Tornar os carros elétricos mais baratos de comprar e manter é fundamental para impulsionar o crescimento do setor. Afinal, a maioria dos consumidores não vai abandonar seus carros familiares movidos a gasolina por mera boa vontade ou por questões ambientais, inclusive aqui no Brasil.
Para que isso aconteça, as baterias precisam se tornar mais baratas. Há boas notícias nesse sentido: os preços das baterias de íon-lítio continuarão caindo rapidamente nos próximos anos, de acordo com uma pesquisa divulgada esta semana pelo Goldman Sachs.
Os pesquisadores do banco preveem que o preço médio global das baterias cairá para R$ 410 por quilowatt-hora (kWh) até 2026. Isso representa aproximadamente metade do custo das baterias em 2023 (R$ 745/kWh) e também uma queda acentuada de 26% em relação aos preços deste ano.
Os pesquisadores projetam que os custos das baterias cairão para R$ 555/kWh até o final de 2024. Para realmente mostrar a direção que as coisas estão tomando, vale lembrar que essas mesmas baterias custavam R$ 3.900/kWh em 2013.
O Goldman Sachs afirma que os preços projetados para 2026 representam um marco importante nos EUA. Esse é "um nível no qual os veículos elétricos a bateria atingiriam a paridade de custo de propriedade com os carros movidos a gasolina nos EUA em uma base não subsidiada". Atualmente, o carro elétrico novo médio custa significativamente mais do que um equivalente a gasolina, embora isso possa ser compensado pelos custos mais baixos de abastecimento e manutenção dos EVs.
Sem dúvida, novos modelos como o Chevrolet Equinox EV, equivalente a R$ 175.000 nos EUA (no Brasil custa R$ 419.000), que oferece mais de 480 km de alcance, estão ajudando. Mas isso está longe de ser a regra. As empresas automotivas tradicionais ainda estão lutando para obter lucro com os veículos elétricos, em parte devido aos altos custos das baterias e aos baixos volumes de produção. Incentivos de compra, como o crédito fiscal de R$ 37.500 para EVs, também ajudam tanto os consumidores quanto as montadoras, mas não podem sustentar as vendas para sempre. Para que os EVs realmente decolem, a compra de um deles precisará ser uma escolha óbvia para as pessoas.
A paridade no custo total de propriedade ajudará a impulsionar uma forte recuperação na demanda por EVs em 2026, afirmam os pesquisadores do Goldman. Isso faz sentido. Os carros novos já são bastante caros no momento, e as altas taxas de juros não estão ajudando. Pagar mais por uma tecnologia nova e desconhecida é difícil de justificar para muitos consumidores. Esse é um dos grandes motivos para a desaceleração do crescimento da demanda por veículos elétricos que os EUA estão experimentando atualmente.
'Acreditamos que veremos um forte retorno da demanda em 2026, puramente de uma perspectiva econômica. Acreditamos que 2026 é o ano em que a fase de adoção liderada pelo consumidor começará em grande escala', disse Nikhil Bhandari, codiretor da Pesquisa de Recursos Naturais e Energia Limpa da Ásia-Pacífico da Goldman Sachs Research, no relatório.
De acordo com Bhandari, há dois fatores principais que estão fazendo com que os preços das baterias caiam mais rápido do que o esperado. A inovação tecnológica permitiu que as empresas produzissem baterias que podem armazenar mais energia a um custo menor. Além disso, os custos dos metais usados nas baterias, como lítio e cobalto, estão em queda. A alta demanda por esses metais e as interrupções na cadeia de suprimentos nos últimos anos fizeram com que os preços das baterias e de suas matérias-primas disparassem. Agora, com a entrada em operação de mais capacidade de mineração e processamento, os preços estão voltando a cair.
O Goldman espera um declínio gradual nos preços das baterias até 2030, o que deve ser uma vantagem tanto para os fabricantes de veículos elétricos quanto para os consumidores. Até o final da década, os pesquisadores projetam que os preços médios globais das baterias chegarão a R$ 320/kWh, cerca de um terço do preço médio em 2019.
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