Sempre destacamos as vantagens ambientais da transição energética, mas ela pode ter outras implicações que vão além de melhorar a qualidade do ar dos centros urbanos. Na verdade, existem efeitos positivos sobre as finanças dos municípios e das empresas, conforme um estudo da KPMG.

A organização realizou uma pesquisa global chamada “Net Zero Readiness Spotlight: Cities” sobre como as administrações das cidades têm lidado com o tema da descarbonização. Segundo a companhia, a maioria das cidades no mundo colocou em prática planos ambiciosos e ações climáticas de emergência para zerar as emissões de gases de efeito estufa e cumprir o Acordo de Paris sobre o clima.

Renault Zoe: viagem de carro elétrico - trânsito em SP

Embora essas medidas possam ser afetadas por barreiras financeiras, políticas e regulatórias, e prioridades conflitantes, as cidades devem alavancar tecnologias, orçamentos, políticas verdes, parcerias e novos modelos de governança para influenciar a redução das emissões. Assim, as cidades precisam agir para descarbonizar as principais cadeias de suprimentos e utilizar cenários urbanos e regionais para retirar carbono da atmosfera.

Segundo o estudo, engajar cidadãos ajuda na aceleração da ação climática, sendo que os centros urbanos concentram mais de 50% da população mundial, 80% do PIB global e mais de 70% das emissões anuais de carbono. A estimativa, segundo a companhia, é que 70% da população mundial viverá nas cidades até 2050, o que aumentará a demanda por infraestrutura de energia. Pensando nisso, a KPMG listou 5 etapas para a descarbonização para as cidades:

1- Atração de investimentos do capital privado

Os recursos financeiros necessários para uma transição global ao carbono zero precisam vir também do capital privado, além de cidades e governos nacionais, para, assim, facilitar as transições físicas e econômicas. Pensando nessa tendência, o mercado financeiro sustentável está se expandindo e essa nova categoria de investidores, chamados investimentos mistos, buscam catalisar a descarbonização integrando a tríade de clima, finanças e tecnologia.

2- Operacionalização de ações justas pelo clima urbano

É necessário que as cidades assegurem que a equivalência climática não seja somente reconhecida, mas também se torne um procedimento que garanta ganhos sobre as ações climáticas com redistribuições eficazes. Para isso, é preciso exigir novas soluções e parcerias.

3- Criação de colaborações inovadoras e de parcerias

Para zerar as emissões de gases de efeito estufa, as cidades precisam integrar setor privado, governos estaduais, governo nacional, organizações não governamentais e outros parceiros. As parcerias, além de cruciais, também devem priorizar a colaboração com as comunidades considerando que políticas, projetos e iniciativas podem ser executados localmente para mitigar riscos e ampliar a participação da sociedade.

4- Utilização de ferramentas de dados corretos para integrar políticas

Grandes centros urbanos precisam avaliar e monitorar os resultados de suas ações de mitigação e adaptação. Para isso, o big data e a inteligência artificial (IA) se mostram como ferramentas cruciais para alcançar as metas das cidades. Para gerir os dados, as estruturas públicas municipais, estaduais e federais precisam operar integrados. Dito isso, os dados e as informações precisam ser reforçadas no nível municipal para ajudar a assegurar uma transição organizada para o carbono zero.

5- Aceleração da ação carbono zero com alavancagem da tecnologia

Os relatórios mais recentes do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas enfatizam a importância das tecnologias de emissões negativas, que se mostram essenciais para as cidades zerarem as emissões de gases de efeito estufa. Segundo o painel, aproximadamente 50% das emissões deveriam ser cortadas para que o carbono zero possa ser uma realidade. Por esse motivo, as cidades precisam de pesquisa para desenvolverem tecnologias que correspondam às atuais necessidades.

Fonte: KPMG