Avaliação: BMW iX3 M Sport 2023 não deixa saudades do motor a combustão
Sem concorrentes (por enquanto), SUV elétrico impressiona pela boa dinâmica, mas fica longe dos 460 km de autonomia divulgados
A BMW foi a primeira a vender carros elétricos ao grande público no Brasil com o i3 em 2014. Durante anos, foi o único 100% elétrico da marca e isso deu espaço para que a concorrência entrasse nesta área, ainda mais nos últimos 5 anos, conforme o mercado europeu incentivava a adoção dos VEs. Agora está correndo atrás do prejuízo para lançar uma linha de elétricos e o iX3 será um dos mais importantes e tem credenciais para virar o jogo.
O BMW iX3 é o primeiro carro elétrico desde o i3 e o terceiro da linha BMW i (o modelo que não citamos é o i8, um esportivo híbrido que já saiu de linha). A fabricante aproveitou que a plataforma CLAR do X3 normal já estava preparada para eletrificação por possuir uma variante híbrida plug-in para fazer as alterações necessárias e transformar o SUV em um carro totalmente elétrico, porém sem parecer que foi uma adaptação como o Mercedes-Benz EQC ou o Mini Cooper SE.
Menos futurista que o iX, e isso é bom
Torna-se bem interessante por se afastar da fórmula do iX (seu irmão maior e bem mais caro). Enquanto o iX tem um design bem incomum, o iX3 é confortavelmente mais sóbrio. Coloque-o lado a lado com o X3 com motor a combustão e as diferenças serão bem poucas, como a grade fechada e a adição de uma porta de recarga no lugar do tanque de combustível. Se afasta um pouco da ideia que algumas marcas ainda tem de que um elétrico tem que ter um visual futurista e mantém os pés no chão. Alguns mais desatentos nem irão perceber que é um carro elétrico até que o SUV entre em movimento sem fazer barulho.
Para quem mora em uma metrópole como São Paulo, o iX3 tem o tamanho ideal para conviver com as ruas apertadas e as vagas pequenas. Com 4,73 metros de comprimento e um entre-eixos de 2,86 m, tem mais espaço do que o necessário para uma família de quatro pessoas, até mesmo na hora de viajar, pois o porta-malas tem capacidade para 410 litros. Quem viajar no banco do meio vai um pouco mais apertado herdado, ainda mais com o túnel central alto herdado do X3 a combustão. Ao menos tem saídas do ar-condicionado com controle próprio e duas portas USB-C.
Colocar as baterias de 80 kWh (74 kWh líquidos) fez com que o peso subisse consideravelmente, de 1.990 kg para 2.185 kg. Ainda assim, os 286 cv e o torque instantâneo de 40,8 kgfm ajudam a colocar o SUV em movimento com vigor. Tanto é que a BMW declara uma aceleração de 0 a 100 km/h em 6,8 segundos, porém a velocidade máxima é limitada a "somente" 180 km/h, comum nos elétricos para preservar autonomia.
Com esta força disponível tão facilmente e com um ajuste preciso da direção, o iX3 é afiado como a versão a combustão. Por ser um SUV, o risco de raspar é bem menor do que no i4, por exemplo, ainda mais por ter um assoalho mais baixo por conta das baterias. O centro de gravidade baixo ajuda bastante a manter o utilitário plantado no chão e a carroceria balança muito pouco.
Só não perca tempo usando o modo Sport. A aceleração praticamente não muda e a única diferença é que o som de nave espacial fica mais alto. Mantenha o carro no modo Comfort ou Eco que é mais do que suficiente para andar bem rápido.
Mesmo com as experiências positivas no geral, tive alguns problemas o iX3, alguns deles muito irritantes. Para começar, a BMW promete uma autonomia de 460 km, o que é um número muito bom. Mas levou só alguns minutos para ver este número despencar para cerca de 350 km e, só a partir daí, reduzir de forma realista. E isto aconteceu duas vezes, quando peguei o carro com a BMW e depois, quando fiz uma recarga completa em um posto em um shopping center a 2 km da minha casa.
O rendimento também não foi lá aquelas coisas. No ciclo de testes WLTP da União Europeia, o SUV registrou até 5,1 km/kWh (19,5 kWh/100 km), mas ficou abaixo disso na nossa avaliação. O melhor resultado que consegui foi de 4,5 km/kWh (22 kWh/100 km). Mesmo considerando o peso a aerodinâmica desfavorável, ficou um pouco aquém do prometido. Na cidade, ficamos na faixa dos 330 km.
Preço pela eletrificação
Por R$ 485.950, o iX3 acaba servindo como versão topo de linha do SUV, custando R$ 70 mil a mais do que o X3 híbrido plug-in. Vem bem equipado, com itens como head-up display, central multimídia de 12,3" com Android Auto e Apple CarPlay sem fio, painel de instrumentos digital de 12,3", sistema de som Harman Kardon com 16 alto-falantes, controle de cruzeiro adaptativo, ar-condicionado de 3 zonas, câmera de ré e até o My BMW App, permitindo sincronizar o carro com um smartphone para destravar as portas, ligar o veículo e obter mais informações.
É um preço alto, mas não há nenhum SUV exatamente nesta categoria com um preço próximo. A Mercedes-Benz tem o EQB por R$ 502.900 e o EQC por R$ 693.900. O Jaguar I-Pace já chega em R$ 632.500 e o Audi e-tron é vendido por R$ 615.990. A Volvo tem o XC40 por bem menos, mas que também é um carro bem menor e que irá competir com o futuro iX1. Mesmo com a autonomia longe da que é divulgada, o BMW iX3 seria minha escolha para um SUV médio totalmente elétrico.
BMW iX3
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