A crescente demanda por veículos elétricos e a preocupação com o meio ambiente impulsionam a busca por soluções sustentáveis para o descarte de baterias. No Brasil, a reciclagem de baterias de chumbo-ácido, utilizadas em carros convencionais, já é uma prática consolidada, com um índice de reciclagem de 99%. Empresas como a Moura, por exemplo, possuem programas de logística reversa que garantem a destinação adequada desses materiais.
As baterias automotivas convencionais (chumbo-ácido) são gerenciadas de acordo com o PNRS. Na troca, as baterias usadas são recolhidas pelos fornecedores e encaminhadas para reciclagem, onde o chumbo, o ácido e a carcaça plástica são recuperados para novos processos produtivos. Para as baterias de lítio, ainda em menor escala, a responsabilidade pela destinação final é do fabricante do veículo elétrico.
Bateria elétrica Renault Megane E-Tech
A reciclagem de baterias de lítio representa uma oportunidade única para o Brasil. Segundo Ricardo Rüther, professor titular da Universidade Federal de Santa Catarina, "em um deles, as baterias descartadas dos próprios carros elétricos são usadas para carregar outros carros elétricos e assim evitar a sobrecarga na rede elétrica do uso simultâneo de vários carregadores de veículos elétricos".
Essa segunda vida das baterias, além de sustentável, contribui para a estabilidade da rede elétrica. Estima-se que, até 2030, o mercado global de reciclagem de baterias movimente bilhões de dólares, oferecendo um grande potencial de crescimento para o Brasil, que possui uma das maiores reservas minerais do mundo e um setor automotivo em expansão.
BYD e-platform 3 - baterias Blade
Em 2023, por exemplo, a Moura reciclou cerca de 120 mil toneladas de baterias de chumbo inservíveis, o equivalente a mais de 12 milhões de baterias de carro. Essa quantidade de material reciclado permitiu a produção de novas baterias, reduzindo significativamente a demanda por matérias-primas e energia.
Do lado dos carros elétricos, montadoras como Nissan e BYD estão investindo em pesquisas para encontrar novas aplicações para as baterias de lítio usadas, como o armazenamento de energia em grande escala. Empresas especializadas em reciclagem de baterias, como a Energy Source, também desempenham um papel crucial nesse processo, desenvolvendo tecnologias para recuperar os materiais valiosos presentes nas baterias e reduzir o impacto ambiental da mineração.
A ausência de uma legislação específica para a logística reversa de baterias de lítio no Brasil é um dos principais desafios para o setor. Atualmente, a responsabilidade pela destinação final dessas baterias recai sobre os fabricantes dos veículos elétricos. Além disso, a clandestinidade na coleta e exportação de baterias usadas é uma prática que prejudica o desenvolvimento de um mercado formal de reciclagem no país.
A reciclagem de baterias é uma solução estratégica para a sustentabilidade da indústria automotiva, como destaca David Wong, diretor sênior de mobilidade na Alvarez&Marsal. "A mineração de lítio e manganês, por exemplo, pode gerar até 45% mais emissões de gases de efeito estufa do que a reciclagem dessas baterias. Além disso, a reciclagem é economicamente mais atrativa, pois reduz a dependência de novas extrações e os custos associados à mineração e ao refino". Essa alternativa se mostra mais sustentável e eficiente em comparação com o descarte em aterros sanitários, que pode contaminar o solo e as águas subterrâneas.
Moura - sistema de armazenamento com baterias
Demonstrando um forte compromisso com a inovação e a sustentabilidade, a Energy Source destina 15% de sua receita para o desenvolvimento de novas tecnologias, visando sua expansão internacional até o primeiro semestre de 2025. A WEG, por sua vez, investe entre 2,5% e 3% de sua receita em pesquisa e desenvolvimento, produzindo baterias de lítio de alta performance para o setor de transporte elétrico.
Essas baterias, capazes de garantir um alcance de até 250 km com uma única carga, encontram uma aplicação promissora em grandes armazenadores de energia, como aponta Carlos José Bastos Grillo, diretor-superintendente de digital & sistemas da WEG: "um dos caminhos para reciclar essas baterias é construir grandes armazenadores de energia, que são vendidos principalmente para indústrias, para estabilizar a energia".
Fonte: O Globo
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