A General Motors está acelerando o seu futuro eletrificado. Para não ficar só no discurso, a montadora nos convidou para uma verdadeira imersão em seu Tech Center localizado em Warren, Michigan. Além de conhecer os laboratórios e conversar com os líderes de desenvolvimento de eletrificação da companhia, também entrevistamos Marina Willisch, Vice-Presidente de Comunicação da General Motors para a América Latina.
Plataforma Ultium: a revolução pela simplicidade
Já falamos diversas vezes sobre a plataforma Ultium da GM por aqui. Modular, será a base dos futuros carros elétricos de todas as marcas da GM, com uma flexibilidade impressionante. Agora vamos tentar mostrar um pouco do que conhecemos na prática.
![Evolução do GM Tech Center - Laboratório de baterias](https://cdn.motor1.com/images/static/16x9-tr.png)
Eu já estive anteriormente no Tech Center, época de lançamento do Chevrolet Spark EV, Volt e antes da chegada do primeiro Bolt. No laboratório de desenvolvimento de baterias, vi um processo quase que artesanal. Tivemos acesso, desta vez, à célula de primeira geração (P1.5) utilizada no Chevrolet Volt, que possuía 15.7 Ah. Já a segunda geração (P2.7) do segundo Volt tinha 25.9 Ah, com o mesmo tamanho. Passando para as células utilizadas no Bolt, o salto já foi impressionante. Batizada de N2.1, a célula tinha pouco mais da metade do tamanho e capacidade de 58.4 Ah.
![Células de baterias do Volt, Bolt e Ultium](https://cdn.motor1.com/images/static/16x9-tr.png)
Agora, a célula de bateria Ultium é um pouco mais longa que a do Bolt e armazena 100 Ah. É quase a mesma densidade de energia, mas com muito mais flexibilidade e versatilidade. São compostas por uma química de última geração de Níquel-Cobalto-Manganês-Alumínio (NCMA), projetadas para reduzir o conteúdo de cobalto em mais de 70%. Desenvolvidas "em casa" pela GM, são fabricadas pela LG.
![Célula de bateria Ultium e pacote aberto para mostrar a sua disposição interna](https://cdn.motor1.com/images/static/16x9-tr.png)
O grande diferencial em relação aos concorrentes é a possibilidade da montagem dos pacotes posicionando as células na vertical ou na horizontal. Desta forma, a GM tem a flexibilidade de aplicar pacotes mais finos no assoalho todo, ter mais capacidade de armazenamento com a montagem em "dois andares" como no GMC Hummer ou até mesmo criar em módulos verticais, caso de futuros esportivos que exigem centro de gravidade mais baixo.
Outro diferencial é o gerenciamento Wireless das baterias. A GM é a primeira montadora a monitorar cada célula das baterias de forma individual, com os dados sendo enviados para a central do carro, e caso necessário, para a GM via telemática. Isso garante o rápido monitoramento da saúde da bateria, redução de custo e identificação de eventuais falhas.
![Teste de temperatura (alta e baixa) das baterias do GMC Hummer](https://cdn.motor1.com/images/static/16x9-tr.png)
Ainda no laboratório, diversos equipamentos aplicam testes severos nas baterias já montadas. Vimos de perto os módulos abertos e já fechados do Cadillac Lyriq e também a monstruosa bateria de dois andares do GMC Hummer. O que me impressionou foi o crescimento acelerado do Centro e da sua capacidade. Assim como os carros são testados nas ruas, a GM testa as baterias em inúmeras situações de uso, temperatura e clima. Tem até "mega shaker" em que as baterias encaram simulações de terrenos acidentados em lugares quentes e com carga de energia como no uso real.
Próxima geração da Ultium ainda mais eficiente
Depois dos laboratórios, tivemos contato com Tim Grewe, Diretor Geral da Estratégia de Eletrificação e Engenharia de Células da GM. O executivo falou rapidamente sobre a evolução das células, conforme falamos acima, e também um pouco do futuro. Embora muitos carros que utilizarão a plataforma Ultium não tenham sido nem revelados, a GM já trabalha na próxima geração da arquitetura. O objetivo agora é dobrar a densidade de energia das células e reduzir o custo em até 60% do que a Ultium atual. Um dos caminhos para isso é reduzir ainda mais o uso do cobalto.
![Tim Grewe - General Director Electrification Strategy and Cell Engineering at General Motors](https://cdn.motor1.com/images/static/16x9-tr.png)
Se você está pensando num prazo longo, Grewe indicou que essa nova evolução não deve demorar, com expectativa de que esteja pronta entre 2 e 3 anos. Sobre a demanda de minerais, explicou que a GM já tem acordo com fornecedores de vários lugares, o que inclui América do Sul e Ásia, para suprir 120% da demanda de produção de baterias nos próximos anos.
Outro ponto que ajudará a reduzir ainda mais o custo é justamente a utilização em massa da plataforma Ultium, que associada aos 5 motores elétricos já desenvolvidos, consegue atender praticamente qualquer tipo de modelo. A GM já tem pronta a plataforma, os pacotes de baterias, motores elétricos para tração dianteira, tração traseira ou tração integral, de alto desempenho e até para modelos superesportivos. Segundo Grewe, essas opções disponíveis reduzem em até 40% o tempo de desenvolvimento de novos carros.
GM acelerando o futuro
Durante a nossa visita à GM em Warren, também tivemos a oportunidade de bater um papo com Marina Willisch, Vice-presidente de Relações Governamentais e Comunicação da General Motors América do Sul, para trazer uma visão ainda mais precisa sobre este momento da General Motors.
Motor1: O que a plataforma Ultium significa para GM?
Marina: "É um marco para indústria, é um marco para a GM, é o marco da transformação nossa indústria. Com os veículos à combustão, você tinha um desenvolvimento para cada veículo. Com a plataforma Ultium, onde a gente consegue usar esta mesma plataforma para todos os modelos de carros elétricos daqui para frente, a gente vai conseguir ter uma aceleração do desenvolvimento e essa transformação vai acontecer muito mais rápido e de forma muito mais acessível.
A inovação e genialidade dela está na simplicidade da ideia de se utilizar uma plataforma para tudo. Com essa plataforma você coloca em cima dela o GMC Hummer, Chevrolet Blazer, uma Silverado, um Equinox e assim por diante. O que muda são os packs (pacotes), o quanto de capacidade de bateria você coloca (para aquele carro).
No Hummer você vai ter 2 andares de packs de baterias, para Silverado é praticamente a metade. Então, isso primeiro vai viabilizar o EV que hoje já existe, mas vai fazer com que a gente consiga fazer isso em massa, vai baratear o custo porque desenvolvimento de bateria é o mesmo para todos os tipos de veículos e isso vai fazer com que a gente consiga colocar qualquer carro em cima dessa plataforma".
![Plataforma Ultium e o conceito do Cadillac Lyriq ao fundo](https://cdn.motor1.com/images/static/16x9-tr.png)
Motor1: O Tim disse que o desenvolvimento dos carros é mais rápido. Vocês já tem um exemplo disso?
Marina: "Hoje para você fazer um veículo a combustão são gastos em torno de 3 a 4 anos, porque tem que desenvolver todo o carro, fazer todos os testes de emissões, de motor, de transmissão, consumo... então toda vez temos que fazer tudo e isso chega a 4 anos de desenvolvimento. Com a plataforma Ultium, os EVs construídos a partir dessa plataforma, a GM vai levar 2 anos para fazer. Imagina só, o Cadillac LyriQ foi desenvolvido em 18 meses, o BrightDrop também em 18 meses, o GMC Hummer em 2 anos e meio.
Quando você adiciona velocidade ao desenvolvimento, primeiro você gasta menos recursos, menos horas de engenharia, menos dinheiro no geral para tudo e sobra recurso, tempo, dinheiro para pensar coisas novas, ou modelos novos, tecnologias ou capacidades no carro".
![Ultium Charge 360 - estações conectadas](https://cdn.motor1.com/images/static/16x9-tr.png)
Motor1: Quando os carros elétricos terão o mesmo preço dos carros à combustão?
Marina: "Antes de 2030 nós já teremos bateria com custo 60% menor de forma que os carros elétricos já estejam com o custo muito próximo aos modelos à combustão. Se você considerar todo o ciclo de vida, custos de manutenção e abastecimento mais baratos terá um resultado num custo total igual ou menor.
Este é o futuro que a gente está acelerando. O futuro que a gente estava imaginando lá em 2040, estará pronto daqui a 5 ou 6 anos".
Galeria: GM Tech Center - Warren - Estados Unidos
Saltos visíveis
Ainda não conseguimos ver essa evolução no Brasil. O que posso dizer do que vi lá no quartel general da GM é que o futuro elétrico - em massa - está muito próximo. Quando as montadoras começaram a trabalhar nos carros elétricos com mais intensidade, a primeira barreira era a bateria. Claro, as montadoras sempre foram especialistas em desenvolver chassis, carrocerias e motores. De repente, veio a necessidade de baterias. Baterias que a indústria não tinha e acabou adaptando soluções existentes, como por exemplo, módulos com várias pilhas. Sim, pilhas! Destas que vão nos rádios de pilha.
A grande sacada da GM foi identificar essa transição e mergulhar de vez no desenvolvimento deste futuro. Pode até parecer que as suas marcas estão demorando para colocar modelos elétricos em todos os segmentos, mas a verdade é que a GM está se preparando uma invasão em massa. Plataforma única, módulos prontos, motores elétricos para escolher e tempo de desenvolvimento mais curto. Tudo isso com tecnologia feita em casa, proprietária e patenteada.
Desde o Spark EV que dirigi lá em Detroit, depois o Bolt e agora os novos modelos - sim, já dirigimos o Cadillac Lyriq e até o GMC Hummer Pick-up, o salto de evolução é visível. Visível na tecnologia das baterias, na qualidade dos carros, na autonomia e tecnologia. A boa notícia é que podemos fazer parte disso tudo aqui no Brasil.