Enquanto o segmento de veículos comerciais é um dos que mais despontam com a transição energética, o Renault Kangoo E-Tech se apresenta renovado e pronto para brigar num mercado com cada vez mais opções eletrificadas. No Brasil desde outubro, depois de uma pré-venda, chegou para suceder o Kangoo Z.E., que foi um dos pioneiros da linha de veículos elétricos da marca francesa por aqui.
Em sua segunda geração - o que é um ponto positivo para a Renault, já que a maioria dos rivais elétricos ainda estão na primeira - o furgão chega com a missão de manter a liderança no segmento dos comerciais elétricos, somando mais de 600 unidades emplacadas desde 2013. O foco continua nas empresas do setor logístico e last-mile que estão apostando na mobilidade elétrica, um dos mercados-chave na transição energética.
Evoluindo em vários os aspectos, o furgão movido a eletrificidade ficou maior, ampliou a capacidade de carga, ganhou uma nova bateria com maior capacidade e um motor elétrico com o dobro da potência do seu antecessor. Este novo Renault Kangoo E-Tech possui uma bateria de 45 kWh (capacidade útil), suficiente para uma autonomia de até 210 km pelo ciclo Inmetro - como referência, o Kangoo Z.E. tinha uma bateria de 33 kWh.
Passando aos números, o novo Kangoo E-Tech mede 4,91 metros de comprimento, 1,88 m de altura, 1,86 m de largura e 3,10 m de entre-eixos. São 110 mm a mais de altura e 110 mm extras no compartimento de carga, que agora tem 2,23 m de comprimento e 1,20 m de altura. A capacidade de carga útil é de 4,3 metros cúbicos ou 800 kg, com acesso pode ser feito tanto pela porta traseira quanto por uma lateral deslizante, contra 3,6 m³ do modelo de geração passada.
No eixo dianteiro fica o motor elétrico de 120 cv e 25 kgfm de torque. Por ser um veículo comercial e também para poupar as baterias, a velocidade máxima é limitada a 130 km/h, que é compatível com sua proposta. Além disso, pode acelerar de 0 a 100 km/h em 12 segundos, segundo a sua ficha técnica.
E como foi dito, umas das principais mudanças foi a bateria de 33 kWh que foi substituída por uma unidade com 45 kWh de capacidade, elevando a autonomia de 148 km para 210 km, seguindo o ciclo de testes do Inmetro. Esta bateria usa 8 módulos e 96 células, o que facilita a manutenção, segundo a Renault. A marca francesa promete uma garantia de 8 anos ou 160 mil km para a bateria, 3 anos a mais do que o Kangoo Z.E. – para todo o veículo, a garantia é de 3 anos ou 100 mil km.
As melhorias na parte elétrica vão além da bateria nova, pois agora o furgão passa a aceitar carregamento entre 3,7 kW e 22 kW em corrente alternada (era apenas 7,4 kW no máximo) e também pode usar estações rápidas de até 80 kW em corrente contínua. Uma carga de 15% a 80% leva 2 horas e 30 minutos usando um Wallbox de 11 kW, subindo para 6 horas com um carregador de 7,4 kW. Na prática, uma estação de 80 kW precisa de 31 minutos para carregar a baterá até 80%.
No uso diário, a habitabilidade agradou. O interior é amplo para os dois ocupantes, tem acabamento simples, predominantemente em plástico, mas com o uso de materiais de qualidade e montagem adequada.
Considerando sua proposta de veículo para trabalho, o Kangoo E-Tech é bem equipado. Conta com quatro airbags, sensor de estacionamento traseiro, câmera de ré, controle de estabilidade, assistente de partida em rampas, central multimídia de 8 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay, ar-condicionado digital automático, sensor de chuva, sensor crepuscular, luzes diurnas e lanterna de neblina em LED, monitoramento de pressão dos pneus, entre outros.
Em movimento, uma boa surpresa. Posição de dirigir mais alta, ergonomia, silêncio na cabine, resposta e peso da direção e suspensão dianteira bem calibrada tornam a rodagem agradável, ainda que a parte traseira seja mais dura por conta da proposta. Na prática, em boa parte do tempo dá até pra esquecer que se trata de um utilitário.
Mais acostumado aos carros de passeio, a ausência do retrovisor interno parece estranho no começo, mas se acostuma rápido, até por conta dos ótimos retrovisores externos com amplo campo de visão. No trânsito da cidade, o furgão elétrico se sai bem. Acelera com disposição e tem retomadas consistentes, mérito do novo trem de força, nitidamente superior ao do modelo de geração passada.
A instrumentação é simples e funcional, como convém a um veículo comercial. Aqui, achei interessante o marcador de carga da bateria com ponteiro, igualzinho a um marcador de combustível tradicional. Pode parecer um detalhe sem importância, mas no uso diário olhar para o ponteiro ao invés de um percentual de carga que vai diminuindo enquanto você anda ajuda a reduzir a ansiedade de alcance.
Para otimizar o consumo, há dois modos de condução (ECO e Normal) e três níveis de regeneração, sendo o último praticamente uma condução One Pedal, oferecendo alto nível de recuperação de energia pela frenagem. E falando em eficiência, o Kangoo E-Tech aproveita bem a bateria com consumo médio de 5,77 km/kWh (17,3 kWh/100 km) no uso urbano, o que daria em tese uma autonomia de 260 km. Isso utilizando o furgão sem carga, então o número na vida real deve variar entre os 210 km oficiais do Inmetro e o valor indicado aqui.
Mais caro que o modelo a combustão, o Kangoo E-Tech custa R$ 259.990 e é oferecido pela Renault com o argumento de custo operacional mais baixo do veículo elétrico para convencer os clientes, o que é um fato: são R$ 0,15 por quilômetro rodado, contra os R$ 0,50 de um Kangoo a gasolina. A empresa até fez um cálculo do custo de energia por entrega urbana, dizendo que a empresa gastará R$ 0,12.
Para não se preocupar com a manutenção, a Renault tem um centro de distribuição de peças em Quatro Barras (PR) com uma área dedicada para os componentes para veículos elétricos. A promessa é entregar peças em até um dia útil para todas as capitais dos estados brasileiros, exceto no caso das baterias, que o prazo sobe para até 3 dias úteis.
Questões comerciais à parte, o fato é que a versão elétrica traz benefícios que vão além do custo de propriedade ou rodagem. Condução silenciosa, ausência de vibrações e ótimo isolamento de ruídos externos fazem a diferença no final do expediente ao volante de um veículo de trabalho.
Renault Kangoo E-Tech
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