O Toyota bZ4X é o primeiro modelo que a Toyota projetou do zero para ser um veículo elétrico. É um SUV com amplo espaço interno, tração integral como opcional, e o usual pacote de tecnologias de segurança e assistência ao motorista da marca. Estima-se que as classificações de autonomia projetadas pela EPA cheguem a 357 e 405 km, dependendo da versão.
Depois do primeiro contato do time InsideEVs Alemanha com um protótipo, agora chegou a vez das impressões com a versão definitiva do SUV elétrico dos nossos colegas do InsideEVs EUA. A Toyota vem 'cozinhando' o lançamento do bZ4X há um bom tempo, dentro do seu discurso de que os carros elétricos ainda não são totalmente viáveis ou mesmo rentáveis. Em termos de eletrificação, as apostas sempre recaíram sobre os modelos híbridos, como o RAV4 ou o Prius, nos caso dos Estados Unidos.
Agora, a onda dos carros elétricos atingiu praticamente todos os segmentos automotivos. A Toyota, por mais relutante que esteja, deve seguir adiante. Em meados de dezembro, o CEO da Toyota, Akio Toyoda, disse que a empresa investiria US$ 35 bilhões em veículos elétricos a bateria, juntamente com uma quantidade similar de veículos "eletrificados" (ou seja, híbridos e híbridos plug-in).
Isso me leva ao bZ4X, que entra em um segmento de veículos elétricos já ocupado por modelos como o Ford Mustang Mach-E, Hyundai Ioniq 5, Kia EV6, Volkswagen ID.4, e mais novidades em breve. Vale destacar que o veículo elétrico da Toyota também será vendido com poucas alterações como o Subaru Solterra 2023. O Solterra tem o ajuste específico da Subaru para a tração integral, pequenas diferenças de acabamento e uma dianteira modificada. (Acho que a Subaru optou um nome modelo melhor: as palavras latinas para sol e terra combinam em 'Solterra', contra uma série de letras maiúsculas e minúsculas mais um número.)
Do banco do motorista do bZ4X, é nítido que o SUV elétrico da Toyota tem excelente visibilidade dianteira, com um capô baixo, nariz curto e colunas do para-brisa estreitas. Embora seja menor que o Toyota RAV4, o SUV elétrico tem uma distância entre-eixos de 2,85 metros – exatamente a medida do SUV com 3 fileiras de assentos Highlander. Isso garante muito espaço interno, com assentos dianteiros confortáveis e espaço para as pernas suficientes para que um ocupante de 1,80 metro se estique atrás do motorista.
O quadro de instrumentos é montado em um cluster que fica no alto do painel plano e afastado do volante, em direção à base do para-brisa. Os proprietários de alguns modelos mais recentes Toyota e Lexus se sentirão em casa com a interface da tela de 12,3" do sistema de informação e entretenimento, que oferece uma infinidade de recursos digitais de série ou opcionais. Felizmente, o bZ4X mantém botões dedicados para muitas funções – ao contrário dos Teslas em particular. A barra sensível ao toque abaixo da tela central controla as funções de aquecimento, ventilação e ar-condicionado, por exemplo.
Na estrada, o modelo de tração dianteira mostrou uma tocada agradável, com excelente controle dos poucos ruídos típicos dos carros elétricos que alguns modelos produzem. Com apenas 204 cavalos de potência (150 kW) em um veículo de 1.935 kg (cerca de 408 kg a mais que um RAV4), a versão de tração dianteira não chegar a 'sobrar' em termos de desempenho. O modelo de tração integral, com 214 cv, aparentava ser mais 'atrevido', mesmo sendo mais pesado, com 1.960 kg.
Fiquei surpreso ao descobrir que o bZ4X de motor único tem algumas das frenagens regenerativas menos intensas que já testei recentemente entre todos os veículos elétricos, mas pelo menos conta com uma com uma bateria grande o suficiente para fornecer mais de 320 km de alcance nominal.
Devido ao que os executivos da Toyota caracterizaram como desafios da cadeia de suprimentos, as versões mono e dois motores do bZ4X usam diferentes células de bateria, de diferentes fabricantes. O modelo base de tração dianteira usa um pacote de 71,4 kWh com células da Panasonic, enquanto a versão de tração integral usa uma bateria de 72,8 kWh com células CATL. Isso explica uma diferença em suas taxas de carregamento: o modelo de tração dianteira carrega a taxas de até 150 kW, enquanto a taxa máxima possível para o de tração integral é de apenas 100 kW.
A versão AWD oferece um controle X-Mode, que permite que os motoristas escolham entre vários modos para condições difíceis de pista – cortesia do sistema AWD desenvolvido pelo Subaru – que incluem Snow/Dirt, Deep Snow/Mud, Grip, e Control (Neve/Sujeira, Neve Profunda/Lama, Aderência e Controle). Estudos sugerem que pouquíssimos motoristas usam isso, mas valorizam a mensagem "AWD = segurança adicional".
Apenas duas versões de acabamento são oferecidas: XLE e Limited, com rodas aro 18" de série e rodas de liga leve de 20" no acabamento superior Limited. Todas as versões possuem um teto panorâmico de vidro, uma área onde a Toyota se inspirou na maioria dos outros veículos elétricos do mercado, mas o XLE oferece apenas acabamento interno preto. As opções são limitadas a um pacote Weather no XLE, e três no Limited: um spoiler traseiro dividido, um tratamento de pintura de dois tons com teto contrastante e um sistema JBL Audio de nove alto-falantes.
Podemos ainda não ter atingido o ponto em que os compradores fazem comparações sérias entre os diferentes veículos elétricos com base nas especificações e recursos que eles possuem - alguns motoristas ainda pensam que os veículos elétricos são todos variações de Teslas. Mas esse dia não está muito longe.
Olhando para os recursos que tornam os veículos elétricos bem projetados especiais – e muitas vezes melhores do que seus equivalentes com motores a combustão – o Toyota bZ4X deixa a desejar em algumas frentes:
Falta um porta-malas dianteiro (frunk), embora o SUV Toyota não esteja sozinho nesse quesito. Mas a redução extrema do trem de força elétrico torna o armazenamento extra perfeitamente possível com um melhor aproveitamento do espaço.
Ele não oferece o software Plug And Charge que permite que os motoristas simplesmente se conectem e saiam, com todo o carregamento sendo gerenciado perfeitamente pelo sistema.
Uma capacidade máxima de carregamento de até 150 kW (na versão FWD) está dentro da média, mas não se aproxima das taxas de até 350 kW teoricamente possíveis nos mais recentes lançamentos de Hyundai e Kia, por exemplo.
Ele não tem capacidade útil para compartilhar energia, nem saída de 120 volts para permitir que os passageiros energizem acessórios elétricos que precisem de mais energia do que uma porta USB fornece.
No final, fiquei com a impressão de que a Toyota, sempre uma montadora conservadora, não alcançou as estrelas em seu primeiro veículo elétrico de volume. O bZ4X provavelmente será bem construído, confiável e – com sorte – talvez as baterias possam ser tão duráveis quanto as dos renomados híbridos da empresa, que muitas vezes duram 500.000 km ou mais. A Toyota diz que seu "objetivo" para as baterias bZ4X é manter 90% de sua capacidade original após 10 anos, embora isso não esteja escrito na garantia, que protege contra falha total da bateria por 8 anos ou 100.000 milhas (160.000 km).
Mas a Toyota teima em seguir seu próprio caminho, e parece pensar que tem pouco a aprender com qualquer outro fabricante de veículos elétricos. Uma peculiaridade irritante é a seguinte característica: o bZ4X mostra a carga da bateria apenas em milhas restantes. Praticamente todos os outros veículos elétricos oferecem um estado de carga da bateria em porcentagem, em algum lugar no quadro de instrumentos ou nas telas de status do veículo. Menos a Toyota.
Os executivos da empresa também se recusaram a discutir em que porcentagem de carga a bateria avisaria os motoristas de uma condição de "bateria fraca". O algoritmo varia, disseram eles. É justo, mas os motoristas experientes de veículos elétricos geralmente preferem porcentagem porque é menos provável que induza a ansiedade de autonomia – e seja mais parecido com um medidor de gasolina tradicional.
Esse ponto de vista pouco importa, na melhor das hipóteses; muito poucos compradores de carros de olho na Toyota ao considerar seu primeiro veículo elétrico jamais notarão isso. E para ser justo, o desenvolvimento de produtos da Toyota é implacável. Considere o primeiro Prius híbrido, um sedã estranho que era barulhento e notavelmente lento. Apenas duas gerações depois, a Toyota havia quebrado a barreira de 20 km/l com um veículo que abordava praticamente todas as primeiras anomalias do Prius (exceto talvez estilo) e vendeu milhões de unidades globalmente.
Quanto às vendas nos EUA, espere que a Toyota venda exatamente o máximo de unidades do bZ4X necessárias para atender aos seus requisitos regulatórios e manter a empresa dentro das metas de economia média de combustível (CAFE). Não espere, no entanto, que os anúncios da Toyota apontem as vantagens dos veículos elétricos em relação à sua linha de híbridos a gasolina tão cedo. A marca investiu demais nestes últimos e não quer se declarar "totalmente elétrica", ao menos não por enquanto.
Se a Toyota está falando sério sobre veículos elétricos – e agora tem que ser, quer queira ou não – continuará melhorando seus próximos modelos zero emissões para mantê-los competitivos. O bZ4X não é uma má opção; É só um pouco frustrante em alguns detalhes.
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