Avanço dos eletrificados no Brasil reacende polêmica sobre híbridos-leves
ABVE questiona eficiência dos micro-híbridos para a descarbonização
Já noticiamos que o mercado de veículos eletrificados leves no Brasil atingiu, em novembro, um marco significativo, com 17.413 emplacamentos – o maior número já registrado pela série histórica da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico). E apesar do avanço nas vendas, a crescente participação dos micro-híbridos (MHEV), ou híbridos-leves, reacendeu o debate sobre o impacto real dessas tecnologias na descarbonização do transporte.
De janeiro a novembro de 2024, o mercado brasileiro registrou 155.724 veículos eletrificados comercializados, representando um aumento expressivo de 100,6% em relação ao mesmo período de 2023, quando foram vendidas 77.648 unidades. Com a média mensal de vendas acima de 14 mil unidades, a ABVE projeta que o ano pode fechar com até 170 mil veículos eletrificados, marcando um crescimento de 80% em relação a 2023 (93.927 unidades).
Grande parte desse avanço foi impulsionada por veículos plug-in (100% elétricos - BEV e híbridos plug-in - PHEV), que somaram 72% das vendas em novembro. No entanto, os micro-híbridos (ou híbridos-leves) ganharam destaque, representando 11,2% do mercado no mês, ultrapassando os híbridos flex tradicionais (9,1%), que lideravam esse segmento até 2022.
Eficiência em debate
Embora o crescimento dos micro-híbridos represente uma nova tendência, a ABVE levanta questionamentos sobre sua contribuição para a descarbonização. Segundo Ricardo Bastos, presidente da associação, é necessário avaliar se essas tecnologias, com um baixo grau de eletrificação e sem tração elétrica, oferecem benefícios significativos em termos de redução de emissões.
“Nem todos os modelos classificados como micro-híbridos apresentam reduções relevantes nas emissões em comparação com veículos convencionais a combustíveis fósseis ou flex”, afirmou Bastos.
PlataformaBio-Hybrid - Stellantis
Ele também ponderou se esses veículos proporcionam ao consumidor uma experiência genuína de dirigir um eletrificado, considerando que utilizam motores elétricos de baixa potência, como sistemas de 12V que não conseguem impulsionar o veículo sozinho.
O Brasil apresenta características únicas no mercado de veículos eletrificados, como a presença de híbridos e micro-híbridos flex, movidos a gasolina e etanol. No caso dos micro-híbridos, que começaram a ser comercializados no país em outubro, trata-se de adaptações de modelos a combustão para incluir sistemas elétricos de baixa potência.
Apesar do avanço nas vendas, a eficiência desses veículos em reduzir emissões é questionada, especialmente diante da ampla disponibilidade de tecnologias plug-in, que lideram em participação e impacto ambiental positivo.
Os recordes de vendas mostram um interesse crescente do consumidor em eletrificados, mas a discussão sobre o papel dos micro-híbridos destaca a necessidade de maior clareza no mercado. Como afirma a ABVE, o foco deve ser em tecnologias que ofereçam reduções significativas de emissões e alinhem o Brasil às metas globais de descarbonização.
Fonte: ABVE
RECOMENDADO PARA VOCÊ
Stellantis e CATL fecham parceria histórica para gigafábrica de baterias
Caminhão elétrico da Renault tem 600 km de autonomia
Ford terá fábrica de elétricos na Indonésia, maior produtora de níquel
Isenção de IPVA: Governo de São Paulo exclui carros e ônibus elétricos
BYD reage a denúncias de abusos trabalhistas na fábrica de Camaçari (BA)
Jaguar Typ 00 EV: Tudo que já sabemos sobre ele
BYD iniciará produção no Brasil com Song Pro e Dolphin Mini