O Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo (CBPMESP) anunciou que a emissão do Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB) para edificações com equipamentos de recarga de veículos elétricos seguirá ativa, desde que essas instalações estejam de acordo com as normas técnicas vigentes. Essa decisão, divulgada durante o congresso E-Mob/C-Move, responde a uma crescente demanda por orientações claras para a instalação de estações de recarga em edifícios residenciais e comerciais.
O Major Ronaldo Ribeiro, do CBPMESP, explicou que as exigências para segurança em recarga elétrica já constam na minuta da regulamentação lançada para consulta pública em abril. Esse projeto busca padronizar os procedimentos em uma norma nacional, trazendo segurança e uniformidade para o setor. A consulta pública permitiu que diversas entidades, como a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), Secovi e Sinduscon, contribuíssem com sugestões e dados técnicos.
Atualmente, o mercado deve atender às normas já estabelecidas, como a NBR 5410, NBR 17019 e ABNT NBR IEC 61851-1, que regulam os padrões de segurança para instalações elétricas e recarga de veículos. A instalação deve ser realizada exclusivamente por profissionais capacitados e registrados nos órgãos de classe, que emitem a documentação de responsabilidade técnica exigida pelo CBPMESP. Ricardo Bastos, presidente da ABVE, reforçou que a conformidade com essas normas é essencial para evitar improvisações e falhas técnicas que possam comprometer a segurança dos edifícios.
Nos debates do E-Mob/C-Move, também se discutiu a atuação do Comitê Especial LIGABOM, órgão criado para desenvolver uma proposta nacional de regulamentação sobre a recarga elétrica em garagens. Liderado pelo comandante da Escola Superior de Bombeiros de São Paulo, Coronel PM Max A. Schroeder, e com a participação do Tenente-Coronel PM Alessandro Lima de Freitas como vice-presidente, o Comitê visa elaborar normas em até 90 dias. Essas diretrizes terão como base a experiência nacional e internacional, além de visitas a países onde a eletromobilidade está mais consolidada.
Essa regulamentação busca tornar segura a transição para a eletromobilidade em edificações. O diretor do Secovi, Paulo Rewald, e o diretor do Sinduscon, Lauro Ladeia, enfatizaram que, além das novas construções, também é crucial adaptar edificações mais antigas, garantindo uma transição inclusiva e segura para todos os segmentos, dos empreendimentos populares aos de alto padrão.
Apesar de o Brasil já contar com mais de 340.000 veículos eletrificados em circulação, incluindo cerca de 200.000 modelos plug-in, até o momento não foram registrados incêndios causados por recarga elétrica. Clemente Gauer, líder do Grupo de Trabalho de Segurança da ABVE, destacou que, com uma infraestrutura de recarga planejada e executada corretamente, os veículos elétricos não representam risco adicional para garagens e edifícios.
O CBPMESP também informou que está desenvolvendo um parecer técnico com diretrizes operacionais para o combate a incêndios em estações de recarga. “Nossa responsabilidade é desenvolver protocolos robustos que assegurem a segurança do setor e possam se tornar referência nacional”, afirmou o Major Ronaldo Ribeiro. Segundo ele, a iniciativa conta com suporte de laboratórios e testes em montadoras, visando oferecer uma legislação consistente e adaptada ao crescimento do mercado de veículos elétricos no Brasil.
Com a colaboração das principais entidades do setor, a expectativa é que a regulamentação a ser proposta forneça uma base sólida para o avanço da mobilidade elétrica no país, garantindo segurança e confiabilidade para consumidores, síndicos, e profissionais envolvidos na instalação das estações de recarga.
Fonte: ABVE
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