Depois da Volkswagen Caminhões e da Mercedes-Benz, chegou a vez da Scania dar uma prévia do que exibirá na Fenatran, o salão do transporte rodoviário de cargas que será realizado no São Paulo Expo, na capital paulista, de 4 a 8 de novembro. Das novidades, a que mais chama a atenção é modelo 30 G 4x2 — um cavalo mecânico elétrico.
Importado da Suécia, o modelo será vendido aqui por preços em torno de R$ 2,5 milhões (contra R$ 1 milhão de um cavalo normal, a diesel). Já a autonomia é pequena: são aproximadamente 250 km em trechos com subidas, ou até 300 km, apenas no plano. Ou seja: esse cavalinho elétrico é destinado a uma clientela muito específica.
“Nossa ideia inicial é demonstrar o elétrico, ajudar o cliente a construir a viabilidade para um caminhão desse tipo. As primeiras entregas do 30 G 4x2 no Brasil estão previstas para janeiro de 2026”, explica Alex Nucci, diretor de vendas de soluções da Scania.
O uso de um modelo assim é muito específico e requer entender o peso que será transportado, a topografia da região e até a infraestrutura disponível na empresa do cliente. Para começar, o óbvio: as distâncias percorridas devem ser de até 250 km no hub a hub logístico. Se o caminhão for abastecido numa rede de recarga convencional, a conta não fechará. Assim, o ideal é que o usuário (seja o transportador ou o dono da mercadoria) já tenha sua própria captação de energia solar, por exemplo. Aí, segundo Nucci, o retorno se dá em 5 a 10 anos.
A parte boa é que os caminhões elétricos são menos complexos que os movidos a diesel. Daí que exigem poucas paradas para manutenção — os intervalos são 50% maiores. As baterias serão garantidas por 1,2 milhão de quilômetros. Isso representa 12 anos caso o cliente rode 100 mil quilômetros por ano.
Além disso, as respostas do motor elétrico são mais rápidas e diretas, há melhor aceleração e, ao mesmo tempo, uma sensação de condução suave, sem vibrações ou ruídos. Tudo isso com emissões zero.
Segundo Nucci, entregas de cargas paletizadas em fábricas seriam uma das operações ideais para os elétricos. Depois do cavalo mecânico, caminhões rígidos 6x2 e 6x4 devem completar a linha. Desde o início do ano, a Scania já tem dois caminhões rígidos P25 6×2 em testes com a PepsiCo, no interior de São Paulo.
O 30 G tem vocação urbana e regional. É um cavalo mecânico 4x2 com 300 kw de potência (407 cv), 117 kgfm de torque e capacidade máxima de tração (CMT) de 66 toneladas. No lugar dos tanques de diesel, há dois grandes pacotes de baterias, num total de 416 kWh. Do tipo NMC (lítio-níquel-manganês-cobalto), são fornecidas pela sueca Northvolt AB.
“As baterias de NMC dispõem de uma maior densidade energética, o que significa menos peso total do veículo e, consequentemente, mais capacidade para transportar carga”, diz Rodrigo Arita, gerente de produto da Scania.
O 30 G tem um carregador CCS2, que suporta até 375 kW e 500 A, e capacidade de estar com carga total em aproximadamente 50 minutos. “Isso possibilita que os veículos sejam carregados durante intervalos, por exemplo, como o horário de almoço do motorista, aumentando a produtividade”, afirma Arita.
O motor elétrico EMC1-4 (sigla de Electrical Machine Central) vai instalado entre as longarinas, bem no centro do chassi, logo atrás da cabine. Dispõe de uma potência de regeneração de 330 kW que, além de recarregar as baterias, serve como freio motor. Não é possível controlar manualmente a intensidade da regeneração. Um câmbio de quatro marchas (relaçãoes de 18.60, 10.26, 5.02 e 2.77:1) se conecta ao diferencial por meio de um cardã curtinho. Todo o conjunto pesa 350 quilos.
Segundo a Scania, o conjunto tem construção e design simples para facilitar a manutenção. Portanto, seus custos de manutenção são similares aos motores de combustão interna. Há outra vantagem: quase nenhum ruído em ordem de marcha, o que aumenta de forma impressionante a suavidade na operação. Grande aliada neste quesito, a caixa de marchas permite maior economia de energia e também melhor desempenho para vencer a topografia.
Os primeiros caminhões elétricos da Scania foram produzidos na Suécia em 2020. A introdução dos BEV no Brasil complementará o “mix sustentável” da marca, que já tem modelos movidos a gás natural comprimido (GNC), gás natural liquefeito (GNL), biometano e biodiesel B100.
“Estamos seguindo mais um passo do nosso compromisso de liderar a transição para um sistema de transporte mais sustentável, firmado globalmente em 2016”, afirma Simone Montagna, presidente da Scania no Brasil.
Transportadores buscam soluções viáveis para atender às exigências cada vez maiores de embarcadores que se comprometeram a cumprir metas de descarbonização, muitas vezes por determinação das matrizes estrangeiras.
“É um frete muito disputado hoje no mercado”, revela Montagna.
Caminhões elétricos rígidos já são uma visão bastante comum nas ruas, fazendo entregas ou nos serviços de limpeza urbana. Já os cavalos elétricos ainda são novidade por aqui. O primeiro a chegar foi o E7-49T, da fabricante chinesa XCMG (Xuzhou Construction Machinery Group), apresentado na Agrishow de 2023. Com motor de 482 cv e PBTC de 49 toneladas, o modelo tem 150 km de autonomia e pode ter suas baterias trocadas quando descarregadas. Na apresentação, foi anunciado por R$ 1.3 milhão. Por outro lado, a autonomia de apenas 150 quilômetros é uma desvantagem do modelo chinês.
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