Em 2013, a BMW apresentou o i3, um hatchback de teto alto que trouxe de carros conceitos apresentados anteriormente muito do que aplicou nas ruas. Construção com fibra de carbono, partes pensadas para peso reduzido, aerodinâmica aprimorada e a propulsão 100% elétrica que, como opcional em diversos mercados, poderia ter um pequeno motor gerador.
Esse carro ditou regras, mesmo com visual futurista. Foi um dos primeiros carros elétricos vendidos no Brasil para o público e importante passo na eletrificação da BMW ao redor do mundo. Mas o patamar precisava ser elevado e a empresa bávara não dormiu no ponto. Do conceito Vision iNEXT apresentado em 2018, aqui está o BMW iX, que chega ao Brasil com preços entre R$ 650.950 e R$ 794.950.
Enquanto os carros elétricos cada vez mais se parecem com modelos tradicionais, a combustão, o BMW iX seguiu o caminho contrário. Basta alguns minutos analisando o SUV para perceber que ele faz uma mistura de carro conceito com elementos em prol da aerodinâmica. Você pode não gostar disso e comprar um BMW elétrico com visual mais tradicional, mas cadê a graça?
O BMW iX tem 4,95 m de comprimento, sendo 3 metros deles de entre-eixos. O balanço dianteiro e traseiro curtos já mostram um visual lateral diferente, complementado pelas rodas de 22" da versão xDrive 50i. A altura de 1,70 m pode variar pela suspensão a ar adaptativa, mas os vidros grandes trazem um perfil diferente em uma era onde a linha de cintura sobe e diminui a área envidraçada. Maçanetas estão embutidas nas portas de alumínio.
A traseira tem lanternas finas cravadas na tampa do porta-malas em composto plástico, que é uma peça só de ponta a ponta. Esse visual limpo contrasta com a dianteira, com seus faróis finos Matrix LEDs e a grande "grade", que na verdade é apenas uma proteção para radares e sensores e, com uma resina especial, pode se recuperar de pequenos riscos e impactos usando vento e calor. O capô nem abre a não ser nas concessionárias para reparos, mas guarda a parte de sistema elétrico dos motores.
O BMW iX segue com esse estilo Concept Car no interior. As portas, que tem fechamento por sucção, já guardam botões em cristal para ajustes dos bancos e, para sua abertura por dentro, um pequeno botão. Os bancos são em um tecido perfurado e, integrado a eles, sistemas de aquecimento, ventilação e de som, que dá um efeito 3D no 50i assinado pela Bower & Wilkins.
Uma grande tela faz a função do painel de instrumentos, com 12,3", e ao seu lado a do sistema multimídia com 14,9", aplicadas em uma placa curva para um efeito visual moderno - os novos BMW já estão aplicando a mesma solução conforme são apresentados, como o novo Série 3. O console central é minimalista, com botões em cristal e acabamento em madeira e diversos comandos, como modos de condução, suspensão pneumática e o próprio seletor do câmbio.
Com o iX, a BMW quer mostrar ao mundo que se preocupa com algo além do carro. Para isso, a marca produz o SUV em Dingolfing, Alemanha, uma planta com energia sustentável. E isso segue para as matérias primas, que são naturais ou recicláveis, incluso o alumínio, tapetes e plásticos. Para as baterias, Cobalto e Lítio extraídos de forma controladas, além dos motores não utilizarem compostos de terras raras. O carro também pode ser quase totalmente reciclado no seu fim de vida, inclusive as baterias.
O projeto do BMW iX é focado em ser totalmente elétrico. Elementos que estão nele irão para modelos futuros (como o próprio painel), e sua construção com partes em alumínio e fibra de carbono nos remete ao i3. Isso reduz seu peso sem prejudicar a resistência a impactos e de torção. O design foi projetado para dar um baixo arrasto aerodinâmico, com apenas 0,25 de coeficiente aerodinâmico.
Também é um carro conectado, já pronto para o futuro 5G no Brasil. Usa seu GPS para prever até mesmo momentos de frenagem para regeneração e aprende hábitos do motorista, como rádios ou momento onde ele abre o vidro, por exemplo. Comandos por voz e gestos podem comandar o multimídia. Pelo GPS, ele traça uma rota e faz uma estimativa inteligente de autonomia considerando tráfego, topografia e muito mais.
O iX xDrive 50i é o topo e a versão que tivemos esse primeiro contato. É a mais potente e, com até 630 km de alcance declarado, tem a maior autonomia do mercado brasileiro. Não a toa, possui uma bateria de 111,5 kWh (105,2 kWh úteis) no assoalho e fornecida pela Samsung, de 369 V e de Ion-Lítio. Tem uma capacidade de recarga de até 150 kW, recarregando 70% em 35 minutos ou adicionando 150 km de autonomia em apenas 10 minutos em um recarregador com essa capacidade.
No eixo dianteiro, um motor elétrico de 272 cv e 35,9 kgfm. Na traseira, 340 cv e 40,8 kgfm, este priorizado na condução. Combinados, 523 cv e 78 kgfm de torque distribuídos automaticamente entre os eixos conforme a necessidade, com vetorização de torque. Segundo a BMW, faz de 0 a 100 km/h em 4,6 segundos, com máxima de 200 km/h.
Os europeus foram os primeiros a observarem com maior atenção os carros elétricos. Não a toa, chegaram antes em modelos de qualidade e referências para os demais mercados. Os chineses aceleraram bastante esse desenvolvimento e chegaram quase ao mesmo patamar de construção e qualidade, mas o BMW iX muda isso. Ele mostra o que podemos esperar a partir de agora dos carros elétricos europeus, principalmente da BMW.
O contato com o BMW iX foi de apenas um dia, mas deu para perceber onde ele quer chegar. Seu visual futurista apenas emoldura um conjunto técnico primoroso, de alta tecnologia e qualidade. Em movimento, não parece ser um carro com quase 5 metros de comprimento e tem o desempenho que esperamos de um elétrico com essa potência e configuração de motor.
O que chama a atenção é como a tecnologia trabalha a seu favor. Mesmo com o piloto automático adaptativo desligado, ele usa os radares para manter a distância dos carros da frente em desaceleração e aproveita isso para regenerar energia nas reduções. No GPS nativo, se colocar uma rota, ele usa a câmera frontal para criar um ambiente onde indica onde entrar ou virar, ajudando os mais perdidos.
A qualidade de rodagem chama a atenção. Silencioso, nem mesmo ruído de pneus pelo composto específico para elétricos, muito menos vento pela aerodinâmica. A suspensão adaptativa e um eixo traseiro direcional ajudam e muito nas curvas, mesmo mais fechadas. Os bancos são bem confortáveis e é difícil achar um defeito no BMW iX nesse período de apenas um dia de uso. Mas eu não fui sozinho conhecer o BMW iX...
Durante esse contato com o SUV elétrico que durou um dia inteiro, fomos de São Paulo à Bertioga, no litoral norte. Então deu pra acelerar em rodovia de pista dupla, estrada de pista simples e descer a serra, além de circular em pequenos trechos urbanos.
No final da descida da serra, chegamos a passar dos 600 km de autonomia indicada no computador de bordo, ainda que o número tenha caído bastante durante o retorno, com a prevalência de subidas, o que já era esperado. Mas de uma forma geral dá pra dizer que a estimativa de alcance é bem realista, então os ansiosos com autonomia podem ficar tranquilos.
Já dirigi muitos veículos elétricos, muitas vezes com agradáveis surpresas, mas o BMW iX realmente se destaca na qualidade de rodagem. Firme sem ser duro demais, bem assentado, com ótima dinâmica e uma direção bem calibrada ele é puro prazer ao volante.
Andando rápido ou numa tocada mais suave, o SUV elétrico convence pelas tecnologias que tornam a vida do motorista mais fácil e pela sensação de qualidade de construção, isolamento acústico e acabamento.
Seja como for, a BMW diz que o iX é a vitrine de tecnologias da marca, o que se revelou uma verdade. Os veículos elétricos estão subindo de nível e aqui está o próximo passo. Nós gostamos.
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