Já dirigimos o Kia EV6: carro elétrico também pode ser divertido
Primo do Hyundai Ioniq 5 tem proporções de SUV e linhas de perua, mas o perfil aqui é mais dinâmico
Um carro elétrico também pode ser agradável de dirigir? Esta é a clássica pergunta de um milhão de dólares quando se trata de veículos elétricos e, no entanto, da fábrica ao centro de desenvolvimento da Kia, a ideia sobre a questão é clara: a resposta é sim e o Kia EV6 é a prova disso.
Mas o quanto disso é real? As armadilhas da equação "zero emissões é igual a diversão" são muitas e não sem fundamento, envolvem tamanho, espaço e - acima de tudo - peso. Para tirar a prova, nossos amigos do Motor1 Itália foram até a Espanha para dirigir um Kia EV6 na versão GT Line com tração integral. Confira as primeiras impressões.
Exterior
Forma e conteúdo: dois elementos que estão profundamente ligados quando se trata de carros elétricos 'puros'. Vamos começar com o primeiro, que engloba também o estilo. Um design com atenção aos detalhes por ser limpo em sua totalidade, com linhas que lembram um conceito que saiu de um romance cyberpunk, mas sem perder a classe.
O cuidado estético é evidente na parte traseira, com linhas que são definidas perfeitamente nos conjuntos óticos, tornando os mesmos um elemento essencial de um estilo que segue ao longo da lateral até atingir os arcos da roda dianteira e, finalmente, os faróis dianteiros.
Também merece menção o formato do capô - musculoso e agressivo - enquanto os para-lamas são mais sóbrios, mas ainda imponentes. Em resumo, o resultado final é bem sucedido, especialmente porque o longo entre eixos de 2,90 metros não se destaca. O Kia EV6 parece um carro pronto para a foto. É tudo uma questão de linhas e proporções.
O equilíbrio visual é evidente: goste-se ou não, o trabalho do estúdio de design merece elogios, ainda mais com as rodas de 20 polegadas que o acompanham.
Interior
Espaço e tecnologia: o Kia EV6, como mencionado várias vezes, traz as vantagens de uma plataforma dedicada. E isso implica em ter um grande espaço a bordo. O acesso aos bancos traseiros - ou melhor, aos sofás - é extremamente confortável, assim como o assento em si. O único porém é o ângulo de inclinação das pernas, devido ao assoalho elevado por conta da bateria de 77,4 kWh. No entanto, não há restrições para quem se sentar no meio do banco. Os assentos podem variar sua inclinação, mas não podem se mover longitudinalmente, como no primo Hyundai Ioniq 5.
Da mesma forma, o túnel central também não é deslizante. O espaço interno não é um problema - mesmo para aqueles que se sentam na frente - há de sobra. O ambiente é bem cuidado, com uma mistura de materiais de qualidade "clássicos" e detalhes tecnológicos que aliam comodidade e conforto.
A ideia por trás disso parece ter sido a de uma forte contribuição tecnológica, mas sem cometer exageros. No entanto, existem soluções exclusivas e agradáveis, como a barra sensível ao toque com uma transição entre ar condicionado e sistema de informação e entretenimento interativo. Controle climático, que, aliás, também possui botões físicos.
A textura no painel feita com materiais suaves ao toque e os frisos luminosos especiais impressionam. O sistema de informação e entretenimento está em uma tela dupla de 12,3 polegadas cada, que apresenta as características de um smartphone. Não está entre os melhores em termos de rapidez, mas ainda é bem interessante.
Por fim, também merece destaque o ajuste "automático" do assento em uma posição de relaxamento e conforto, útil para quando você passar o tempo durante o carregamento do veículo. Um detalhe que enfatiza ainda mais o pensamento por trás da concepção deste carro.
O porta-malas é realmente muito grande, com uma capacidade que vai de 490 a 1.300 litros e um fundo duplo bastante aproveitável, apesar da presença da bateria, motores elétricos e o subwoofer.
Como anda?
O sul da Espanha oferece curvas e vistas ideais para testar a versão de tração nas quatro rodas. 325 cv de potência máxima, mas sobretudo os 61,7 kgfm de torque, são números que permitem que você se divirta dirigindo - levando em conta o atributo proclamado pelos mesmos técnicos da Kia. Sim, porque, desde o nosso desembarque em terras ibéricas, a história do carro se concentra no desenvolvimento realizado em Nurburgring, no Nordschleife. E não podemos nos esquecer que se trata de um carro com 2.015 kg.
Desde os primeiros metros e as primeiras curvas você sente um carro preciso, responsivo e rápido. Na entrada das curvas é realmente impressionante, tanto que a traseira se mantém sempre na trajetória. O esquema de suspensão é o tradicional McPhaerson na dianteira e um multi-braço na traseira.
A rolagem é bem contida, resultado de um ajuste mais rígido, mas não seco dos amortecedores. É tudo intencional, porque o conjunto se apoia sobre o pneu e deixa o carro derrapar um pouco - o que é neutralizado de forma bem natural pelo controle de tração - entregando aquela desejada sensação de diversão. Um efeito de balanço que pode agradar o motorista, mas um pouco menos o passageiro.
Isto também se aplica ao sistema de tração integral, pois o Kia EV6 se comporta como um carro de tração traseira, mas depois despeja a potência na dianteira ao sair, transferindo-a das rodas motrizes. Uma personalidade evidente, que mantém sua coerência mesmo que os modos de condução disponíveis sejam alterados. Há três modos: Eco, Normal e Sport.
Na regeneração, o EV6 oferece vários modos que podem ser associados a diferentes estilos de condução ou a diferentes momentos do dia. Você pode ir de praticamente "um pedal", a uma potência máxima do sistema. Além do modo de recuperação de energia, o pedal do freio tem boa modularidade: não é borrachudo ou macio demais, mas tem uma resposta progressiva e consistente.
A posição de dirigir é confortável o suficiente, graças também ao bom ajuste tanto para o volante quanto para o próprio banco. O encosto de cabeça também é esteticamente agradável, mas ainda assim confortável. A visibilidade é boa, mas não excelente, devido às colunas muito inclinadas. O conforto acústico, por outro lado, é uma verdadeira referência.
Mas um carro elétrico também vive do consumo, como todos nós sabemos. Como muitas vezes acontece, um primeiro contato pode não dar uma noção exata. Voltaremos ao tema em uma avaliação mais extensa, mas durante nosso dia entre Málaga e Marbella, alcancei uma média de 19 kWh por 100 km na cidade e 24 kWh na rodovia. Entretanto, quando pisei fundo pra aproveitar a potência, os números subiram para 27-28 kWh/100 km.
Curiosidade
Um dos elementos-chave do Kia EV6 - assim como seu primo o Hyundai Ioniq 5 - é a adoção da tecnologia V2L ou Veichle to Load. Este é um processo pelo qual a função de carregar e absorver energia elétrica não é mais apenas unidirecional, mas bidirecional.
O carro - graças a um conector especial - pode, portanto, atuar como um carregador, um "banco de energia" e carregar objetos cotidianos como uma bike elétrica, uma geladeira ou um secador de cabelo.
Preços
O Kia EV6 tem um preço inicial de 49.500 euros (R$ 325.300) para a versão de tração nas duas rodas. Sobe para 53.000 euros (R$ 348.300) na versão AWD, a tração nas quatro rodas, enquanto que para o nível de acabamento GT Line, a Kia pesa a mão e pede 61.000 euros (R$ 400.100).
No final de 2022 a versão GT chegará ao mercado, com um preço estimado em torno de 70.000 euros (R$ 460.000). Os rivais mais credenciados, considerando a capacidade de bateria, faixa de preço, potência e equipamentos serão o Ford Mustang Mach-e, o Tesla Model Y e o Audi Q4 e-tron, sem deixar de lado o Skoda Enyaq iV e o Hyundai Ioniq 5, que oferecem um perfil um tanto mais 'sossegados'.
Kia EV6 GT Line
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