O Chevrolet Bolt EUV vale a pena? O que esperar do SUV elétrico que foi lançado há pouco tempo no Brasil com venda limitada? Baseado no pioneiro Bolt EV, o novo veículo elétrico se apresenta com uma proposta familiar, trazendo soluções interessantes e preço mais baixo que o hatchback para atrair compradores. Confira nossas impressões e conclusões nesta avaliação.
Apresentado no começo de 2021, o Chevrolet Bolt EUV chegou ao mercado para atender à demanda por um veículo elétrico com proposta familiar e mais espaço que o Bolt EV regular. Classificado como um SUV compacto, o Bolt EUV (Electric Utility Vehicle) compartilha a mesma plataforma BEV2 do hatchback e se diferencia pelo maior comprimento (161 mm mais longo) e 75 mm a mais na distância entre-eixos, sem contar a altura.
Em termos de visual externo, as diferenças entre o Bolt EUV e o hatchback não são tão profundas. Embora o SUV tenha um design próprio, ele é totalmente baseado no modelo menor e adota as mesmas soluções de estilo, seja nas linhas da carroceria, como nos faróis estreitos (embora sejam maiores) e também nas lanternas.
Na prática, tem que chegar um pouco mais perto para diferenciá-lo do hatchback e notar o que mudou, principalmente na frente redesenhada e visto de lado a partir da coluna C. No fim das contas agrada: ainda é um desenho atual e transmite robustez, graças aos vincos e linhas angulosas. Tudo em harmonia.
E aqui vale um comentário: o interior é bem projetado, seguindo o padrão do Bolt EV atualizado, com central multimídia mais moderna e novas funcionalidades, além dos bancos redesenhados, mas somente o SUV conta com teto solar panorâmico de acionamento elétrico. E apesar de ser um veículo elétrico, muitos elementos de acabamento soam familiares, ou seja, os clientes de modelos Chevrolet a combustão, como um Equinox, se sentirão em casa.
E falando em habitabilidade, temos um ponto positivo. Não só o espaço para quem vai na frente é bom, mas principalmente na traseira, onde o espaço para pernas e o assaolho plano também na parte central são destaques: por dentro o SUV parece muito maior do que quando visto de fora. O porta-malas tem 462 litros de capacidade declarados. Mas é uma disposição um pouco mais vertical que se beneficia de dois níveis para acomodar as bagagens, otimizando o uso e melhorando a organização das bagagens.
Bem equipado, o Bolt EUV traz os itens mais relevantes para um carro elétrico deste segmento: ar-condicionado de duas zonas, teto panorâmico, carregador sem fio para smartphones, tela multimídia de 10,2" com espelhamento Android Auto e Apple Car Play e câmera de visão traseira.
Também tem o pacote "Chevrolet Safety Assist", que inclui frenagem de emergência automática (AEB), 10 airbags, alerta de colisão frontal, assistente de permanência com aviso de saída de faixa, indicador de distância, IntelliBeam (troca automática de farol alto-baixo) e frenagem dianteira com alerta para pedestres, câmera de 360°, controle de cruzeiro adaptativo e alerta de movimentação traseira.
Boa ergonomia, posição de dirigir, visibilidade e acesso fácil aos comandos são pontos positivos. O quadro de instrumentos digital tem boa resolução e traz as principais informações de forma clara para quem dirige um veículo elétrico. Já a tela principal de 10,2" tem navegação fácil e espelhamento Android Auto e Apple Car Play, com destaque para o aplicativo de gerenciamento de energia, que traz dados detalhados sobre a condução, eficiência e ajustes de energia e até parâmetros de carregamento.
Logo nos primeiros metros, o Bolt EUV parece um velho conhecido, afinal ele é totalmente baseado no Bolt EV, o que é bom. No geral, o perfil é de um carro elétrico bem construído: alta rigidez da carroceria, pouco rolamento, bom isolamento acústico e suspensão bem ajustada, ainda que tenha um acerto um pouco mais firme que a média.
Os pneus Michelin ajudam na tarefa diária de encarar os remendos do asfalto e compõem um conjunto honesto com a suspensão e a direção elétrica precisa, ainda não que seja tão rápida. Ainda sobre a condução e a dinâmica, o Bolt EUV tem boa aderência e não 'desgarra' nas arrancadas, mesmo as mais fortes.
Com tudo isso, o Bolt EUV é agradável no dia a dia, tarefa auxiliada pelos sistemas de assistência ao motorista que atuam na medida certa, sem ser invasivos. Apenas um detalhe por conta do retrovisor externo do motorista, que tem a lente ampliada e incomoda um pouco quem não está acostumado.
E durante a avaliação veio a calhar a necessidade de uma curta viagem de 170 km ao interior de São Paulo (SP) em uma região com infraestrutura para carros elétricos ainda insuficiente. No entanto, a autonomia próxima dos 400 km e o carregador portátil foram suficientes para viagem sem preocupação.
Rodando na estrada, o Bolt EUV se destaca pelo desempenho, dinâmica e eficiência energética. Acompanhando o fluxo e "sobrando", rodando entre 110 e 120 km/h na maior parte do tempo, ainda dá pra regenerar bastante e chegar a um consumo final bem interessante.
No fim de semana foram quase 400 km rodados a uma média de 16,7 kWh/100 km (6 km/kWh), que considerando uma bateria de 65 kWh daria um alcance total de 388 km com uma carga. Isso no uso 90% rodoviário, com temperatura oscilando entre 10 e 15 graus e carro cheio - a 120 km/h direto, estime uma autonomia de 350 a 370 km com uma carga.
Por outro lado, dirigindo exclusivamente na cidade o consumo de energia cai bastante: médias ao redor de 13 kWh/100 km (7,7 km/KWh) são fáceis de conseguir, o que dá um alcance total ao redor dos 500 km, um ótimo número e bem acima dos 377 km homologados pelo Inmetro.
O Bolt EUV tem condução One Pedal com boa intensidade de regeneração, indicado no uso urbano com o anda e para do trânsito pesado. Outro destaque, mais comum em carros elétricos de marcas premium, é a borboleta no volante para reduções com regeneração, permitindo dirigir combinando aceleração e o paddle-shift.
A bateria de íon-lítio tem 288 células, 68 kWh (65 kWh úteis) de capacidade e aceita recarga com potência de 11 kW em corrente alternada AC ou até 55 kW em corrente direta (DC). Como utilizei o carregador portátil em uma tomada 220V doméstica, a velocidade de recarga foi bem menor, o que justifica o período noturno para "completar" a bateria e não incomoda nem um pouco. No menu energia dá pra escolher entre recarga com 6A ou 10A, de acordo com as condições da instalação, sendo a opção mais alta recomendada para um carregamento um pouco mais rápido.
O Chevrolet Bolt EUV foi lançado no começo de 2022 nos Estados Unidos e acabou demorando muito para chegar por aqui por conta dos problemas que a GM teve com as baterias defeituosas da LG, um problema que foi sanado. Agora, o SUV elétrico estreou no Brasil em um lote limitado de apenas 200 unidades pelo preço de R$ 279.990 cada, um valor mais baixo que o cobrado até então pelo Bolt EV hatchback (R$ 329.990) e que deixou o modelo EUV um pouco mais realista em termos de mercado.
Trazendo as qualidades que já conhecíamos na linha Bolt, como boa construção, lista de equipamentos e assistência, arquitetura elétrica, ótimo desempenho e eficiência no uso de energia (mesmo a GM já possuindo algo mais moderno na prateleira), o Bolt EUV custa o mesmo que um BYD Yuan Plus, com porte, potência e equipamentos no mesmo patamar, com a diferença de que o chinês está começando sua trajetória e o Bolt EUV é de uma marca consolidada, embora esteja a caminho da despedida.
A renovação no segmento de carros elétricos é mais rápida que no de modelos a combustão e está muito claro que a GM quer dar o passo adiante com a nova arquitetura Ultium, que suportará veículos elétricos mais modernos, eficientes e com menor custo de produção. Nesse ponto, o Bolt EUV representa a transição para essa nova realidade, mas por seus atributos até poderia durar um pouco mais, desde que tivesse preço bem competitivo.
Fotos: Mario Villaescusa (para o InsideEVs Brasil) e Júlio César
Chevrolet Bolt EUV
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