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Carro elétrico não é a solução para todo mundo, diz Stellantis

O CEO Carlos Tavares insiste em um futuro com múltiplas opções para a descarbonização do setor automotivo

Citroën e-C3 (2024)

A pressão para que os veículos elétricos sejam o futuro do transporte enfrenta desafios, de acordo com Carlos Tavares, CEO da Stellantis. Embora os VEs sejam considerados uma solução para reduzir as emissões, Tavares argumenta que uma abordagem única para VEs pode não funcionar para todas as regiões e grupos demográficos.

A principal preocupação de Tavares reside na tecnologia de bateria atual. Ele acredita que avanços significativos na química da bateria são necessários para tornar os VEs mais ecológicos. A dependência atual de grandes quantidades de matérias-primas para baterias levanta preocupações.

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"A indústria precisa alcançar um avanço em termos de densidade de energia", disse Tavares, enfatizando a necessidade de reduzir pela metade o peso e o uso de matéria-prima das baterias na próxima década. Ele acredita que novas químicas de bateria resolverão o problema de peso e potencialmente abordarão a escassez de lítio, um elemento chave na maioria das baterias atuais.

Outro grande obstáculo para os veículos elétricos em países em desenvolvimento é o acesso à eletricidade. O professor Roberto Schaeffer, especialista em economia de energia, destaca a falta de redes elétricas estáveis em muitas regiões. Ele sugere que os biocombustíveis podem ser uma opção mais viável nessas áreas do que os VEs.

Galeria: Citroen e-C3 (2024)

"A mobilidade elétrica não é a resposta, pelo menos nas próximas décadas", disse Schaeffer, enfatizando a necessidade de considerar a pobreza energética do sul global e as opções limitadas de transporte.

Tavares também expressou dúvidas sobre o hidrogênio como uma alternativa de mobilidade de massa atual devido ao seu alto custo, mesmo com métodos de produção limpos. Ele o vê atendendo potencialmente a necessidades específicas da frota, mas não ao consumidor médio.

Novo Peugeot e-208 2024

Também sugeriu soluções alternativas de mobilidade como compartilhamento de carros, transporte público e até mesmo opções não motorizadas. A Stellantis, por meio de seu serviço de compartilhamento de carros Free2Move, já é um player nesse espaço. Tavares acredita que o compartilhamento de carros pode ser uma opção sustentável e competitiva em áreas urbanas, desde que fatores como estacionamento gratuito e seguro acessível sejam levados em conta.

No entanto, uma transição bem-sucedida para a mobilidade limpa exige participação pública. Pesquisas indicam que uma porção significativa da população, especialmente os grupos demográficos mais velhos e aqueles em áreas rurais, hesita em mudar seus hábitos de transporte. As gerações mais jovens parecem mais receptivas à adoção de opções de transporte ecológicas.

Um exemplo disso é uma pesquisa da YouGov realizada no Brasil, França, Índia, Marrocos e EUA, onde uma em cada quatro pessoas afirma não ter alterado as suas escolhas de transporte para limitar o seu impacto ambiental e não planeja fazê-lo. Nos EUA é ainda pior: 50% não pretende alterar seus hábitos de locomoção. 

O futuro da mobilidade parece estar em uma abordagem multifacetada. Embora os VEs desempenhem um papel crucial, avanços na tecnologia e no desenvolvimento de infraestrutura são necessários para torná-los uma solução universalmente viável. Investir em opções alternativas como compartilhamento de carros e transporte público também será essencial para criar um cenário de transporte sustentável para mais pessoas.

Fonte: Automotive News Europe, Reuters

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