Embora a adoção de carros elétricos esteja crescendo no mundo, os mercados emergentes e em desenvolvimento enfrentam um desafio: a falta de modelos compactos e baratos. Atualmente, a maioria dos EVs disponíveis nesses países são SUVs ou sedãs grandes, voltados para consumidores premium, com preços fora do alcance do público geral, que muitas vezes sequer possui carro próprio.
Na Índia, por exemplo, os modelos Tiago e Tigor da Tata Motors, com preços entre US$ 10.000 e US$ 15.000, representaram cerca de 20% das vendas totais de carros elétricos em 2023. No entanto, o carro a combustão (ICE) compacto mais vendido custa em média US$ 7.000.
Tata Tiago EV
Modelos grandes e SUVs, por outro lado, responderam por mais de 65% do mercado de elétricos. A BYD, empresa chinesa que planeja deter 40% do mercado de EVs na Índia até 2030, só oferece modelos que ultrapassam 3 milhões de rúpias indianas (US$ 37.000), incluindo o Seal, lançado em 2024 por 4,1 milhões de rúpias (US$ 50.000).
BYD na Índia
Situação semelhante se observa na Tailândia (60% de SUVs e modelos grandes), Indonésia (55%), Malásia (acima de 85%) e Vietnã (mais de 95%). Na Indonésia, por exemplo, o Hyundai Ioniq 5 foi o carro elétrico mais popular de 2023, custando cerca de US$ 50.000.
Analisando os lançamentos previstos para o período de 2024 a 2028 nesses mercados, a maioria dos novos modelos também são SUVs ou grandes. Contudo, há expectativa para a chegada de mais de 50 carros compactos e médios, e a entrada recente ou futura de montadoras chinesas indica que opções mais acessíveis podem surgir nos próximos anos.
De fato, as fabricantes chinesas foram responsáveis por 40% a 75% das vendas de carros elétricos na Indonésia, Tailândia e Brasil entre 2022 e 2023. A chegada de modelos chineses com preços mais baixos impulsionou o mercado nesses locais.
Na Tailândia, a Hozon lançou o Neta V em 2022, por 550.000 bahts tailandeses (US$ 15.600), que se tornou um campeão de vendas em 2023 devido ao preço competitivo em relação aos carros a combustão mais baratos, encontrados por cerca de US$ 9.000.
Zhidou D2S: o carro elétrico mais vendido na Colômbia
Na Indonésia, a entrada do Wuling Air EV em 2022-2023 também foi um sucesso. Já na Colômbia, o carro elétrico mais vendido em 2023 foi o mini-carro chinês Zhidou D2S, encontrado por cerca de US$ 15.000, uma opção vantajosa em relação ao carro a combustão mais barato do país, o Kia Picanto, de US$ 13.000.
No Brasil, os carros a combustão mais baratos estão na faixa dos R$ 73.000 (US$ 14.000), enquanto os elétricos partem de R$ 100 mil (US$ 19.500), situação que não deve mudar no curto prazo, mesmo com a chegada de novos modelos, inclusive chineses.
Renault Kwid E-Tech: por R$ 99.990 é o elétrico mais barato do Brasil
O estudo da AIE comprova que a presença de modelos elétricos acessíveis é fundamental para a popularização da tecnologia nos mercados emergentes. A chegada de montadoras chinesas, focadas em carros compactos e com preços competitivos, pode ser um divisor de águas para a mobilidade elétrica nesses países, mas essa mudança ainda pode demorar um pouco.
Fonte: AIE
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