Teste: Mercedes-Benz EQE 300 SUV mostra o potencial elétrico da marca
Com plataforma dedicada e um pacote tecnológico impressionante, utilitário é o melhor EV da empresa
Apesar de ter sido uma das primeiras marcas premium a lançar uma linha de carros elétricos, a Mercedes-Benz não se saiu muito bem com os primeiros veículos. Com uma adaptação da plataforma dos modelos a combustão, EQA, EQB e EQC não demonstravam muito bem o que a empresa era capaz de fazer. A história muda completamente quando olhamos para carros como o Mercedes-Benz EQE SUV, que usam uma arquitetura dedicada e são bem mais eficientes.
O EQE 300 SUV é o quarto carro construído com a plataforma EVA (Electric Vehicle Architecture) e, como está no nome, é a variante crossover feita com base no sedã para atrair a maior parte dos consumidores de hoje em dia. Esta transição de um três-volumes para um utilitário foi bem feita em termos de eficiência. Seu design mais arredondado fez com que alcançasse um coeficiente de arrasto de 0,25 Cd, tornando-se o SUV aerodinamicamente mais eficiente da empresa até hoje.
Por outro lado, é um carro com um visual que não é para qualquer um. Sim, ele vai chamar a atenção nas ruas por seu aspecto futurista, destoando muito do estilo clássico da Mercedes-Benz. Ainda assim, acredito que o EQE SUV é o mais ajeitado em termos de design dentro da linha EQ atual, até mesmo considerando os sedãs. Tem as proporções certas para usar esse estilo, sem parecer exagerado, ao contrário do seu irmão maior EQS SUV.
Se você não gostou muito do exterior, ao menos a cabine é mais impressionante, mesmo que tenha deixado alguns itens para a versão acima, a AMG EQE 53, como a tela integrada ao painel e que vai até a área do passageiro. É um pouco minimalista por retirar a maioria dos botões e ter um acabamento bem limpo, combinando itens em alumínio, couro, plástico soft-touch e imitação de madeira. Forma um estilo que lembra um deque de navio, usando uma borda alta na altura das portas.
Ainda assim, é um carro muito tecnológico. Começa pelo uso da tela vertical de 12,8 polegadas no centro. Utiliza um sistema bem desenhado, mantendo os comandos do ar-condicionado na parte inferior sem comer muito do espaço do display. Conecta facilmente com um smartphone Android ou iOS e navegar entre a integração e os menus do carro é muito fácil.
Há uma integração com as câmeras dianteiras. Ao parar em um semáforo, a multimídia passa a exibir uma imagem, para ajudar a identificar quando o sinal ficar verde, algo útil em alguns casos mais específicos. Se você usar o GPS da própria multimídia, ela ainda vai mostrar uma imagem da rua, destacando não só o caminho como também placas de velocidade e o número das casas.
O head-up display tenta se aproximar ao máximo de uma realidade aumentada completa. Exibe instruções do GPS, mesmo se estiver usando um aplicativo como Waze ou Google Maps, além da velocidade do carro ou outras informações que podem ser escolhidas através do painel de instrumentos, outro que usa um display, este de 12,3 polegadas e que lembra os outros carros da marca com o sistema MBUX.
O uso de uma plataforma dedicada ajudou muito o EQE a aproveitar o espaço. São 3,21 metros de entre-eixos, traduzidos em muito espaço nas duas fileiras de bancos e também para o porta-malas, com capacidade para 430 litros. No total, são 4,96 m de comprimento, o que poderiam ser um problema para manobrar, caso o carro não tivesse um sistema de esterçamento das rodas traseiras, movendo-as em até 10 graus, o que faz com que seja tão fácil de manobrar quanto um hatchback.
A Mercedes-Benz optou por trazer o EQE “civil” na variante com somente um motor elétrico, movendo as rodas traseiras. Gera 245 cv e um torque máximo de 56,1 kgfm, empurrando um carro que pesa 2.385 kg. A fabricante diz que chega a 100 km/h em 7,3 segundos e nosso teste instrumentado registrou 7,5 s, bem próximo do anunciado. É melhor em baixas velocidades, precisando de só 5,1 s para chegar a 80 km/h.
Porém, o peso atrapalha na parte da autonomia. Mesmo com baterias de 89 kWh, o Inmetro declara um alcance de 367 km para o EQE SUV, com um consumo de 6,28 km/kWh. Em muitos casos, é fácil superar este número oficial, mas este não foi um deles, pois nossa média final foi de 6,8 km/kWh. Talvez pudesse melhorar este número se tivesse um sistema de regeneração mais detalhado como o EQS. Aqui, são somente três modos e a diferença entre o médio e o forte é muito grande, com o médio deixando o carro solto demais, enquanto o forte funciona quase como o modo de um-pedal de alguns elétricos.
Como a maioria dos carros modernos, permite usar estações de recarga rápida de até 170 kW em corrente contínua. Neste caso, é possível ir de 10 a 80% em cerca de 30 minutos. Com um wallbox de 22 kW em corrente alternada, o tempo sobe para quatro rodas, dobrando com um carregador de 11 kW.
Mesmo que seja o elétrico da Mercedes que eu mais apreciei dirigir até agora, algumas coisas incomodaram bastante. A suspensão tem um ajuste um tanto duro para o Brasil, o que é algo até que tradicional nos carros da marca vendidos aqui. Junte isso com os pneus run-flat e vai encontrar bastante desconforto em algumas ruas mais irregulares. Ter pneus run-flat, por si só, é um problema. As chances do pneu rasgar são maiores e usar o kit de reparo é sempre uma dor de cabeça.
O Mercedes-Benz EQE 300 SUV é o elétrico mais interessante da marca neste momento. Não tem o problema de desempenho dos modelos menores e não é exagerado como o EQS. Por R$ 698.900, está na faixa de preços dos rivais. O Audi Q8 e-tron parte de R$ 699.990, enquanto o BMW iX custa R$ 699.950. Seus concorrentes são mais potentes, mas o Mercedes entrega mais tecnologia. Escolher entre os três alemães vai de gosto, mas se você quer ficar dentro da fabricante, é uma escolha bem mais acertada do que o EQS.
Mercedes-Benz EQE 300 SUV
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