobilidade sustentável, seja na produção de veículos ou na criação de infraestrutura, mesmo para aquelas que já anunciaram a produção local, como GWM e BYD.
“As medidas anunciadas hoje são muito ruins para a eletromobilidade” – disse o presidente da ABVE, Ricardo Bastos.
“Elas atendem principalmente ao lobby das associações que defendem os combustíveis fósseis, e não aos interesses dos consumidores e da sociedade brasileira, que apoiam um transporte moderno e não poluente”.
Galeria: GWM Ora 03 Skin - Salão do Veículo Elétrico
Mais grave que isso, a decisão foi precipitada, considerando que o governo federal ainda não concluiu a nova política para o setor automotivo, que sucederá o Rota 2030 e se chamará Mobilidade Verde e Inovação-Mover.
“O governo decidiu fechar o mercado às tecnologias de baixa emissão antes de as empresas saberem qual será a regra do jogo do futuro regime automotivo” – criticou Ricardo Bastos.
“O resultado será muito ruim para os investidores e para o mercado. Vai encarecer o preço dos veículos elétricos e híbridos no Brasil e afetará as decisões de investimento das empresas que apostavam em regras estáveis para produzir veículos elétricos em território nacional”.
Galeria: BYD Yuan Plus - concessionária SP
Outro ponto criticado foram as cotas de isenção de importação de veículos elétricos e híbridos anunciadas pelo governo, consideradas insignificantes, diante do tamanho potencial do mercado de eletrificados no país.
Cotas de importação:
Propulsão: | Híbrido (HEV) | Híbrido Plug-in (PHEV) | Elétrico a bateria (BEV) | Caminhões elétricos |
Julho/2024 | US$ 130 milhões | US$ 226 milhões | US$ 283 milhões | US$ 20 milhões |
Julho/2025 | US$ 97 milhões | US$ 169 milhões | US$ 226 milhões | US$ 13 milhões |
Julho/2026 | US$ 43 milhões | US$ 75 milhões | US$ 141 milhões | US$ 6 milhões |
Por fim, a ABVE não é contra uma política de incentivo à produção nacional de veículos elétricos, mas sustenta que a medida anunciada se mostra prematura, pois o segmento ainda representa uma parcela pequena das vendas.
A entidade diz ainda que 2023 deve fechar com recorde histórico nas vendas de carros elétricos e híbridos no país, que podem superar os 80.000 emplacamentos, mas não há como garantir que esse ritmo se mantenha no ano que vem, diante de medidas controversas dos governos.
Tabela progressiva do imposto de importação:
Propulsão: | Híbrido (HEV) | Híbrido Plug-in (PHEV) | Elétrico a bateria (BEV) |
Janeiro/2024 | 12% | 12% | 10% |
Julho/2024 | 25% | 20% | 18% |
Julho/2025 | 30% | 28% | 25% |
Julho/2026 | 35% | 35% | 35% |
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