Ainda que as vendas de carros elétricos sejam bastante tímidas no Brasil se comparado a mercados como Europa e China, o país pode, eventualmente, assumir uma posição de destaque na cadeia produtiva desse tipo de veículo por outro meio: a oportunidade virá do crescimento da demanda por matérias-primas para a fabricação de baterias.
Segundo estudos de organismos como Agência das Nações Unidas para o Comércio e o Desenvolvimento (UNCTAD) e Agência Internacional de Energia (AIE), entre outros órgãos ligados ao setor, o mercado de veículos eletrificados (híbridos plug-in e elétricos) deve apresentar um crescimento exponencial nos próximos anos, com previsão de chegar ao ano de 2040 com 343 milhões de veículos desse tipo circulando no mundo inteiro.
Tudo isso irá gerar nos próximos anos uma demanda em escala global sem precedentes por matérias-primas e componentes para baterias, entre eles o níquel e o grafite. Nesse cenário, é importante destacar que o Brasil é um dos maiores produtores mundiais dos principais minérios utilizados na produção desse componente que é essencial para os veículos eletrificados.
As principais montadoras de veículos elétricos, especialmente a Tesla, têm mostrado bastante preocupação com o assunto. Recentemente, Elon Musk, CEO da Tesla, durante uma teleconferência de resultados da empresa disse o seguinte: "A Tesla lhes dará um contrato gigante por um longo período se vocês produzirem níquel de maneira eficiente e ambientalmente correta".
Esse apelo se dirige às grandes mineradoras, o que naturalmente inclui a brasileira Vale, que é nada menos que a líder mundial na produção de níquel, um minério tão fundamental para a produção das baterias, pois aumenta a sua densidade e, consequentemente, sua capacidade de armazenar energia. Musk acredita que o preço da matéria-prima ainda continua alto e impede uma redução no valor final dos carros elétricos que permita a sua popularização.
A depender da posição da Vale, essa 'corrida pelo níquel' pode colocar o Brasil no mapa da cadeia de produção durante essa transição da matriz energética da indústria automotiva para a mobilidade elétrica. E parece que vai: de acordo com a matéria publicada no OGlobo, a gigante mundial quer ampliar sua capacidade de produção de acordo com Mark Travers, diretor de Metais Básicos da companhia.
O executivo afirma que a Vale produz matérias primas como níquel, cobalto e cobre, e que pode contribuir para iniciativas de energia limpa, incluindo a produção de baterias para veículos elétricos, infraestrutura de armazenamento de energia e renováveis. Por fim, afirma que a companhia pretende se tornar carbono neutro até 2050 e que pretende investir US$ 2 bilhões em projetos com essa finalidade nos próximos anos.
No entanto, para ocupar um lugar de destaque o país não deve se manter apenas como mero fornecedor de matérias-primas e sim, desenvolver ao mesmo tempo um parque industrial de produção de baterias e componentes para veículos elétricos. Temos alguns exemplos como a britânica Oxis Energy, com a futura fábrica que será instalada em Juiz de Fora (MG) e também da chinesa BYD, com suas unidades em Campinas (SP) e a recém-inaugurada fábrica para a montagem de baterias para ônibus elétricos em Manaus (AM).
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