Nos últimos lançamentos, a BMW adotou a estratégia de apresentar junto as versões a combustão e elétricas. Por exemplo, a nova geração do BMW X2 chegou com o inédito elétrico, o BMW iX2, que veio ao Brasil na versão xDrive30 M Sport, com tração integral e pacote completo de equipamentos.
Temos aqui um SUV cupê baseado no iX1, com personalidade distinta do antecessor a combustão, de estilo mais convencional, e uma mistura de hatchback e SUV. Normalmente chamado de SUV cupê, o iX2 é classificado pela BMW como um Sports Activity Coupe, nomenclatura que, segundo a marca, justifica um foco maior no desempenho e funcionalidade, tanto para estrada quanto para fora dela. Dito isto, o novo utilitário se diferencia do convencional BMW iX1 pela proposta visual mais ousada e esportiva.
Irmão do iX1, mas com muita identidade própria
E a BMW se preocupou em não fazer do iX2 apenas uma versão do iX1 com uma traseira diferente. Embora compartilhem alguns elementos, o SUV coupé vai além e traz faróis distintos e uma grande grade frontal iluminada chamada comercialmente de "BMW Iconic Glow”, especialmente nesta versão com estilo mais esportivo com o kit M Sport.
Nas laterais, as maçanetas embutidas, como no X1, e a caixa de rodas traseira com um perfil mais musculoso e largo reforçam o visual esportivo. A traseira, por sua vez, promete gerar discussões, com linhas retas, lanternas que avançam sobre a tampa traseira, além de um extrator e aerofólio que se destacam por não remeterem a outros SUVs da marca.
Além do visual diferenciado, o BMW iX2 também é maior em comparação com o iX1. Ele mede 4.554 mm de comprimento, 2.692 mm de entre-eixos, 1.845 mm de largura e 1.560 mm de altura. E como todo SUV-cupê, o teto inclinado acentua-se a partir da coluna C, e com uma vantagem: sem comprometer muito o espaço para os passageiros traseiros. No caso do elétrico, o espaço para bagagens tem valor entre 525 e 1.400 litros, um ponto positivo.
O interior segue o padrão minimalista e ao mesmo tempo moderno dos atuais modelos BMW. Destaque, o conjunto de tela curva, formado pelo painel de instrumentos digital de 10,25" e a central multimídia touchscreen de 10,7", se destaca pela aparência moderna, usabilidade e interface amigável. O sistema iDrive de última geração oferece diversas funcionalidades, como navegação por GPS, conectividade com smartphones e acesso a aplicativos. Uma novidade interessante é o Quick Select, que permite o acesso rápido às funções mais utilizadas através de botões físicos no console central.
A cabine do iX2 tem visual clean, sobretudo na parte do console central, e tem poucos botões, uma tendência entre os carros elétricos atuais. E ainda falando do interior, vale mencionar que mesmo sendo um derivado do 'BMW de entrada', a sensação premium está toda lá. O iX2 não deixa nada a desejar em termos de qualidade de acabamento, seja pela aparência, pelo uso de materiais macios nas portas, apliques e painel, ou pelos bancos (em couro vegano) que acomodam muito bem, e o volante, com aro mais espesso, de ótima pegada e agradável ao toque, contribuindo para o prazer ao dirigir.
A lista de equipamentos é competente e conta ainda com teto panorâmico, ar-condicionado automático de duas zonas, porta-malas elétrico, quatro portas USB-C e uma porta de 12 volts no console central e no bagageiro.
Rápido, mas não tão eficiente
Nesta versão, o iX2 é impulsionado por um dois motores elétricos com até 313 cv de potência e 50,4 kgfm de torque, um conjunto suficiente para entregar um desempenho digno ao menor SUV cupê da BMW. Em nosso teste, acelerou de 0 a 100 km/h em 5,6 segundos, exatamente o número oficial divulgado pela marca. Não é um número que o coloca no topo dos elétricos mais rápidos, mas é muito bom, ainda mais pela forma como ele entrega potência, se adaptando ao jeito de dirigir pelas possibilidades de configuração e modos de condução.
Na maior parte do tempo usei o modo Efficient, que mescla um uso mais eficiente com a entrega de um desempenho mais que suficiente para qualquer situação do dia a dia. Em condições normais, a potência entregue é de 272 cv, sendo que os 313 cv são liberados quando você ativa o modo Boost pela borboleta no volante. Esse modo de potência total funciona por 10 segundos e pode ser ativado em qualquer modo de condução - não é necessário estar dirigindo no modo Sport.
Descrições à parte, o BMW iX2 é um elétrico competente ao dirigir. Agrada pela pegada do volante, comportamento da direção e suspensão bem calibrada que, mesmo com as rodas aro 20", não penaliza ao dirigir nas ruas castigadas dos nossos bairros, enquanto parece manter o carro sobre trilhos ao fazer curvas em estradas. Poucos elétricos atingem esse patamar de versatilidade no uso. Um detalhe interessante: a BMW agora ativa como padrão o farol alto de LED adaptativo, demonstrando confiança em sua capacidade de evitar o ofuscamento de outros veículos.
Uma característica que faz diferença e vem sendo aprimorada nos veículos elétricos da BMW é a regeneração de energia no modo adaptativo, que aplica a frenagem de acordo com as condições de trânsito e topografia. Dirigindo, a sensação é de ter um "auxiliar" na condução, mas diferentemente do controle cruzeiro adaptativo ou algo do tipo, ele atua de forma sutil, sem incomodar, apenas 'calibrando' as reduções para melhor eficiência energética. Vale destacar, o iX2 também possui modo B, para condução One Pedal, que funciona de forma convincente para a proposta.
No entanto, apesar de todos esses recursos, o iX2 atingiu um consumo médio de 5,2 km/kWh em nosso teste, o que não é um número exatamente baixo para um veículo elétrico nessa faixa de potência, mas não chega a comprometer. Num uso mais urbano e com moderação, conseguimos um alcance de 330 km com uma carga, desta vez na mesma faixa dos dados oficiais pelo padrão Inmetro, que é de 337 km extraídos da bateria que tem 64,7 kWh de capacidade líquida.
Em situações limite, de baixa autonomia e indisponibilidade de pontos de recarga, pode-se usar o modo de condução Max Range, que pode aumentar a autonomia em até 25% por meio da otimização do consumo de energia. Por fim, o iX2 se vale dos ótimos assistentes de condução, que atuam de forma precisa quando ativados e também pelo head up display, que adiciona informações sobre o trajeto, se tornando ainda mais útil.
E voltando à questão da bateria, o tempo de recarga varia de acordo com a fonte de energia: em corrente alternada (AC), a recarga completa pode levar até 11 horas com o carregador padrão ou 6 horas com o carregador opcional de 11 kW - o iX2 está habilitado para recarga com 22 kW AC, o que facilita a vida ao usar os tradicionais carregadores AC nas cidades. Já em corrente contínua (DC), a bateria pode ser recarregada de 10% a 80% em apenas 31 minutos em estações de recarga rápida de 130 kW.
Galeria: Teste BMW iX2 xDrive30 (BR)
Vale o preço?
Custando R$ 446.950, o BMW iX2 xDrive30 não chega a ser acessível, mas é um modelo interessante dentro do portfólio da BMW para quem quer sair da abordagem mais tradicional do iX1, mas mantendo as mesmas qualidades técnicas e adicionando uma dose de perfil esportivo. Bem acabado, bom de dirigir e com farta lista de tecnologia e conforto, o SUV cupê elétrico só fica devendo uma autonomia na vida real maior.
Olhando para fora, não temos muitos rivais diretos, já que o Mercedes-Benz EQA 250 briga mais diretamente com o BMW iX1 xDrive20, menos potente. Sobra o Volvo C40 Recharge (R$ 418.950) na versão de motor duplo com 408 cv, que ganha em potência e autonomia, mas perde em refinamento e dirigibilidade para o modelo da casa bávara.
No fim, tudo é uma questão de escolha, mas é fato que a BMW vem acertando mais que as outras marcas premium com sua abordagem mais convencional para os veículos elétricos, arriscando menos e explorando seus pontos fortes.
BMW iX2 xDrive30