Há muito tempo a Toyota é acusada de estar atrasada na transição para veículos elétricos. Mas, este ano, a montadora japonesa, que se tornou conhecida por sua proeza na produção, anunciou alguns planos ambiciosos para intensificar seus esforços em veículos elétricos.
Esses planos incluem técnicas de giga fundição, uma linha de montagem de última geração que utiliza carros autônomos que se dirigem sozinhos na linha e avanços na tecnologia de baterias que devem resultar em autonomia de cerca de 1.600 km após 2028. 10 carros elétricos baseados em uma arquitetura totalmente nova também serão lançados a partir de 2026.
Galeria: Toyota bZ3 - ao vivo
Mas tudo isso talvez nunca tivesse sido possível sem um grande alerta da montadora chinesa BYD, que foi parceira da Toyota no desenvolvimento do sedã bZ3 totalmente elétrico.
De acordo com uma entrevista do Toyota Times com o recém-empossado presidente da fábrica de veículos elétricos a bateria da empresa japonesa, Takero Kato, ele ficou chocado durante uma viagem de negócios à China.
"Pela primeira vez, fiquei cara a cara com a competitividade dos componentes chineses", disse Kato."Na China, eles não estavam apenas aprendendo e aplicando tecnologias, mas também transformando rapidamente a fabricação."
"Ao ver equipamentos que eu nunca tinha visto no Japão e sua fabricação de última geração, fui atingido por uma sensação de crise - 'Estamos com problemas!' Ao mesmo tempo, comecei a pensar que gostaria de passar o resto de minha carreira na China", acrescentou.
Essa sensação de realização veio quando a Toyota começou a colaborar com a BYD para o sedã bZ3 do mercado chinês, que é baseado na plataforma e-TNGA da fabricante japonesa, mas usa as baterias Blade da fabricante chinesa.
Como diz Kato, o desenvolvimento do sedã elétrico foi marcado por mudanças constantes. Uma experiência particularmente reveladora ocorreu cinco meses depois que a altura e a distância entre eixos do veículo foram modificadas, o que, por si só, já é uma grande mudança.
Galeria: BYD Blade Battery
"A altura total foi reduzida em cerca de 25 milímetros, de modo que a parte inferior da carroceria teve de ser totalmente refeita. No Japão, isso teria paralisado todo o desenvolvimento", disse o chefe da Fábrica de BEV da Toyota. "Independentemente disso, todos concordaram com a mudança porque estávamos comprometidos em lançar um produto que deixaria os clientes satisfeitos. No fundo, parecia uma perda de tempo total, mas tivemos que ir em frente", acrescentou.
Enquanto testava o bZ3 na Mongólia, Kato foi convocado para uma entrevista com Akio Toyoda, presidente da Toyota, e Koji Sato, CEO da empresa. Durante a reunião, ele foi convidado a retornar ao Japão e assumir o comando do Centro de Desenvolvimento de Veículos, que cuida de tudo, desde o planejamento até o desenvolvimento da produção em massa.
Leia mais sobre a Toyota:
Em julho de 2023, quando a Toyota estava realizando sua Assembleia Geral de Acionistas anual em Tóquio. Aqui, Kato pega o microfone e diz: "Eu amo os BEVs". Mas isso foi planejado?
Na última entrevista ao Toyota Times, ele explica que realmente acredita no que disse há quatro meses. "Não foi conversa fiada - falei sério em cada palavra. Os veículos elétricos têm qualidades e desempenho de direção exclusivos, encontrados apenas em VEs."