Avaliação: Mercedes-Benz EQE 300 é futurista na medida certa
Mais "pé no chão" que o EQS, mas ainda assim diferente o suficiente para o cliente de carros elétricos
Temos dois cenários entre os carros elétricos. Há montadoras e modelos com design tradicional, semelhante a um carro a combustão, com poucas mudanças que identificam o EV, bom para quem quer ser mais discreto. E há marcas que ainda apelam para o estilo futurista para realmente mostrar que aquele carro é 100% elétrico, um toque de vanguarda.
A Mercedes-Benz tem os discretos EQA e EQB, mas também o EQS e o EQE, este último que chegou ao Brasil em 2022 na versão 300 e custa R$ 707.900. Se você não gosta de um estilo futurista e chamativo, nem continue a ler. Esse Mercedes-Benz EQE 300 é para quem não quer passar despercebido pelas ruas.
Mais futurista, menos nave espacial
Esse estilo dos elétricos da Mercedes-Benz não é uma novidade. Já avaliamos o EQS 53, assinado pela AMG, é o máximo de futuro e tecnologias que a marca conseguiu colocar em um carro elétrico até o momento. O EQE é mais pé no chão, mas nem por isso não tem o que nos mostrar sobre futuro.
O EQE foi o segundo modelo da Mercedes-Benz feito sobre a plataforma dedicada a modelos 100% elétricos, a MEA (Modular Electric Architecture), então não tem como chamá-lo de derivado do Classe E, mas sim um modelo independente. Diferente do EQS, que veio em sua versão topo, o EQE 300 é a de entrada no exterior, com um motor instalado no eixo traseiro.
Esse motor é do tipo PMS, com 245 cv (180 kW) e 56,1 kgfm de torque. Para alimentar, uma bateria de 100 kWh (89 kWh úteis) com uma autonomia, segundo o ciclo WLTP, de 645 km. Ajuda bastante esse número a aerodinâmica do EQE 300, um dos motivos para o visual futurista que divide opiniões. E uma vantagem dessa base elétrica é poder aproveitar os eixos bem mais nas extremidades para ter um bom entre-eixos: são 4.946 mm de comprimento com 3.120 mm ao centro.
Não há como abrir o capô. Perto da porta do motorista, um acesso para completar o líquido do limpador de vidros e este é o máximo que você chegará perto de fazer algo no EQE. No que seria a grade dianteira, o estrela da Mercedes-Benz está em uma placa preta que casa com os faróis fullLEDs. Uma grande área envidraçada nos leva até a curta traseira do EQE, com lanternas interligadas em LEDs, seguindo o estilo futurista, onde rodas de 21" preenchem as grandes caixas de rodas.
No para-lama traseiro esquerdo, a porta de recarga do EQE 300. Do Tipo 2, em AC chega aos 11 kW de capacidade e, 170 kW em DC, com carga rápida em CCS Combo 2. Em capacidade máxima, vai de 10 a 80% em 33 minutos.
Equilibrado, andando nas nuvens
O interior do EQE 300 não tem as três telas do EQS, mas não fica devendo nesse ponto. O painel de instrumentos é até uma tela mais parecida com os novos modelos da marca, acompanhado de um volante de três raios, e ao centro uma tela maior para sistema multimídia e comandos do carro, inclusive climatização. O efeito "nave do espaço" vem com a quantidade de LEDs espalhados, com cores configuráveis, que inclusive indicam o nível da bateria durante a recarga na base do parabrisa.
O acabamento é inquestionável. Couro, madeira, alumínio e, neste carro Edition One, acabamento branco em tudo - lindo, mas um imã de sujeira que chega a criar um vício por limpeza no seu dono. Nem os tapetes escaparam. O EQE 300 é um carro que se passa horas e horas analisando seus detalhes, qualidade de montagem e construção dignos de um Mercedes-Benz.
Mas é ao volante que o EQE 300 melhor apresenta o futuro. A entrega de potência linear é agrado ao conforto, sem sustos ou trancos desnecessários. Com seus 245 cv, não chega a ser um canhão, principalmente pelo peso de 2.385 kg, porém faz seu papel na cidade e na estrada. Pela aerodinâmica aprimorada, não há barulho de vento mesmo em velocidades mais altas e a suspensão, adaptativa a ar, é como andar nas nuvens.
Não é um AMG, então ainda possamos sentir a carroceria dobrando em situações mais "animadas" de condução e como o peso de um carro elétrico interfere na dinâmica, apesar das baterias no assoalho. E vale a reclamação para o painel bem alto do EQE, assim como do EQS, que exige que pessoas mais baixas elevem a altura do banco para ver melhor o que está na frente. Lembra que comentei do entre-eixos? Passageiros do banco traseiro tem um grande espaço para as pernas, piso plano e ar-condicionado de 4 zonas, como um legítimo Classe E. No porta-malas, 430 litros, com abertura elétrica.
Nave de R$ 700 mil
Obviamente que o Mercedes-Benz EQE 300 não é barato. Hoje, são R$ 707.900, ou R$ 709.900 no Edition One como testado. Vem o pacote completo de assistentes de condução, sistema de som Burmester, interior em branco, seletor de modos de condução, câmeras 360 para estacionamento, ar-condicionado de 4 zonas e muito mais. O pacote visual AMG e as rodas de 21" estão nesse conjunto.
Nosso contato com o EQE 300 foi rápido, mas o sedã elétrico mostrou como uma base dedicada faz bem a um carro. Diferente do EQA e EQB, é superior em conforto, rodagem, tecnologias e como se comporta como um elétrico. Como todo Mercedes-Benz, cobra por isso e apresenta qualidades para atrair os clientes como uma "premium das premium". Será que vem versões mais potentes do EQE? Aceitamos...
Fotos: Mario Villaescusa (para o InsideEVs Brasil)
Mercedes-Benz EQE 300
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