A GM possui um plano de transição energética que está entre os mais estruturados, considerando as principais montadoras. E também um dos mais ambiciosos, ao definir como meta a produção exclusivamente de veículos elétricos em termos globais a partir de 2035.
Nesse sentido, a montadora norte-americana, que tem adotado um discurso mais alinhado em termos globais para um futuro elétrico, é apoiadora das políticas de incentivo para os veículos elétricos em todos os mercados.
E segundo a reportagem publicada pelo site Automotive Business, aqui no Brasil, Santiago Chamorro, presidente da GM na América do Sul, afirmou que a empresa é contra o fim do imposto de importação com alíquota zero para carros elétricos, ao menos por enquanto.
“Fechar as fronteiras para os veículos no país é fechar as fronteiras para que o consumidor possa experimentar esse tipo de tecnologia e também os benefícios para o meio ambiente”, disse Chamorro.
“Esse mercado avança porque há incentivos. Não é bom retirá-los”, complementou.
O executivo falou sobre o assunto durante uma coletiva realizada para os concessionários na última sexta-feira (10). Essa fala diverge da Anfavea, que representa os fabricantes automotivos no país. Também na semana passada, a entidade havia questionado o 'imposto zero' para a importação de carros elétricos no Brasil e sugeriu abrir uma discussão com o governo federal para a criação de uma nova regra.
Chevrolet Blazer EV
Considerando os números de 2022, o mercado de carros elétricos a bateria representou apenas 0,4% de participação nas vendas totais - foram 8.458 emplacamentos de modelos zero emissão para um total de mais de 2 milhões de automóveis e comerciais leves vendidos no ano passado. Ainda é muito pouco.
No entanto, o crescimento das vendas de elétricos tende a se tornar exponencial nos próximos anos, e isso preocupa a indústria nacional, que prevê um número crescente de carros elétricos importados chegando ao país.
Chevrolet Equinox EV 2024
Mas voltando à GM, a opinião é coerente com sua estratégia de transição energética, que não irá investir em modelos híbridos e defende uma mudança direto para os veículos elétricos, seja nos principais mercados ou aqui no Brasil.
Por outro lado, grandes grupos automotivos e montadoras que atuam no país, como Stellantis, Volkswagen e Toyota, defendem um papel de maior peso para os modelos híbridos e híbridos flex, por exemplo, considerando as características do país. Nesse ponto, Chamorro não despreza o carro híbrido, mas deixa claro que o carro elétrico é melhor para o meio ambiente.
Atualmente, a GM vende apenas um carro elétrico no Brasil, o recém-atualizado Chevrolet Bolt. Mas a partir desse ano a linha será ampliada com a chegada de novos modelos: Bolt EUV, Equinox EV e Blazer, os três já confirmados de forma oficial para o nosso mercado.
O executivo também garante que a GM irá produzir carros elétricos no Brasil, embora reconheça que ainda levará um tempo até que isso ocorra. Chamorro destaca que o país é uma fonte rica de metais utilizados na produção de baterias.
“Acreditamos que, com boas políticas governamentais, podemos avançar neste sentido. Precisamos de uma política de industrialização de veículos elétricos, o que ainda não existe. Há um rascunho, por meio do capítulo 4 do Rota 2030, mas tem que se estabelecer um horizonte para a produção [nacional]”, enfatizou.
No final, Chamorro avaliou que a demanda por carros elétricos justificará sua produção aqui no país. Essa conclusão tem como base pesquisas com consumidores brasileiros, que enxergam o carro elétrico como a opção mais adequada para a transição energética, ponderando que ainda existe uma grande diferença de preço na comparação com os modelos a combustão.
A visão é a de que haverá uma transição gradual, onde carros elétricos e a combustão irão conviver por um bom tempo, com ambos sendo produzidos no país. A GM entende que é muito difícil para o Brasil oferecer subsídios e incentivos no mesmo nível que Europa, China ou Estados Unidos, mas ainda assim o governo pode adotar estímulos para que o consumidor troque seu antigo modelo a combustão por um veículo “tecnológico e amigável ao meio ambiente” como o 100% elétrico.
Fonte: Automotive Business
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