Avaliação: Mercedes-Benz EQB 250 2023 tem o bom (e ruim) de um GLB
SUV elétrico de 7 lugares é uma das poucas opções no segmento, mas cobra por isso com seu motor de 190 cv
O segmento dos SUVs elétricos ganhou grandes novidades no mercado brasileiro ao longo de 2022, como o Mercedes-Benz EQB 250. Apresentado em outubro, o SUV é uma das poucas opções com capacidade para levar 7 pessoas no mercado nacional e também fruto da nova ofensiva de elétricos da Mercedes-Benz no Brasil.
Para quem ainda não reparou, o novo Mercedes-Benz EQB é basicamente a versão 100% elétrica do GLB, o SUV de sete lugares de entrada da marca. Ele foi lançado junto do EQA e do sedã EQE, trazendo uma proposta de SUV familiar elétrico sem ter que ser necessariamente um SUV grande para levar 7 pessoas a bordo. Assim como toda a linha de elétricos da Mercedes-Benz que é derivada de carros a combustão, o EQB traz visual exclusivo.
Visual futurista
O design do novo Mercedes-Benz EQB é basicamente o mesmo do GLB, mas muda consideravelmente na parte dianteira, trocando o visual mais robusto e quadrado por uma linguagem mais futurista e arredondada da divisão de elétricos da marca alemã. Os faróis são estreitos e são interligados por um filete de LED que atravessa toda a dianteira, se integrando a grade frontal fechada com acabamento em black piano e a estrela de três pontas no meio, que é acompanhada de frisos cromados. Os para-choques têm as extremidades mais destacadas, fruto do pacote visual AMG que é padrão no EQB 250 vendido no Brasil.
Indo para a lateral, praticamente não se diferencia do GLB. A exceção fica por conta das rodas de liga-leve de 19 polegadas AMG com desenho curioso de uma estrela de cinco pontas com uma moldura redonda preta logo atrás. No mais, sai o bocal do tanque de combustível do lado esquerdo para entrar do outro lado o bocal de recarga das baterias, que ficou na direita do carro.
Na traseira, a lanterna também é do tipo inteiriça de LED, dando um efeito visual interessante à noite. O para-choque também é próprio e traz dois nichos de frisos horizontais em ambos os lados, além de acomodar também o suporte para a placa (no GLB é na tampa). Apesar de não parecer, o EQB também é um pouco mais comprido que o GLB, com 4.684 mm contra os 4.634 mm (50 mm a mais pelos para-choques maiores), sendo também 29 mm mais alto (1.688 mm x 1.659). Já a largura de 1.834 mm (2.020 mm com retrovisores) e o entre-eixos de 2.829 mm são iguais em ambos.
A pegada futurista e “diferentona” dos carros da linha EQ da Mercedes-Benz se estende de certa forma para o interior do SUV, ainda que em menor medida. Isso porque no EQB 250 importado da Hungria para o Brasil é de série a nova iluminação ambiente, que não só ilumina as portas e os pés como também as saídas de ar em forma de turbina e o lado direito do painel, que traz um acabamento pespontado em diversas luzes que garante um visual bem chamativo a noite, para não dizer que lembra muito computadores “gamer” em algumas combinações de cores, à exemplo do azul e roxo.
Como é?
Quem já conhece o Mercedes-Benz GLB vai estar familiarizado ao entrar no EQB, pois o design é praticamente o mesmo. Além das novas luzes internas que citei antes, o SUV elétrico de 7 lugares tem ainda um novo volante AMG com acabamento em alumínio e comandos sensíveis ao toque. O painel de instrumentos 100% digital e configurável de 10 polegadas é unido a outro display de 10,2” do sistema multimídia MBUX, que traz informações adicionais do motor elétrico. O interior ainda conta com detalhes nas portas que remetem a fibra de carbono, enquanto as soleiras trazem o nome do carro iluminado.
Para o mercado brasileiro, a Mercedes-Benz optou por equipar o EQB 250 com o mesmo conjunto elétrico do EQA, que entrega até 190 cv de potência (140 kW) e bons 39,26 kgfm de torque para as rodas dianteiras. Na Europa a Mercedes-Benz oferece o EQB nas variantes 300 4Matic e 350 4Matic, com potências que ficam entre 228 cv e 292 cv, sempre com tração integral. O conjunto de baterias tem capacidade de 66,5 kWh, sendo que deste conjunto 60 kWh são úteis. Já sua capacidade de carga fica em 11 Kwh com o uso de um carregador de corrente alternada (AC), podendo chegar em 100 kWh com carregador rápido de corrente contínua (DC).
O que não muda é a versatilidade do EQB perante o GLB. Ele conta com a segunda fileira de bancos com ajuste de inclinação do encosto e também corrediça (pode se mover 140 mm), que permite configurar o melhor espaço para quem vai acomodado na segunda e terceira fileiras. Quem senta na segunda vai notar o piso mais alto por conta da bateria.
Além disso, não se empolgue muito, pois os dois bancos extras acomodam pessoas de no máximo 1,65 m, fora que os assentos ficam bem rentes ao vidro traseiro do porta-malas, o que acaba também limitando o tamanho do porta-malas, ficando sem espaço por conta das bolsas com carregadores. Ou você leva 7 pessoas, ou tem espaço no porta-malas, os dois não dá.
A Mercedes-Benz divulga uma capacidade de 495 litros para o porta-malas com os 5 bancos, podendo chegar 1.710 litros com todos os assentos rebatidos. Curiosamente, a marca não revela a capacidade com a terceira fileira, mas certamente não passa dos 130 litros como no GLB. Aliás, esse espaço é ainda mais restrito por conta das bolsas com os carregadores, como adiantamos no parágrafo anterior.
Dia a dia
Dirigir o Mercedes-Benz EQB 250 é sinônimo de suavidade, já que todo seu conjunto é ajustado pensando em conforto, por mais que venha equipado de série com o seletor de modos de condução Dynamic Select, que muda as respostas do acelerador dependendo do modo escolhido. O padrão é o Comfort, enquanto o Eco visa a economia da bateria, trazendo respostas mais tímidas nas acelerações, enquanto o Sport deixa o modelo mais arisco por conta do pedal do acelerador mais sensível.
Na prática e no uso diário, o modo Comfort é o mais confortável e o que melhor conversa com o carro, já que as respostas do acelerador e agilidade nas acelerações ficam na medida e são compatíveis com a proposta mais familiar do carro. Característica que também conversa com a suspensão, mais voltada ao conforto devido a sua maciez. O único, porém, é que nas frenagens mais fortes a frente do EQB acaba mergulhando um pouco demais, embora nada comprometa a sua segurança.
Apesar das rodas de 19 polegadas calçadas com pneus 235/50 tipo Run Flat, o EQB não chega a sofrer tanto em nossas vias lunares que infelizmente é padrão em boa parte do Brasil. Logicamente, tem que ter cuidado com buracos maiores pelo caminho, já que nessas situações você fica sujeito a batidas secas que, apesar de ser uma característica de alguns Mercedes-Benz, no EQB esse impacto acaba sendo de menor intensidade.
Embora os 40 kgfm de torque sejam razoáveis, eles não sobram na vida real por seu peso de 2 toneladas. O SUV não chega a ser lento, já que tem uma aceleração de 8,9 segundos no 0 a 100 km/h divulgado pela fabricante, mas também não causa aquela sensação de frio na barriga do torque instantâneo de elétricos mais potentes. A sensação é que o Mercedes-Benz EQB 250 entrega sua força de maneira mais gradual, o que é muito bem-vindo para rodar na cidade – e que certamente também será mais amigável a motoristas que não estão acostumados a dirigir elétricos. De contrapartida, pode fazer falta uma força extra com o carro mais carregado.
Pode-se dizer que a direção não é tão direta, ficando um passo atrás de BMW e Audi nesse quesito, mostrando que realmente esportividade não é sua proposta. Em curvas mais sinuosas a carroceria vai oscilar um pouco, embora as baterias instaladas no piso garantam a estabilidade (ajudado também pelas babás eletrônicas, claro) e o centro de gravidade um pouco mais baixo. A retomada nas acelerações como todo elétrico são ágeis, com o EQB mantendo os 120 km/h em rodovia com muita facilidade. A velocidade máxima fica em 160 km/h (limitada eletronicamente).
As aletas atrás do volante são para deixar o modo de regeneração de energia mais intensos ou o carro totalmente solto, com o lado esquerdo aumentando e o direito reduzindo a intensidade. Rodando pela cidade, no modo mais intenso o EQB vira quase um carro com sistema “One Pedal”, já que o sistema reduz a velocidade do carro com gosto ao tirar o pé do pedal do acelerador, com você precisando usar o freio apenas para parar o carro nos semáforos.
Meu trajeto diário de casa para a redação fica em 23 km, pegando um trânsito bem pesado na parte da manhã – como é de praxe em São Paulo. Ao longo do período do teste, o consumo médio ficou 6,4 km/kWh na cidade, o que nos dá uma autonomia de 384 quilômetros neste uso. Já rodando na estrada, o consumo caiu para 5,8 km/kWh, o que na prática resulta num alcance de 348 km, um pouco aquém dos 474 km padrão WLTP europeu. Mas vale salientar aqui que essa autonomia pode cair dependendo do tipo e relevo da estrada e, sobretudo, do seu pé. A diferença de consumo rodando a velocidades de 100 km/h ou a 120 km/h pode mudar bastante sua autonomia final.
Vale a pena?
O pacote de equipamentos do EQB agrega farol alto automático adaptativo, ar-condicionado automático de 2 zonas, 7 airbags, piloto automático adaptativo com alerta de colisão, assistente de manutenção em faixa, alerta de tráfego cruzado e de desembarque, porta-malas com abertura elétrica (e abertura sem o uso das mãos) e bancos dianteiros com ajuste elétrico e memória, além de teto solar elétrico panorâmico, navegador GPS com realidade aumentada, retrovisores rebatíveis eletricamente e com função antiofuscante, carregador wireless, assistente de estacionamento e suporte a Android Auto e Apple CarPlay (via cabo).
Soma ainda o sistema MBUX, que permite abrir/fechar o teto solar ou mudar a temperatura do ar-condicionado com comandos dizendo “Ei, Mercedes”, entre outras funções. O EQB 250 traz também um pacote desenvolvido em parceria com a Enel X Way, que inclui um carregador “wallbox” e instalação. Além desse pacote, o SUV traz três anos de manutenção preventiva já inclusa e três anos de garantia de fábrica.
Galeria: Teste Mercedes-Benz EQB 250 2023
Como pode-se notar, o pacote de itens de série do Mercedes-Benz EQB 250 não é ruim. O que pesa contra é seu preço: R$ 502.900. Valor acima de modelos mais potentes como o Volvo XC40 Recharge (R$ 329.950) e até mesmo de SUVs maiores como o BMW iX3 (R$ 473.950). De 7 lugares para 7 lugares, temos o BYD Tan no horizonte, com porte maior e um pouco mais caro, saindo por R$ 529.890, apesar de não ter o mesmo prestígio da marca da estrela. A questão é pagar meio milhão por um carro com menos de 200 cv, onde o fator desempenho pesa para quem quer ter um elétrico na garagem - ainda mais em modelo familiar, que andará carregado boa parte do tempo.
Mercedes-Benz EQB 250
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