Já dirigimos: Ford E-Transit, muito mais que uma van elétrica
Primeiro contato com a promissora versão elétrica do Ford Transit, que pode vir ao Brasil no futuro
Esqueça a maioria dos novos veículos elétricos, o Ford E-Transit e outros modelos concorrentes são os elétricos mais importantes que chegarão ao mercado este ano por diversos motivos.
Mais do que qualquer outro segmento, os veículos comerciais serão o primeiro gostinho da eletrificação para uma enorme gama de consumidores atualmente comprometidos com o diesel e a gasolina, e com potência de sobra, baixo custo operacional e emissão zero, eles devem abrir o caminho rumo a um futuro elétrico.
Mas até lá, a questão é as empresas começarem a converter suas frotas em veículos movidos a bateria. E com a Ford estimando a rotatividade média das frotas de apenas 10 a 15% ao ano, a venda de profissionais especializados sobre os benefícios dos VEs será um esforço a longo prazo que é secundário em relação à missão principal de seus empregadores. Felizmente, o E-Transit traz muito mais para a mesa do que a eliminação dos gastos com combustível, ao mesmo tempo em que coloca um pé adiante dentro do mundo mais amplo dos veículos elétricos.
Principais especificações | Ford E-Transit 350 Cargo - Teto Médio 2022 |
Motor: | Motor único de ímã permanente |
Alcance: | 186 km |
Tipo/tempo de carregamento | 8.0 Horas @ 240V/48A (100 por cento) / 34 Minutos @ 115-kW DC (15 a 80 por cento) |
Preço base: | US$ 47.185 + $1.695 Frete |
Preço testado: | US$ 59.525 |
O que é?
Enquanto a F-150 Lightning virá com baterias normais ou de autonomia estendida e uma opção de tração nas duas rodas, o E-Transit é o caso de um único conjunto motor/bateria. Mas isso não reflete as mudanças que a Ford fez ao converter o Transit a gasolina em elétrico. Os engenheiros alocaram os componentes de alta tensão - a porta de carregamento, módulo DC/DC, bombas de resfriamento e outros itens - na antiga caixa do motor a gasolina, no topo de uma "Megabrace" para suporte adicional e proteção contra colisões. Mais importante ainda, este conjunto abriga o Pro Power Onboard.
O sistema aclamado pela crítica chega ao E-Transit com 2,4 quilowatts de potência, mas com a notável vantagem de proporcionar uma operação silenciosa. Seu local de trabalho é dentro de casa? O E-Transit traz o gerador sem as emissões nocivas da F-150 a combustão. A bateria é uma unidade de 68,0 kWh (utilizável) de íons de lítio, mas a Ford não está detalhando quanto tempo o Pro Power Onboard consegue utilizá-la.
Onde o F-150 Lightning virá com baterias normais ou de alcance estendido e uma opção de tração com duas rodas, o E-Transit é o caso de um único conjunto motor/bateria.
Falando dessa bateria, se você estiver olhando para ela e pensando: "Isso não é suficiente, chefe", até concordo com você. Mas as necessidades das empresas comerciais são diferentes das dos clientes de varejo. Portanto, enquanto o E-Transit de maior alcance pode cobrir apenas 202 km, muito pouco para os padrões atuais, a Ford diz que isso é suficiente porque a média de furgões comerciais nos Estados Unidos roda apenas 120 km por dia.
A Ford também orientou uma solução de carregamento para clientes comerciais. Através de seu programa Ford Pro, a marca do Oval Azul está fornecendo às empresas consultores que podem determinar a melhor estratégia de carregamento, sejam carregadores em casa para funcionários, bancos de carregadores de nível dois de 48A ligados em nuvem para garagens de frotas, ou acesso à rede de carregamento FordPass. As duas primeiras opções irão recarregar a bateria do E-Transit em 8,2 horas. A terceira aproveita a modesta taxa de carga DC de 115 kW, que carregará a bateria de 15 a 80% em 34 minutos, o que representa uma pausa para o almoço.
O E-Transit comporta um único motor elétrico de 198 kW (269 cv) no eixo traseiro. Integrado com uma transmissão de velocidade única, ele envia até 317 pés de torque (43,8 kgfm) através de semi-eixos reforçados para as rodas traseiras. Uma nova suspensão traseira independente está disponível para fazer melhor uso do torque imediato ao mesmo tempo em que proporciona benefícios substanciais de condução, seja com ou sem carga, sobre as molas em lâminas do Transit a combustão e o eixo sólido traseiro.
O maior benefício para os clientes comerciais, no entanto, é a versatilidade do E-Transit, que é idêntica ao Transit convencional. As dimensões e pontos fortes para todos os oito estilos de carroceria do E-Transit – incluindo três alturas de teto e três comprimentos – são idênticos ao modelo a combustão.
Isso significa que um uma empresa que esteja atualizando sua frota de Ford Transit a combustão poderia pegar todos os seus equipamentos e anexá-los exatamente da mesma maneira a um E-Transit. As capacidades de carga são bastante semelhantes aos modelos a gasolina/diesel também. Por exemplo, a Ford classifica um E-Transit de comprimento longo, teto alto, para 1.500 quilos, apenas 5 kg abaixo em um modelo de tração traseira, bi-turbo. A única má notícia é que a Ford não está planejando um E-Transit focado em passageiros – todas as vans elétricas virão de série com dois lugares.
E embora não seja um item imprescindível para empresas, é de série a tela de informação e entretenimento sensível ao toque de 12,0" executando o Sync 4 e que oferece gráficos atraentes, respostas rápidas e Apple CarPlay sem fio. Há também o padrão de conectividade sem fio 4G LTE e três anos para o Ford Pro E-Telematics gratuito.
Pronta para o trabalho
Entre a capacidade do E-Transit e o que a Ford alega ser uma redução de 40% no custo total de propriedade, parece fazer muito sentido para algumas empresas, mesmo com um preço inicial de compra mais alto (US$ 48.880, incluindo a taxa de frete de US$ 1.695 e desconsiderando o crédito federal de US$ 7.500 dólares no imposto de renda). Mas se isso ecoará entre os motoristas e os atrairá para o mundo dos VEs depende muito de como o proprietário ou gestor de frota usa o pacote de telemática a bordo e o software de assinatura Ford Pro Intelligence.
A nova suíte Ford Pro Intelligence e uma série de opções integradas ao E-Transit dão a estes clientes uma quantidade ilimitada de controle sobre a experiência com o veículo. Algumas delas são muito boas. Os gestores podem rastrear seus motoristas e saber quando eles excedem os limites de velocidade. E os motoristas não precisam pensar em um pré-condicionamento de suas vans, porque os gerentes de frota podem programá-las para prontidão em um horário definido. E esses mesmos supervisores também podem monitorar se um veículo está carregando e alertar o motorista caso esteja descarregando a energia necessária para o dia seguinte.
Mas as coisas vão além disso. Os gestores de frota podem configurar o E-Transit In-Vehicle Coaching, que fornece alertas sonoros (longos e irritantes) sempre que o motorista aplica muita potência ou freia de forma muito agressiva. E entendo por que a Ford criou este sistema – afundar o pé no acelerador desperdiça uma eletricidade preciosa e frear de forma abrupta causa desgaste indevido, diminuindo a capacidade do veículo de recuperar energia cinética.
Quando dirigi o E-Transit por mais de uma hora, devo ter anotado pelo menos uma dúzia de "ocorrências de frenagem", mesmo quando me irritava e começava a frear mais cedo.
Incômodos à parte, o E-Transit representa bem o segmento de veículos elétricos. Uma pisada à fundo no acelerador rende alto desempenho, mesmo com os 450 kg que a Ford adicionou na parte de trás para simular uma carga. Mas nem todos os E-Transit são iguais.
O opcional Smart Acceleration Truncation (ou SAT, porque "Smart Acceleration Truncation" é um nome terrível) regula o desempenho do E-Transit com base na carga útil. Minha van carregava menos de um terço da capacidade máxima de um modelo de teto alto, com base longa, de modo que os computadores limitavam o desempenho para economizar elétrons. Mesmo o "acelerador" de aberto libera apenas cerca da metade da potência. Dito isto, se estivesse com carga máxima, os controles eletrônicos liberariam mais energia para proporcionar desempenho idêntico.
A nova traseira independente, mesmo carregada com apenas uma fração de sua carga máxima, revela uma melhoria dramática.
Dividi meu tempo entre um veículo equipado com o SAT e outro sem o sistema. Se eu fosse um gerente de frota (e na verdade já fui um dia), eu encomendaria todos os meus veículos com o sistema porque ele maximiza de forma inteligente a autonomia. Se eu fosse um motorista de um veículo de frota (como já fui), eu detestaria a 'coleira eletrônica' porque ela torna o Transit mais pesado do que deveria ser.
Embora o trem de força elétrico seja o centro das atenções, não despreze a suspensão atualizada. A nova parte traseira independente, mesmo carregada com apenas uma fração de sua carga útil máxima, representa uma melhoria dramática. Claro, parte disso é graças ao centro de gravidade muito mais baixo, mas não há como argumentar que uma van que já era muito boa para dirigir ficou mais estável, mais previsível e mais ágil do que nunca.
Nas curvas fechadas, consegui impor maior velocidade e confiança no comportamento da direção desta van elétrica. A rodagem também é melhor, com muito mais aderência sobre as irregularidades e muitos menos daquela sensação "pobre" inerentes às vans comerciais carroceria-chassi. Espero que a Ford incorpore esta suspensão ao Transit a gasolina.
Missão cumprida
Em agosto de 2021, apenas alguns meses após a abertura das reservas, a Ford já havia registrado 20.000 pedidos. Deste total, metade se converteu em pedidos efetivos, com mais de 300 pequenas, médias e grandes empresas interessadas. Isso, além de um programa piloto com agricultores do Condado de Sonoma para avaliar em conjunto o E-Transit, F-150 Lightning Pro, e o sistema telemático Ford Pro Intelligence. É claro que há um apetite por uma van elétrica comercial, mesmo que os números de pré-reservas não sejam tão explosivos quanto esperamos dos novos veículos elétricos voltados para clientes de varejo.
Para essas empresas, a operação de emissões zero do E-Transit, a riqueza de sistemas de monitoramento de motoristas e a versatilidade superam as preocupações que atingiriam o comprador médio de automóveis, tais como alcance ou velocidade de carregamento. Ainda não sei o fato de ser forçado a trabalhar com um E-Transit regularmente trará de fato profissionais especializados para a van elétrica - um veículo que está, afinal de contas, focado antes de tudo nas necessidades das empresas.
Mas depois de testar o E-Transit, estou confiante de que o mais recente veículo elétrico da Ford traz capacidades que as empresas nunca tiveram antes. E por esse motivo, este furgão elétrico comercial é um bom negócio.
2022 Ford E-Transit 350 Medium-Roof Cargo
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