Primeiras impressões BMW CE 02: Só não pode chamar de moto
Chamada como "solução de mobilidade", é o resultado de uma boa engenharia em algo pequeno
De Lisboa (POR) - E-Parkourer, esse é o nome oficial do veículo que o InsideEVs Brasil foi até Portugal conhecer. Trata-se da moto elétrica de entrada da BMW para mercados como os da Europa e dos Estados Unidos. Parece uma moto pequena, mas não é. É diminuta e automática, como uma scooter, mas também não é exatamente a caixinha na qual a colocaria.
Inventar um nome ou categoria parece apenas uma jogada de marketing para fazer barulho. Porém, depois de devolver a chave, quase fui convencido que não é nem moto nem scooter. Mas é uma moto e tem preço (alto): a partir de 8.215 euros (R$ 43,9 mil) em Portugal pela versão que andamos. Há uma opção em alguns mercados menos potente, que dispensa até a habilitação de moto, podendo ser conduzida com uma convencional de carro de passeio.
O que é a BMW CE 02?
Lançada em julho do ano passado, a CE 02 é parte da estratégia de mobilidade elétrica da BMW Motorrad, fazendo companhia para a grandalhona CE 04. Enquanto a última seria uma máxi-scooter, a 02 foi pensada para uso urbano e também para o famigerado público jovem. Daí algumas fotos estranhas que verão na galeria.
Jogadas mercadológicas à parte, mas vamos aos dados. A CE 02 que andamos em Portugal era a mais potente e cara. As rodas parecem grandes, mas são peças de aço de 14 polegadas e calçadas por pneus até que largos para o tamanho da moto. E se você ainda não achou o motor, pode parar de procurar na roda traseira. A BMW não fez uma moto baratinha com o propulsor pendurado lá atrás.
É um motor síncrono que fica localizado bem ao centro do chassi. A solução é para centralizar a massa da moto, que já é atrapalhada pelas duas baterias removíveis que ficam sob o assento. Só que para deixar essa massa tão centralizadas quanto os engenheiros alemães da Motorrad queriam, a saída de força do propulsor ficou à direita. De lá, uma correia aciona um eixo, que aciona outra correia e esta sim gira a roda traseira.
Na versão testada, ele entrega 15 cv de potência máxima e 5,5 kgfm de torque. Para alimentá-lo, a BMW usou baterias com 3,92 kWh de capacidade. Parece pouco, e é. Sua autonomia declarada é de somente 90 km. Mas a CE 02 pesa apenas 132 kg, o que é muito leve para uma moto elétrica dessa categoria. Performance bruta não é prioridade e a BMW limitou a velocidade máxima da moto em 95 km/h.
Nas medidas, a BMW CE 02 tem 1.970 mm de comprimento, 876 mm de largura, 1.140 mm de altura e 1.353 mm de entre-eixos. A altura do assento é de 750 mm apenas. Seu chassi é de aço tubular e usa um truque de motos caras para a suspensão: na dianteira há um garfo invertido com 117 mm de curso, enquanto a traseira tem braço único ao lado esquerdo com 56 mm de curso. Os freios são a disco nas duas rodas, mas o ABS aparece somente para a dianteira.
Entre os equipamentos de série, vale citar a iluminação completa por lâmpadas de LED, controle de tração, painel de instrumentos digital, parabrisa, três modos de condução (Flow, Surf e Flash), chave presencial e até marcha ré. Alguns itens são opcionais, como manoplas aquecidas e banco tricolor, por exemplo.
Moto pequena diversão grande
À primeira vista, a BMW CE 02 parece uma daquelas bicicletas elétricas de pneus largos, mas as placas da Alemanha mostravam que era uma moto de verdade. O visual é todo estranho. Não fossem as rodas e o guidão daria para confundí-la com um PC Gamer. Mas o jeito esquisitão e um tanto robótico é proposital.
A CE 02 é baixa e leve, então não problema para tirá-la do descanso lateral ou a empurrar nas manobras. O painel de instrumentos tem apenas 3,5". É pequeno, mas exibe o que é necessário e não atrapalha o uso.
Circulando pelos modos de condução, o Flow seria o modo normal, com uma resposta mais suave do acelerador e uso comedido de freio regenerativo. Já o Surf deixa a moto mais arisca nas acelerações e deixa de lado a regeneração. Já o Flash é tudo ao máximo, tanto a resposta do acelerador como a regeneração.
Optei por me concentrar no Flow e seu desempenho, para comparar com algo palpável ao público brasileiro, a CE 02 anda um pouco mais que uma scooter de 150 ou 160 cilindradas. Só que a BMW tem algo que essas motos mais baratinhas não tem: um tremendo controle.
A leveza e o acerto de componentes similar ao das motos caras da BMW fazem com que a CE 02 seja muito leve no manejo. Além disso, é muito equilibrada. No "andar quase parando", não exige correções constantes. Esse é o resultado de se despejar "tudo que dá" da gigante engenharia de uma montadora como a BMW Motorrad.
A CE 02 é de uma leveza incrível fazendo curvas, passando muita confiança rapidamente. Como não é uma moto de 100 cv, não há perigo iminente em se querer brincar com a moto. Seja de um lado para outro, ou acelerado no anda e para do trânsito, é tão fácil de operar e tão divertida quanto uma bicicleta. Mas essa você pode ir bem mais longe e em vias públicas.
Como o curso da suspensão traseira é curto, esperava que a moto da BMW fosse dura nos buracos. Demorou, mas encontrei alguns em Cascais (POR), nos arredores da capital portuguesa. E nada de trancos. Aparentemente os pneus largos ajudam na absorção também. E olha que o assento por pouco não é um shape de skate com espuminha em cima. Mesmo o banco não foi fonte de cansaço. Agora, como conseguiram essa verdadeira bruxaria de ter um assento tão raso sem incomodar, não tenho como dizer.
Posso reclamar apenas de duas coisas e somente uma delas é o preço. A primeira é que, por enquanto, esse papo de mobilidade elétrica da BMW Motorrad ainda não chegou ao Brasil. O segundo é o resultado de a montadora ter feito um modelo elétrico de entrada usando todo o conhecimento e recursos que a empresa tinha à disposição em um pacote menor, com resultados ótimos. Mas que é divertida essa motinha é, até demais.
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